Hoje o mundo vive uma grande virada e uma grande mudança em vários sentidos. Infelizmente, quase tudo é para pior. Bem diferente do que ocorreu hoje, quando o basquete brasileiro fez bonitos nas Olimpíadas ao reverter de forma honrada um placar desfavorável, o mundo consegue aumentar cada dia mais o próprio nível de imundície.
Especialmente, como é desgostoso ver crianças de 10, 11 anos, se comportando como se já fossem adultos! É das coisas mais bizarras desse "admirável mundo novo". Não existe mais infância, não existem mais crianças. Claro que estou exagerando com fins literários, graças a DEUS ainda existem muitas crianças, meus dois sobrinhos mais novos são crianças no sentido completo da palavra e eu os amo demais, sou apaixonado por aqueles garotos, tenho minhas crianças da catequese, também crianças no sentido completo da palavra, puras, inocentes, impressionantes, seus rostos leves pela falta de malícia em seus olhos.
Sei, porém, que a realidade é esmagadoramente diferente do que tenho a divina graça de experimentar em meu refúgio de paz que é a Santa Igreja e no reduto de seriedade no que tange à criação que se tornou (não era) a minha família. E sei pelo simples motivo de que não preciso ir longe para ver crianças que são verdadeiros adultos em miniatura, e não porque são sábios, aliás os adultos em sua maioria também não são sábios, mas porque são maliciosas, capciosas, dúbias, mesmo.
Também, não é pra menos. Vivemos, sem dúvida, uma péssima época para educar as crianças. A começar pelo fato de que as pessoas não querem mais ter filhos, não querem mais a responsabilidade de criar outro ser humano! A maternidade deixou de ser vista como uma nobre vocação, como uma coisa boa, uma oportunidade de dedicar amor e dedicação a outro ser humano, e se tornou uma verdadeira maldição para a geração atual.
Os filhos deixaram de ser uma coisa boa, deixaram de ser a oportunidade de crescer como ser humano, e passaram a ser encarados como algo que me impede de curtir a vida e de crescer profissionalmente. Filhos significam responsabilidade e, meu Deus, como é irresponsável essa geração!
Filhos também significam pulso, e como essa geração é pródiga em gente sem pulso, em frouxos, em verdadeiros "bundões", para me servir de termos corriqueiros entre as massas! Vivemos em uma verdadeira indústria da fantasia, do conto de fadas. Todo mundo quer um palácio, um carrão, um lugar ao sol, todo mundo quer benefícios, vantagens, facilidades e prazer, mas não que mover um dedo para conseguir.
Tudo tem que ser fácil, de primeira, instantâneo. Qualquer revés é motivo para desistir, inclusive da própria vida. Tem menininha aí que com 17 anos já cortou os pulsos 3 vezes, as três porque o namorado a trocou por outra. Qualquer "não", qualquer porta fechada na nossa cara, e pronto, a gente se encolhe em posição fetal e fica ali parado até morrer.
O medo é um verdadeiro ditador entre nós! Tudo é uma questão de planejamento contra perdas, tudo é calculado para evitar surpresas. Toda exposição é vista de forma negativa, toda sinceridade é vista como o ato de uma pessoa insensata que se expõe diante de uma horda de inimigos ocultos.
Como, como esperar que surjam boas crianças, e consequentemente bons adultos de um ambiente como esse, cheio de loucuras, cheio de raciocínios frívolos, de verdadeiro absurdos encarados como normalidade? Tudo é sobre festas, tudo é sobre banquetes, tudo é sobre solenidades, ritos de passagem, como se a realidade fosse sei lá, apenas algo irrelevante, que não vale a pena ser vivido, apesar de ser exatamente a nossa vida.
Quando será que você viu pela última vez um pai que tirou sua criança da frente de uma televisão e de seus enlatados, e o viu conduzir seu filho para um parque, nem que seja para ver uma borboleta? Cara, na boa, o que é a novela das oito, por exemplo, em comparação com a maravilha do voo de uma borboleta, com a infinitude das suas cores, com a leveza do seu ser? Será mesmo um seriado americano tão irresistível que não possa de modo algum fazer fronte ao espetáculo gratuito de uma nascente, de um curso de águas límpidas correndo em seu leito tranquilo?
Melhor ainda, quando foi que você viu pela última vez um PAI ter a iniciativa de sair, ele, mesmo, da frente da televisão, do computador, e ir ver um pouco do que a vida realmente tem a oferecer? Quando é que você foi à praia pela última vez? Quando é que deu um bom mergulho no mar, se deixou levar pelas ondas suaves quebrando na praia?
São perguntas que realmente precisamos nos fazer, sabe. Porque senão o tempo passa e um dia a gente olha pra si mesmo e diz: CARA, QUE EU ESTOU FAZENDO DA MINHA VIDA? Pelo menos eu, que ainda sou jovem, às vezes me pergunto isso, sabe. E pra quem é velho e já vê o tempo se acabar, e aí a pergunta já é O QUE EU FIZ DA MINHA VIDA (?), e que coisa realmente digna de pena deve ser você acordar com 70, 80, 90 anos e perceber que a tua vida passou e você não fez rigorosamente nada.
Bento XVI, em um de seus inúmero postulados de sabedoria típicos do Vigário de Cristo, disse que "a sociedade está doente". Pois eu concordo e ainda acrescento: a sociedade está MUITO doente, está tão doente que já está perdendo a lucidez. Estamos diante de um ponto crítico, que é o de ver que as últimas pessoas testemunhas e divulgadoras dos valores do mundo antigo estão envelhecendo e morrendo, e sendo substituídas por umas pessoas cuja moralidade é tão volátil quanto um tanque de gasolina no meio de um armazém em chamas.
Eu só digo uma coisa. Quem planta colhe, e essas duas últimas gerações que eu vi crescer, minha nossa, que plantação SINISTRA. Quando as árvores começarem a dar fruto, sai de baixo, sai da frente, sai de qualquer lugar dentro da zona de ação dessas pessoas, porque a coisa não vai ser bonita, olha, não vai ser mesmo.
Eu tenho de concordar, infelizmente, com tudo o que dizes. É a realidade plena, e isso entristece muito.
ResponderExcluirMas, como tua amiga que sou, posso te dar algum brilhinho, posso? Esperança é a moeda dos sonhadores.
O Pai não abandonará seus filhos. Quem seguir ter Família, filhos no amor de Deus, será bem-aventurado. Tende fé e esperança, meu amigo.
Porque, no fundo, eu também tenho fé no Amor, na humanidade. E crer junto com alguém nisso, faz da crença algo maior e mais palpável, realizável.
Parabéns mais uma vez. E obrigada.