Uma das coisas que mais me irrita nesse mundo, mais até do que fio de cabelo na comida, é essa maldita guerra dos sexos. Minha nossa, é difícil para mim imaginar em algo que seja tão cheio de preconceitos e idiotices, algumas enrustidas e outras declaradas, como a guerra dos sexos
Me parte o coração ver gente que às vezes é até inteligente gastar seu precioso tempo postulando sobre a superioridade deste sexo sobre aquele outro, evocando todo tipo de ciência ( e, não raro, pseudo-ciências) pra se vangloriar de ser homem ou mulher, ou simplesmente rebaixar o sexo oposto. Poderia discorrer aqui sobre toda sorte de situações e casos, mas creio que todos nessa vida são vastos doutores de fato deste assunto sobre o qual discorro.
A coisa, ao que parece, começa cedo. E não estou nem falando de quando a gente é apenas uma criança inocente, uma coisinha de Jesus alheia à maldade do mundo, e os pais vem com aquela história ridícula de " brincar de boneca é coisa de mulher, brincar de carrinho é coisa de homem e blábláblá", ou então a pior de todas, o costume mais bizarro e persistente de toda a história da sociedade familiar, "homem usa azul e mulher usa rosa". MEU DEUS! COMO ASSIM?!?!?!
Enfim, eu disse que não ia falar dessas tolices, então não vou falar dessas tolices. Peço perdão ao nobre leitor que misericordiosamente encontra um tempo em sua vida atribulada para prestigiar o cidadão aqui por não conseguir resistir e manter o foco, mas é que certas coisas simplesmente precisam ser ditas! Quer dizer, pense no ridículo! Como é que a gente quer ter uma sociedade aberta e democrática e de livre expressão de a ignorância nos é imposta desde o berço? Assim fica muito difícil, muito difícil. Olhaí, viajei de novo.
Ok, agora, sim retomando. Não estou falando de quando a gente é criança, não. Antes fosse, antes fosse, já que seria bem mais fácil de consertar.Estou falando é lá dos tempo imemoriais, quando latifundiário era quem tinha a maior caverna e mulher bonita era a que tinha todos os dentes. Foi lá que a coisa começou.
Temos duas teorias básicas no mundo ocidental pra explicar como isso começou. A teoria criacionista (que, só pra constar, não é uma teoria e não é tomada em sua literalidade pela Igreja Católica, a única da qual posso falar), nós conhecemos devido ao fato de estar enraizada na nossa cultura. Adão e Eva lá, bonitinhos, fofinhos, até que veio aquele dia em que Eva pegou o fruto proibido, comeu e ainda por cima deu pra Adão. Lendo a passagem bíblica com detalhes (não vou transcrever, você que queime umas gordurinhas saindo da frente do computador pra pegar o Texto Sagrado ou procure uma bíblia virtual), percebemos que, quando o Todo-Poderoso pergunta o que aconteceu, é uma confusão doida: Adão põe a culpa na Eva, que põe a culpa na serpente. Resultado: nem homem nem mulher assumem a culpa, e os dois se dão mal, junto com todos os seus descendentes, de geração em geração, até chegar em mim e você, pobres mortais que perdemos horas do nosso tempo nos arrumando pra quase ninguém notar, quando poderíamos estar correndo peladões por aí. A partir desse primeiro desentendimento, começa a guerra dos sexos no livro do Gênesis.
A segunda teoria é a evolucionista (neo-ateístas se contorcendo de prazer, agora), a qual todos conhecem, ainda bem, já que não teria paciência de discorrer sobre as peripécias de Charles Darwin (por sinal um homem muito cristão). Nesta teoria, a guerra dos sexos não tem um momento preciso e sonele para começar, nascendo de um processo histórico gradual. Quem já leu sobre as origens do Direito do Trabalho sabe do que eu estou falando: é aquele momento em que se criou a primeira divisão do Trabalho, a divisão entre homem e mulher. Quando do surgimento dos núcleos familiares, as conjunturas de sobrevivência da época (leia-se correr de tigres-dente-de-sabre) obrigaram a família a se organizar de um modo muito rudimentar, baseado nas aptidões naturais de ambos os sexos.
O homem, em geral mais alto, mais forte, com visão em túnel e mesmo já naquela época mais imprudente e inclinado a querer se mostrar em público (ponto negativo pra teoria da evolução, já que continuamos assim, do que, aliás, não estou reclamando, muito pelo contrário), assumiu as posições de caça e guerra, enquanto a mulher, mais branda, com visão periférica altamente desenvolvida, ideal para a defesa de um ponto fixo como uma caverna (eu sei que nem todos moravam em cavernas, estou usando esse exemplo apenas pra facilitar a vida do pessoal que cresceu lendo Piteco) e com maior capacidade de distinguir entre aromas e cores, portanto perfeita para a coleta de plantas e frutas, assumiu essas posições que já citei.
Até aí tudo legal, tudo tranquilo, não estamos vendo ninguém dominar ninguém, e realmente nesse primeiro estágio, que o nosso velho amigo JEAN ROUSSEAU (outro francês de respeito. Eles são raros, por isso temos que destacá-los) chamava de "estágio do homem bom", isso ainda não existia. O que inaugurou a guerra dos sexos na verdade foi algo chamado "pater familis" (traduzindo da latim: Poder Familiar).
O poder familiar é o poder de liderança que o elemento dominante da família exerce sobre os elementos dominados. Hoje, entendemos basicamente como sendo o poder que os pais exercem, em igualdade legal, com relação aos filhos. Quando ele surgiu, porém, não era nem de longe assim. Hoje temos um arcabouço jurídico de igualdade entre os povos e uma linguagem e uma moral histórica que nos permitem a situação que ora se apresenta, mas naquela época...rapaz...naquela época, como é que eu posso dizer, tendo em vista que o pináculo da erudição vocal do ser humano era um IABADABADUL e que as únicas leis em vigor eram as leis da natureza, as coisas acabavam por se resolver, basicamente, na porrada. E aí é claro que o homem era supremo (ou quase...), exercendo dominação sobre a mulher e sobre as crias. O que, quero frisar, não era contestado pelo sexo oposto na época.
Temos aí, portanto, as origens mais aceitas em nosso mundo ocidental da origem da guerra dos sexos.Vou me militar a discorrer sobre as origens neste post, evitando que fique desnecessariamente grande. Nos próximos posts sobre o tema, veremos como isso foi evoluindo até tomar as dimensões absurdas que tem hoje, e encerraremos descendo o pau nessa prática medonha. Sem mais, recomendo todos aos cuidados do Deus da Vida, especialmente nesses tempos de Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Até agora, aula de história, gostei muito, digo que será em termos muito útil na elaboração do meu projeto. Vou reler várias vezes : )
ResponderExcluirSim, sim, foi justamente inspirado na temática do seu projeto que eu fiz esse post. Consideres como uma contrubuição intelectual do seu amigo. Vou querer créditos no projeto, hein! : )
ResponderExcluirRindo muito do "correndo de tigres-dente-de-sabre".
ResponderExcluirAhh, tinha me esquecido da tua preferência por temas históricos e sociológicos também mais que óbvias neste post, rsrs. Acho muito interessante tudo isso, obrigada pela contribuição intelectual também. Ótima fonte, amigo, de temas que muito me interessam.
ResponderExcluirAcredito que esses questionamentos me afrontavam principalmente em certas fases de minha vida. Infância: não, eu não gostava tanto de brincar com bonecas, e sim, eu tive muitos amigos homens. Atual fase transitória (infância- adulta): continuo tendo ótimos amigos homens, porém, muito mais com uma guerra interna do que declarada. Como se o questionamento de comportamentos diferentes entre os sexos rolasse de alguma forma inerente na minha mente e transparecesse, assim, pelas minhas atitudes naturalmente.
Nesse caso, o melhor de tudo é quando descobres que pode usar essa tal "guerra dos sexos" com objetivos politicamente sedutores. E isso, eu também posso continuar no outro post, rsrsrs.