Translate

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Um francês que merece o meu respeito

Cada vez mais vou percebendo que escolhi a nação errada para implicar. Quanto mais vou mergulhando nos estudos da história, da fé e do Direito, mais vou percebendo como o ocidente deve muitos dos seus maiores pensadores à Gloriosa Nação Francesa, motivo pelo qual vou ficando cada vez mais desanimado para tirar onda com eles.

É, na verdade, uma grande dificuldade proceder a essa atitude. Os caras tem os melhores restaurantes do mundo (segundo eles mesmos, mas isso é outra história), uma bandeira super estilosa e maravilhosos monumentos construídos com o ouro que saiu das Minas Gerais para pagar as dívidas de Portugal, a metrópole mais endividada de que jamais se teve notícia.

Possuem, ainda, uma série enorme de outras coisas mais, coisas pelas quais sou verdadeiramente apaixonado. Possuem Carlos Magno e Rolando Orlando, possuem alguns Papas em sua história, inclusive a sede da Igreja Católica Apostólica Romana foi, durante alguns pontificados, não em Roma, mas na França! Na época da Peste Negra, por exemplo, o Para não morava em Roma, mas em uma cidade francesa da qual não me recordo, sobrevivendo à peste enquanto o mundo ao seu redor morria sem explicação aparente.

Talvez por isso, mesmo, por serem uma nação tão repleta de histórias, de virtudes e feitos gloriosos para contar, não sendo o menor deles a construção de Notre Dame, a grande catedral da França (Notre Dame, para quem não sabe, quer dizer, literalmente,. " Nossa Senhora"), insuperável em tamanho, porém em beleza talvez ofuscada por Chartres, a mais bonita catedral do mundo, segundo os próprios franceses, é lógico, que os mesmos acabem sendo tão metidos, de vez em quando, narizes empinados e enormes.

O próprio Luis Fernando Veríssimo, autor fantástico, comentou, certa vez, em um de seus contos, como perdeu muitos amigos materialistas ateus para o cristianismo quando esses mesmos amigos foram visitar a lendária Catedral, a qual, segundo o autor de Porto Alegre, tem o condão de converter instantaneamente qualquer ateu minimamente dotado de algum grau de misticismo. Talvez por isso mesmo, ele jamais tenha se atrevido a passar por lá. Ateu há muitos anos, deve estar velho demais para encarar o perigo da mudança. Mas isso são apenas especulações, e não gosto de especular. Voltemos, pois, ao texto corrido.

Hoje, quero me render diante de vocês diante de mais um francês fenomenal, que há muito é alvo de meu afeto como ser humano, porém sobre o qual apenas recentemente me dispus a estudar um pouco mais. Em meio a avalanche de conteúdo em que estou absorto (teologia da libertação, demonologia, macumba, socialismo aplicado ao cristianismo e outros temas sobre os quais a Igreja recomenda firmemente que se reze fervorosamente antes de ler sobre), muito me alegrou poder saber um pouco mais da vida desse homem.

Trata-se do pediatra Jérôme Lejeune, um dos maiores geneticistas da história e um grande exemplo de catolicismo, assim como o sempre admirável Charles Monstesquieu. Esse cara é simplesmente um dos maiores geneticistas de todos os tempos. Ele simplesmente descobriu o cromossomo da Síndrome de Down, o que por si só já bastaria para torná-lo um entre os grandes da história.

Entretanto, como todo grande ser humano, não se contentou com isso e sequer o estou homenageando. Ao contrário, seu brilhantismo como cientista foi, a meu ver, superado por seu brilhantismo maior ainda como católico e como ser humano. Pediatra,como já disse, passou a vida inteira cuidando de crianças, particularmente das pobres que não tinham dinheiro para bancar o orgulho inchado dos médicos franceses (imagine só. Se o médico normal já é, GERALMENTE, metido e esnobe, imagine só o médico FRÂNCES. Meu Deus! Eu, pelo menos, nem quero imaginar! Sai pra lá, coisa ruim!).

Além disso, foram seus discursos e opiniões que motivaram de forma toda especial, além da bíblia, é claro, os movimentos católicos anti-aborto, especialmente os mais recentes. Claro que todo cristão minimamente comprometido com o Evangelho é contra o aborto, é condição si ne qua non para o exercício do cristianismo, sendo que o aborto é causa excomunhão na Igreja Católica, como todos bem devem saber.

Trago algumas das valiosas reflexões desse homem, que tanto inspira aos católicos, inclusive ao meu pároco, que não cansa de citá-lo em seus sermões:

" Penso pessoalmente que diante de um feto que corre risco, não há outra solução se não deixá-lo correr esse risco. Porque, se se mata, transforma-se o risco de 50% em 100%, e não se poderá salvar em caso nenhum. Um feto é um paciente, e a medicina é feita para curar...Toda a discussão técnica, moral ou jurídica, é supérflua: é preciso simplesmente escolher entre a medicina que cura e a medicina que mata."

Diz ainda o sábio médico, esse, sim, discípulo de Cristo, o Médico dos médicos:

 " Um único critério mede a qualidade de uma civilização: o respeito que ela prodiga aos mais fracos dos seus membros. Uma sociedade que se esquece disso está ameaçada de destruição. A civilização consiste, muito exatamente, em fornecer aos homens o que a natureza não lhes deu. Quando uma sociedade vira as costas aos deserdados, ela vira as costas à civilização."

O Doutor  Jérôme Lejeune será, em breve, beatificado pelo Vaticano. Seu nome passará a fazer parte da gloriosa tradição da Igreja, por excelência a família de Cristo, onde todos, independente de origem, condição, força, altura e o escambau, tem o seu lugar garantido.

Em meio a um mundo destroçado pelo relativismo, pela seleção racial, pelo pensamento evolucionista levado ao extremo e pelo avanço do eugenismo na Europa, que bom saber que, não muito tempo atrás, um homem que é sem dúvida um dos maiores de nossa espécie em todos os tempos teve a coragem de defender tudo aquilo pelo qual vale a pena lutar, a saber, o maior bem que um home  possui, que é a sua própria vida.

Fico, portanto, muito feliz em poder fazer essa modesta homenagem a um homem que merece nossos respeito e admiração. Se não por concordarmos com ele, ao menos por admirarmos sua convicção.

Que Deus nos mande mais médicos, advogados, engenheiros, pedreiros, marceneiros, motoristas, marinheiros...como ele. Estamos precisando desesperadamente. Pois como o próprio Mestre disse uma vez:

"Enviai, Senhor, operários para a messe. Pois a messe é grande e poucos são os operários." (Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus, Capítulo 9, versículo 38)

3 comentários:

  1. É o que eu sempre digo: Os franceses são ONDA mano! uahauhaua ( brincadeira, o texto está muito bom, gostei bastante) : )

    ResponderExcluir
  2. A cidade é Avignon, salvo engano! Mais tarde volto pra dar um comentário mais complexo. Abraços.

    ResponderExcluir
  3. Exatamente! Avignon, não muito longe de Paris! Isso ocorreu quando o Para era meio que prisioneiro do Rei da França; Eu me lembrava que era algo com "on" no final, mas estava em dúvida entre Avignon e Lion. Agora que o meu amigo historiador de sofá assim como eu esclareceu esse ponto obscuro, a felicidade reina pacífica, finalmente, nesse post. : )

    ResponderExcluir