Senhores, da última vez que sentei minha bunda na cadeira para escrever aqui nessa página virtual, estava angustiado com toda essa questão da falta de referências da humanidade, desse espírito pós-moderno e tudo o mais que domina a humanidade (na verdade não a humanidade inteira, graças a Deus, mas, infelizmente, aqueles que a dominam) e falava sobre como a falta de parâmetros causa no homem uma sensação de vazio, ao lhe dar uma liberdade para a qual ele não está preparado, e para a qual, me atrevo a dizer, o mesmo sequer foi projetado.
Dando continuidade a essas divagações que não levam a lugar nenhum, fiquei muito pensativo sobre o novo ranking da confiança que saiu agora em maio, da FGV. Especialmente pela melhora de desempenho da Igreja de Cristo, a Igreja Católica. Não lembro ao certo qual era a sua posição nos rankings anteriores, mas lembro-me que não era assim tão boa como está agora. Como católico, não vou mentir, estou feliz, o estranhos seria se eu não estivesse. Aí realmente haveria algo errado comigo.
O caso é que somos, ao lado das Forças Armadas e do Ministério Público, as instituições mais confiáveis do país, segundo os critérios aí adotados pela Fundação Getúlio Vargas. O que é realmente surpreendente, dada a atual mentalidade que mídia tenta impor a todo custo às pessoas. Explico:
Como falava anteriormente e como qualquer sociólogo poderá lhes falar, estamos no contexto do pós-modernidade, o qual é marcado pela desconfiança em tudo e em todos e pelo pessimismo, pela idolatria velada ao nada e pelo deparamento do homem com um grande vazio existencial. Tudo perde o sentido e a rigidez. Tudo é relativo. Até mesmo as religiões são relativas, até o próprio Deus se torna relativo: temos mil igrejas diferentes, cada um tem sua própria concepção de Deus, de moral, de certo, de errado, e por aí vai. Disto resultam, entre outros, sincretismos religiosos por demais engraçados.
Por exemplo, os católicos-espíritas, os batistas que admitem a existência de santos, os cristãos que aderem a práticas da bruxaria e do ocultismo...entre muitos outros exemplos para limitar-se apenas ao campo da religião, que de política eu não quero falar tão cedo, especialmente em se tratando de Brasil.
Enfim, dizia eu que é surpreendente, a um primeiro olhar, que justamente as Forças Armadas e a Igreja Católica sejam as instituições mais confiáveis desse país. Ah, sim, antes que eu me esqueça, vejam o dito ranking:
Pois é, eis aí o gráfico, retirado em versão resumida, de um site católico. Você poderá me perguntar, como todo home pós-moderno, se esses dados não foram manipulados ou coisa assim, uma vez que, como já vi sair da boca de vários pastores, "os católicos são mentirosos". Confesso que também olhei e pensei: será, mesmo? Então tomei a liberdade de ir ao site da FGV e ver por mim mesmo.
E. de após uma pesquisa talvez um pouco mais complicada do que eu acharia que fosse a princípio, achei, e de fato, está lá. Abaixo segue o link diretamente com a página do relatório elaborado pela Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Poderão ver referências ao tema que falo nas páginas 13 e 33, salvo engano.
Bom, ultrapassado esse problema de uma possível manipulação de dados (a não ser que você desconfie também da FGV, aí, realmente, é coisa pessoal sua e nada posso fazer por ti) por parte dos católicos "tendencionistas, mentirosos e proclamadores de falácias" (estou sendo irônico mas sei que existem muitos que são mesmo. Cuidado com eles!), podemos continuar a digressão com mais tranquilidade.
As Forças Armadas sempre foram uma das instituições mais confiáveis do país. E a Igreja Católica, após um período de baixa (chegou a estar em sétimo lugar, estava olhando outros relatórios aqui) voltou a ocupar uma posição, na minha parcial, reconheço, opinião católica, mais digna de sua tradição e e de sua convicção. E é aí que eu chego ao ponto-chave da digressão.
Quando paramos para pensar no que as Forças Armadas e a Igreja Católica tem em comum, enumeramos logo fatores como: rigidez, hierarquia, tradição, defesa intransigente de valores e costumes antigos, dogmatismo, seriedade, convicção e moralismo, dentre outros que não cabe citar, porque os de visão mais à frente já entenderam o que quero dizer e os outros, espero, irão entender agora.
As Forças Armadas e a Igreja Católica surgem tão confiáveis (ok, protestantes, as igrejas de vocês também são legais, não tão legais quanto a minha, lógico, mas são legais) exatamente porque, em um mundo onde você não sabe mais o que é certo e o que é errado, onde começa e onde terminam coisas como moral, direito e justiça, não sabe nem mesmo o sexo da pessoa que você acabou de conhecer (ela parece uma mulher ou um homem, mas hoje em dia, quem pode saber até conferir in loco?), tais instituições surgem exatamente como aquilo que o mundo perdeu e que agora precisa urgentemente encontrar de novo: referências.
Penso do fundo do meu coração que o homem tem um potencial infinito. Quem sabe quanto poderíamos fazer pelos outros, por nós mesmos e pelo universo se voltássemos todo o nosso potencial para a excelência e para a virtude, como nos recomendavam Sócrates e Cristo, as vozes ecoantes do mundo antigo? Excelência de verdade, excelência humana, não o pronome de tratamento que somos obrigados a utilizar no tratamento de magistrados (minúsculo, mesmo) que são tudo menos excelentes!
Nós só confiamos naquilo que é excelente, naquilo que é sólido, naquilo que é convicto. Não se confia no volátil, não se confia no líquido. ao contrário, como acabei de dizer, quando algo está bem, dizemos que está consolidado, que está sólido, seguro, estável. E por falar em estabilidade, é justamente por isso que tanta gente quer passar em concurso, pra alcançar estabilidade e ter segurança de que seu emprego não será, ao menos em principio, retirado dela.
A Igreja, o Exército, os mais velhos, nós os criticamos, fugimos deles, ás vezes lhes somos abertamente hostis, e por que? Porque eles exigem tudo de nós! Exigem o nosso melhor, a nossa excelência! Eu mesmo, como pseudo-intelectual cultuador de uma vida fácil, arreguei na hora de servir, justamente porque eu sabia que a coisa ia ser complicada! Mas, especialmente, porque o meu espírito não teve a docilidade necessária para aceitar com paciência e humildade a submissão a outrem, o que é gravíssimo.
Precisamos de liberdade? Claro que precisamos! Precisamos de igualdade, fraternidade, respeito? E quem disse que não! Todas essas coisas, precisamo-las demais! Mas tudo tem que ter um limite, tudo precisa ser contido dentro de certos limites! Hoje elegemos a lei como esse limite, mas todos sabemos que a lei rege apenas o mínimo indispensável, a lei rege o homem médio, e sinceramente acredito que como seres humanos deveríamos buscar muito mais do que a simples mediocridade!
Mas será que não é óbvio, isso? Quando eu digo que alguém é medíocre, estou elogiando essa pessoa? Claro que não. Então porque, em termos filosóficos, morais e existenciais nos contentamos tão facilmente com a mediocridade? Porque nossa moral é medíocre, nossas leis são medíocres, nossas crenças, conversas, enfim...nossos sabonetes são medíocres??
Por que temos que viver essa vida sem parâmetros, sem jamais nos permitirmos confiar nem entregar a nada a não ser às coisas que dizemos a nós mesmos antes de dormir para fingir que está tudo bem, e ainda assim sem refletir sobre isso profundamente, porque sabemos que se pararmos para pensar veremos que na verdade não está nada bem?
Os dados da FGV refletem justamente isso o que eu vivo dizendo. Que essa liberdade toda, essa bagunça, essa anarquia velada, isso não dá certo. É preciso um norte, é preciso um objetivo, é preciso uma meta. Do contrário o homem fica correndo, como sempre correu, só que fica correndo em círculos, ou seja, fica indo a lugar nenhum, passando pelos mesmos pontos, como um peixe que fica dando voltas em seu aquário de bosta procurando uma saída que não existe.
Acima de tudo, porém, é preciso confiança, sem a qual jamais é possível descansar, viver em paz. Amar. Eu só amo aquilo que eu conheço, aquilo em que eu confio. Complicado, muito complicado. A ideologia do dissolvimento de valores e ideias chega até o íntimo do ser, chega até os nossos sentimentos, à nossa alma. Chega até a nossa humanidade, nos transforma em máquinas sem sentimentos que eventualmente explodem em orgias sensoriais e depois se recluem novamente como engrenagens de um sistema fechado.
Pense nisso e fique com Deus. Não se permite vencer tão facilmente por esse mundo. Como ser humano, você merece mais. Continuo sempre batendo nessa tecla, que os antigos se envergonhariam profundamente de nós. Eles sofriam, pecavam, falhavam. Mas levantavam no dia seguinte e buscavam acertar outra vez. Nós, sei lá. Parece que já nos conformamos em sermos errados. Ah, é me esqueci...não existe mais errado.
Realmente, seria muito estranho se você não ficasse feliz com esse resultado. Bem, eu sou católica como você e agimos de formas bem diferentes e ainda somos muito bons amigos (com certeza não é pela religião). Não tenho nada contra outras religiões e não defendo a minha como sendo a certa. Creio que cada um tem que se encontrar com Deus da melhor maneira que achar, sem agredir a opção dos demais e desrespeitar os valores dos outros. Enfim, simplesmente achar um momento de paz com Deus.
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