Translate

sexta-feira, 2 de maio de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE A MODÉSTIA - PARTE 2


Antes de mais nada, para quem pegou o bonde andando, esta postagem é na verdade a continuação de outra, como o próprio título sugere. Qualquer coisa, é só checar a postagem anterior a essa. Continuemos.

Eu dizia na postagem anterior que ainda queria discorrer um pouquinho sobre uns pontos interessantes da modéstia. Aqui eu contei muito com a ajuda de outros blogs católicos, e no outro post, também. As referências estão todas lá no final, se alguém quiser se aprofundar no tema.

Este é um blog católico, é claro. E, como todo bom blog católico (eu mesmo elogiando meu blog, que horror), tem que falar algo de Nossa Senhora, Mãe de Jesus Nosso Senhor. 


O EXEMPLO DE NOSSA SENHORA: A MODÉSTIA FEMININA

As mulheres tem uma aliada muito poderosa para alcançar a virtude da modéstia, que é nada menos do que Nossa Senhora. Assim como os homens devem se espelhar de forma especial em Nosso Senhor Jesus Cristo, as mulheres não ficaram sem um exemplo a seguir. Imitando a Mãe de Jesus, que nos diz a respeito de seu filho “fazei tudo o que Ele vos mandar”, as mulheres encontrarão um exemplo seguro a ser seguido no caminho da salvação. 

É preciso meditar em todas as passagens nas quais Nossa Senhora aparece. Estudar suas atitudes, rezar o terço, o rosário. Contemplar e imitar o santo silêncio da Virgem, sua solidariedade, sua dedicação em servir aos outros. Sua humildade e a resignação com que suportou a espada que lhe perfurou o coração. Uma mulher parecida com Maria é uma mulher que leva todos aos seu redor para perto de Jesus. 

Nesse sentido, separei algumas falas de um autor a ser citado mais abaixo, e que me parecem muito oportunas e adequadas: 

“À imitação de Maria, evita as palavras duras..., bruscas..., malsoantes. Vê como a linguagem da tua Mãe é tranquila, afável, discreta, humilde..., tornando-se simpática e atraente pela doçura de voz..., pela bondade..., pureza..., caridade e até alegria santa das suas palavras. Tem cuidado, em especial, com as disputas e altercações; ainda que tenhas razão, deves moderar o teu juízo próprio..., cedendo, sem ser pertinaz nem ter cabeça dura...; é melhor ceder e calar com modéstia, que sair triunfante com teimosia e soberba.” 

Oras, como seria bom se hoje tivéssemos mulheres cristãs que se educassem nesse sentido! Ao contrário, o que vemos são cada vez mais mulheres grosseiras, bruscas, a ponto de afastar as pessoas ao seu redor. Todos devem ser gentis e educados, homens e mulheres. Mas em uma mulher, feita para ser doce e pura, tais desvios de virtude são especialmente reprováveis. 

Continuemos com trechos selecionados: 

“A pobreza da casa de Nazaré, própria duma operária, faz que nela tudo seja humilde e modesto em último grau... A simplicidade e modéstia do seu vestido, avalia pela extrema necessidade de Belém e verás como nem em casa de Maria, nem no enxoval e vestido, encontrarás coisa alguma que indique luxo..., afetação da sua pessoa..., comodidade de algum gênero. 

Nas suas viagens não usará carruagens, nem mesmo as mais modestas de então... O Evangelho nada mais diz senão que foi, por exemplo, à Judeia, com grande pressa..., pois a estimulava a caridade... Eis toda a sua preparação e equipagem...: uma pobre trouxa de roupa e muito amor de caridade para com Deus e para com o próximo... Que exemplo de simplicidade e modéstia!... Não é modéstia a falta de asseio..., o desarranjo no vestuário...; ao contrário, pode haver modéstia em meio de uma sóbria elegância, contanto que esta seja conforme o teu estado..., a tua condição... e as circunstâncias que te rodeiam...; mas nunca será compatível com o luxo..., com a vaidade dos vestidos... e menos ainda com qualquer defeito por pequeno que seja em matéria de honestidade.” 

(D. Ildefonso Rodriguez VILLAR. Pontos de Meditação sobre as Virtudes de Nossa Senhora. Tradução revista pelo Padre Manuel Versos Figueiredo, S. J. (s. e.) Porto, 1946, p.138-142)


DICAS PRÁTICAS DE MODÉSTIA COM RELAÇÃO AOS SENTIDOS HUMANOS 


Finalmente, para encerrar a breve explanação sobre esse tema, deixo aqui algumas dicas que encontrei no blog “Flores da Modéstia”, a respeito da mortificação os sentidos, algo de que se fala pouco, e que por isso mesmo achei que seria bom colocar aqui. Eu modifiquei um pouco e omiti algumas coisas, avisando desde já. O texto, porém continua NÃO SENDO MEU. Não quero violar os direitos autorais de ninguém. Hehehehehehe.

1. Mortificação da vista 

As primeiras setas que ferem uma alma casta e, às vezes, a matam, entram pelos olhos. Por meio dos olhos entram no espírito os maus pensamentos. "Não se deseja o que não se vê", diz São Francisco de Sales. 

2. Mortificação do ouvido 

Evita ouvir conversas inconvenientes ou difamações, e mesmo conversas mundanas sem necessidade, pois estas enchem nossa cabeça com uma multidão de pensamentos e imaginações que nos distraem e perturbam mais tarde nas nossas orações e exercícios de piedade. Se assistires a conversas inúteis, procura quanto possível dar-lhes outra direção, propondo, por exemplo, uma importante questão. Se isso não der resultado, procura retirar-te (...). 

3. Mortificação do olfato 

Renuncia a todos os vãos perfumes, sejam quais forem; suporta, antes, de boa vontade, o mau cheiro que reina em geral nos quartos dos doentes. Imita o exemplo dos Santos que, animados pelo espírito de caridade e mortificação, sentiam tanto gosto no ar corrompido das enfermarias, como se estivessem em jardins de flores odoríferas. 

5. Mortificação do paladar 

Quanto à mortificação do paladar, será bom desenvolver mais a fundo a necessidade e a maneira de nos mortificarmos nesse sentido. 

§5.1- Santo André Avelino diz que quem deseja alcançar a perfeição, deve começar com uma séria mortificação do paladar. Antes dele já o afirmara São Gregório Magno (Mor., 1. 30, c. 26): "Para se poder dispor para o combate espiritual, deve-se reprimir a gula". O comer, porém, satisfaz necessariamente ao paladar: não nos será, pois, lícito, comer coisa alguma? 

Certamente devemos comer: Deus mesmo quer que, por esse meio, conservemos a vida do corpo para O servirmos enquanto nos permite ficar no mundo. Devemos, porém, cuidar de nosso corpo do mesmo modo, diz o padre Vicente Carafa, como o faria um rei poderoso com um animal que ele, com as próprias mãos, tivesse de tratar várias vezes durante o dia; seguramente cumpriria o seu dever; mas, como? Contrariado e desgostoso e o mais depressa possível. "Deve-se comer para viver, diz S. Francisco de Sales, e não viver para comer". (XXX) 

Isso levou Santa Catarina de Sena a dizer: "É impossível que aquele que se não mortifica no comer, conserve a inocência, visto que Adão a perdeu em razão de seu gosto de comer". Como é triste ver homens "cujo Deus é o ventre" (Filip 3, 19). 

Primeiramente, obscurece esse vício o entendiemnto, como ensina S. Tomás, e o torna imprestável para os exercícios espirituais, particularmente para a oração. Assim como o jejum dispõe a alma para a meditação de Deus e dos bens eternos, assim a intemperança retrai disso. Segundo S. João Crisóstomo, aquele que enche o estômago com comidas é semelhante a um navio muito carregado, que apenas se pode mover do lugar: ele se acha em grande perigo de afundar, se uma tempestade de tentações lhe advêm. 

Além disso, quem concede toda a liberdade a seu paladar, facilmente estenderá a mesma liberdade aos outros sentidos, pois, se o recolhimento de espírito desapareceu, facilmente se cometem ainda outras faltas por palavras e obras. O pior é que, pela intemperança no comer e beber, expõe-se a castidade a um grande perigo. "Excessiva saciedade produz lascívia", diz S. Jerônimo (Adv. Jovin., 1. 

Os que cuidam em mortificar o paladar fazem contínuos progressos na vida espiritual. Adquirem mais facilidade em mortificar os outros sentidos e em praticar as outras virtudes. Pelo jejum, assim se exprime a Santa Igreja em suas orações, concede o Senhor à nossa alma a força de superar os vícios, de se elevar acima das coisas terrenas, de praticar a virtude e adquirir merecimentos infinitos (Praef. Quadrag.). 

b) Quanto à quantidade das comidas, diz São Boaventura: "Não deves comer mais, nem mais vezes, do que te é necessário para sustentar, e não para agravar, teu corpo". Por isso, é uma regra, para todos os que querem levar uma vida devota, não comer nunca até à saciedade, como São Jerônimo aconselhava à virgem Santa Eustóquio, escrevendo-lhe: "Sê sóbria no comer e nunca enchas o estômago". Alguns jejuam num dia e comem demais no dia seguinte; é melhor, segundo S. Jerônimo, tomar regularmente a alimentação necessária, do que comer demasiadamente depois do jejum. Com razão dizia um Padre do deserto: "Quem come mais vezes, tendo, apesar disso, sempre fome, receberá uma recompensa maior do que aquele que come raras vezes, mas até à saciedade". "Uma temperança constante e regrada, diz S. Francisco de Sales, é melhor que um rigoroso jejum de vez em quando, ao qual se faz seguir uma falta de mortificação" (Filotéia, p. 3, c. 23). 

Se alguém quer reduzir seu sustento à justa medida, convém que o faça pouco a pouco, até que conheça, pela experiência, até onde pode ir na mortificação sem se causar sensível dano. 

Contudo, todos devem tomar como regra o comer pouco à noite, mesmo quando lhes parecer que necessitam de mais; a fome de noite é, muitas vezes, só aparente e, se se passa um pouco só da justa medida, sente-se muito incômodo na manhã seguinte: sente-se dor de cabeça, dores de estômago, está-se indisposto, e até incapaz de qualquer trabalho espiritual. 

Referindo-se ao vinho, diz a Sagrada Escritura: "Não dês vinho aos reis" (Prov 31, 4). Sob essa expressão de reis, não se entendem os que reinam sobre nações, mas todos os homens que domam suas paixões e as submetem à razão. Infelizes daqueles que são dados ao vício da embriaguês, diz a Sagrada Escritura (Prov 23, 29). E por quê? Porque o vinho torna o homem luxurioso (Prov 20,1). Por isso escreveu S. Jerônimo à virgem Eustóquio: "Se quiseres permanecer pura, como deve ser uma esposa de Jesus Cristo, evita o vinho como veneno: vinho e mocidade são duas iscas" (Ep. 22 ad Eust.). 

De tudo isso devemos deduzir que aqueles que não possuem virtude ou saúde suficiente para renunciar por completo ao vinho, devem ao menos servir-se dele com grande sobriedade, para não serem atormentados por mui fortes tentações impuras. 

Primeiro, não se deve comer fora de hora, isto é, fora da hora da refeição comum. Um penitente de São Filipe Néri tinha esse defeito. O Santo o corrigiu com as palavras: "Meu filho, se não te emendares dessas falta, nunca chegarás a ter uma vida espiritual". 

Segundo: nunca se deve comer desregradamente, isto é, com avidez, por exemplo, enchendo a boca demais, com tal pressa que antes de se engolir um bocado já se leva outro à boca. "Não sejas glutão em banquete algum" (Ecli 37, 22), diz-nos o Espírito Santo. Além disso, deves tomar os alimentos com a boa intenção de conservar as forças do corpo, para podermos servir ao Senhor. 

[Omiti o trecho da mortificação do tato por razões pastorais. Se alguém quiser conferir, está em um dos links]


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Se há mais alguma coisa a ser dita, é apenas a seguinte: tudo o que foi colocado aqui só poderá ser realizado em nossas vidas, colocado em prática e vivenciado com seriedade pela graça de Deus. É óbvio que está acima de nossas capacidades humanas nos portarmos de forma tão nobre e perfeita, a não ser que estejamos muito unidos a Deus. Portanto, em nossos esforços para alcançarmos a verdadeira modéstia, devemos pedir sempre a ajuda do Senhor. Que Ele derrame em nós o Seu Santo Espírito, pois só assim seremos capazes de sermos “perfeitos, como o Pai que está nos céus é perfeito”. 

Glória a Jesus na Hóstia Santa! Salve Maria Santíssima!


REFERÊNCIAS 






Além da Bíblia e do catecismo, é claro! Deus nos guarde!


Nenhum comentário:

Postar um comentário