O texto a seguir é inspirado nas festas juninas, ou melhor, nos santos festejados, e em tudo o que significam para a Igreja:São João Batista, São Pedro e São Paulo.
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"Antes de dar o último suspiro, disse:tu, malvado, tira-nos a vida, mas o Rei do mundo nos fará ressuscitar para ressurreição eterna de vida, nós que agora morremos pelas Suas leis."
(Primeiro Livro dos Macabeus, Capítulo 7, versículo 9)
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Ladainha da humildade - Cardeal Merry del Val
Ó Jesus, manso e humilde de coração, ouvi-me.
Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser amado, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser consultado, livrai-me, ó, Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser infamado, livrai-me, ó, Jesus.
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó, Jesus.
Que os outros possam ser amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros sejam mais estimados do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora eu me torne o mais santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Amém.
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São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja de Roma e os mais célebres e elevados dos apóstolos do Cordeiro. Duas imagens que a cada ano, ao contrário de me enjoarem das mesmas, apenas me fascinam cada vez mais.
Colossos que são, assistem a este autor admirá-los cada vez mais, conforme minha capacidade mental e conhecimentos em geral vão aumentando com o passar do tempo. E quanto mais o tempo passa no cristianismo, maiores e mais sensacionais as coisas se nos parecem, e ao mesmo tempo amorosamente familiares.
O rosto de Cristo, que nunca vi, e que mesmo assim tenho certeza que, quando finalmente contemplar, será um rosto familiar. Um rosto de Pai e de irmão, um rosto pleno de reconhecimento, como se já tivéssemos nos visto antes infinitas vezes, e nada mais precisasse ser motivo para se impressionar. Mas mesmo isso, por si só, já constituiria, como espero que constitua, parte do gozo eterno.
Quando paro para pensar em um Tolkien, quando penso em em Lewis, em um Ratzinger...é algo incrível, o que o Deus cristão pode fazer com os homens, quando se deixam por Ele alcançar. A transformação que opera, como quando se olhasse as coisas pela primeira vez, depois que alguém de repente acendesse o Sol...
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Que tristeza é quando os cristãos se põem a discutir entre si!Aprendi isso da forma mais dolorosa, que foi exatamente discutir e ver como isso não contribui em nada para a edificação do edifício espiritual de Cristo, conquanto em raros casos não haja outra escolha. Nessas horas, afasta-se a paz para conservá-la. Uma contradição, a princípio, mas muitas coisas que parecem contraditórias a um primeiro olhar não são de fato, posteriormente. Depende da lente com que se olha.
"Com a mesma medida que medirdes sereis medidos", já dizia Cristo. E continua a nos dizer isso hoje. Medidas humanas produzem conclusões humanas. Para concluir divino, é preciso que se meça em grandezas igualmente divinas.
Sempre é digno de destaque o exemplo de Maria, Nossa Senhora. Nela não se encontrou controvérsia desnecessária, nem rebeldia, nem contestação meramente procrastinadora. Ao saber de sua missão, perguntou ao Arcanjo gabriel: "Mas como se dará isso, se eu não conheço homem algum?" Não era uma pergunta de quem deseja se esquivar de um encargo. Pelo contrário. A história vai nos mostrar que o único interesse da Virgem era saber de que forma poderia cumprir a vontade do Senhor.
"Eis a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a Sua palavra."
(São Lucas, Capítulo 1, versículo 38)
(São Lucas, Capítulo 1, versículo 38)
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Eu falava de Pedro e Paulo mais cedo. Sempre me apraz falar deles. Falemos novamente. Vede Pedro e Paulo! Tão grandes, e no entanto tão pequenos, tão miseráveis. Diante da grandeza de Deus, diante do Amor Onipotente, o homem não tem escolha a não ser se render a este doce peso inafastável, que lhe curva as costas, libertando-o do orgulho que o impede de ver o quanto é pequeno diante de tudo o mais.
Pedro e Paulo atingiram seu auge exatamente quando perceberam sua pequenez. Pedro pela cruz, e Paulo pela espada, cada um deles diminuiu e se humilhou até o fim em imitação amorosa ao Mestre. Sim! No cristianismo, para ascender, é preciso descer! Nunca me esqueço das palavras de Bento XVI aos cardeias, certa vez:
"Vós sois príncipes, mas de um Rei crucificado."
E ainda, como não lembrar das palavras do próprio Crucificado, Chagado e Humilhado, como não lembrar do último dos homens, prescrevendo, tão claramente:
"Sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se quiser ser o primeiro, que se faça o último e servidor de todos."
(São Marcos, Capítulo 9, versículo 35)
(São Marcos, Capítulo 9, versículo 35)
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Tenho particular predileção pelo Sacramento da Confissão. A Confissão é humilhante, fere o orgulho. O penitente é convidado a admitir, diante do sacerdote, seus erros, seus pecados, suas misérias. É obrigado a reconhecer diante de outro homem a sua própria fraqueza e miséria. É obrigado a encarar sua culpa, e, mais ainda, a externá-la, a declará-la inequivocamente: "...por minha culpa, minha tão grande culpa"...
A confissão, então, cura. Cura porque envergonha, constrange. Constrange a não pecar mais. Constrange o pobre pecador, o pecador errante, que caminha torto o seu tortuoso caminho, o "tortuoso caminho de Alá" dos árabes...
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Que religião maravilhosa, que vai na contramão dos desejos dos homens! Enquanto todos correm em direção à glória, ao prazer, ao egocentrismo, ao hedonismo, à bajulação, à luxúria, ao dinheiro e ao poder, Cristo é como um tsunami que varre do espírito humano todos esses espinhos, todas essas prisões! Bendito Cristo, que arrebenta as portas do hades , mas também as do coração humano!
Só mesmo Cristo, só mesmo o Servo Justo e Fiel para fazer da derrota a maior vitória de todas, e, descendo para debaixo da terra que os homens pisam, elevar-se acima de todos os céus:
"Aquele que buscar salvar sua vida, a perderá. Mas aquele que perder a sua vida, por causa de Mim, esse a encontrará".
(São Mateus, Capítulo 16, versículo 25)
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"Ei-lo, o Meu Servo será bem-sucedido; Sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo - tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, do mesmo modo ele espalhará a sua fama entre os povos.
Diante Dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrando, e conhecendo coisas que jamais ouviram. Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado conhecer a força do Senhor?
Diante do Senhor Ele cresceu como renovo de planta, ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, nem tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, home coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por Ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.
A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores. E nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! Mas Ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes.
A punição a Ele imposta era o preço de nossa paz, e suas feridas, o preço de nossa cura. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo o seu caminho. E o Senhor fez recair sobre Ele o pecado de todos nós.
Foi maltratado e submeteu-se. Não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro, ou como ovelha diante dos que tosquiam, Ele não abriu a boca. Foi atormentado pela angústia e foi condenado.
Quem se preocuparia com a história de sua origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos, e por causa do pecado do meu povo, foi golpeado até morrer. Deram-lhe sepultura entre os ímpios, um túmulo entre os ricos, apesar de ele não ter praticado o mal, nem se encontrado falsidade em suas palavras.
O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo Sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz, e uma ciência perfeita.
Meu Servo, o Justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si as suas culpas. Por isso, compartilharei com ele multidões, e ele repartirá as riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; Ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
(Isaías 52, 13 a Isaías 53,12)
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Eu conversava com um nobre colega, há poucos dias, exatamente sobre esse caráter revolucionário do cristianismo. E aqui não se deve entender a revolução como algo político ou econômico, meramente. Não se trata simplesmente de mudar as estruturas sociais, mas de mudar o próprio homem, por dentro.
Cristo é a verdadeira revolução, porque é a única que atinge o homem por inteiro, que não muda o mundo ao seu redor, mas muda a forma como o homem encara o mundo, e, assim, a forma como se relaciona com ele. E é isto que, a longo prazo, produz a verdadeira revolução, duradoura e verdadeira.
Porque o homem, em última instância, não é prisioneiro do mundo, mas de si mesmo, de suas próprias vontades e ambições desmedidas, de sua própria concupiscência carnal insaciável, de sua própria ambivalência moral que o desnorteia e torna inseguro e cínico ao mesmo tempo.
A injustiça não nasce simplesmente nas estruturas, no modo de produção ou na forma de governo. O problema é muito mais profundo, se origina no interior mais escondido do espírito do homem, lá onde o bisturi dos médicos não alcança. É preciso um outro tipo de médico para curar essa doença da alma.
É preciso um tratamento de choque, uma espécie de quimioterapia espiritual para reverter esses sintomas tão graves de que padece a humanidade em geral e cada ser humano em particular.
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"Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, cada dia, e siga-me."
(São Lucas, Capítulo 9, versículo 23)
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Acima de tudo, é preciso, como bem nos recorda São João Batista, que "Ele cresça, e eu diminua". Só então se pode ser feliz verdadeiramente, porque então se volta para de onde se veio: o interior do coração de Deus.
É só se fazendo pequeno e simples, é só renunciando bravamente às ofertas de grandeza efêmera que o mundo nos faz, que podemos chegar, um dia, a descobrir as verdadeiras grandezas eternas, e as glórias imperecíveis que ora se nos permanecem ocultas.
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"Estas palavras são verdadeiras. Se com Ele morrermos, com Ele viveremos".
(Segunda Carta de São Paulo a Timóteo, Capítulo 2, versículo 11)
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"Aquele que buscar salvar sua vida, a perderá. Mas aquele que perder a sua vida, por causa de Mim, esse a encontrará".
(São Mateus, Capítulo 16, versículo 25)
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"Ei-lo, o Meu Servo será bem-sucedido; Sua ascensão será ao mais alto grau. Assim como muitos ficaram pasmados ao vê-lo - tão desfigurado ele estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano -, do mesmo modo ele espalhará a sua fama entre os povos.
Diante Dele os reis se manterão em silêncio, vendo algo que nunca lhes foi narrando, e conhecendo coisas que jamais ouviram. Quem de nós deu crédito ao que ouvimos? E a quem foi dado conhecer a força do Senhor?
Diante do Senhor Ele cresceu como renovo de planta, ou como raiz em terra seca. Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, nem tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, home coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por Ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.
A verdade é que ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, ele mesmo, nossas dores. E nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado! Mas Ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes.
A punição a Ele imposta era o preço de nossa paz, e suas feridas, o preço de nossa cura. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo o seu caminho. E o Senhor fez recair sobre Ele o pecado de todos nós.
Foi maltratado e submeteu-se. Não abriu a boca; como cordeiro levado ao matadouro, ou como ovelha diante dos que tosquiam, Ele não abriu a boca. Foi atormentado pela angústia e foi condenado.
Quem se preocuparia com a história de sua origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos, e por causa do pecado do meu povo, foi golpeado até morrer. Deram-lhe sepultura entre os ímpios, um túmulo entre os ricos, apesar de ele não ter praticado o mal, nem se encontrado falsidade em suas palavras.
O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo Sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor. Por esta vida de sofrimento, alcançará luz, e uma ciência perfeita.
Meu Servo, o Justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si as suas culpas. Por isso, compartilharei com ele multidões, e ele repartirá as riquezas com os valentes seguidores, pois entregou o corpo à morte, sendo contado como um malfeitor; Ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor dos pecadores.
(Isaías 52, 13 a Isaías 53,12)
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Eu conversava com um nobre colega, há poucos dias, exatamente sobre esse caráter revolucionário do cristianismo. E aqui não se deve entender a revolução como algo político ou econômico, meramente. Não se trata simplesmente de mudar as estruturas sociais, mas de mudar o próprio homem, por dentro.
Cristo é a verdadeira revolução, porque é a única que atinge o homem por inteiro, que não muda o mundo ao seu redor, mas muda a forma como o homem encara o mundo, e, assim, a forma como se relaciona com ele. E é isto que, a longo prazo, produz a verdadeira revolução, duradoura e verdadeira.
Porque o homem, em última instância, não é prisioneiro do mundo, mas de si mesmo, de suas próprias vontades e ambições desmedidas, de sua própria concupiscência carnal insaciável, de sua própria ambivalência moral que o desnorteia e torna inseguro e cínico ao mesmo tempo.
A injustiça não nasce simplesmente nas estruturas, no modo de produção ou na forma de governo. O problema é muito mais profundo, se origina no interior mais escondido do espírito do homem, lá onde o bisturi dos médicos não alcança. É preciso um outro tipo de médico para curar essa doença da alma.
É preciso um tratamento de choque, uma espécie de quimioterapia espiritual para reverter esses sintomas tão graves de que padece a humanidade em geral e cada ser humano em particular.
***
"Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, cada dia, e siga-me."
(São Lucas, Capítulo 9, versículo 23)
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Acima de tudo, é preciso, como bem nos recorda São João Batista, que "Ele cresça, e eu diminua". Só então se pode ser feliz verdadeiramente, porque então se volta para de onde se veio: o interior do coração de Deus.
É só se fazendo pequeno e simples, é só renunciando bravamente às ofertas de grandeza efêmera que o mundo nos faz, que podemos chegar, um dia, a descobrir as verdadeiras grandezas eternas, e as glórias imperecíveis que ora se nos permanecem ocultas.
***
"Estas palavras são verdadeiras. Se com Ele morrermos, com Ele viveremos".
(Segunda Carta de São Paulo a Timóteo, Capítulo 2, versículo 11)
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"E eu, quando O vi, cai aos Seus pés como morto. Mas Ele pôs a Sua destra sobre mim, dizendo: 'Não temas. Eu sou o Primeiro e o Último, O Vivente. Estive morto, mas eis que vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do hades"...
(Apocalipse de São João, Capítulo 1, versículo 17)
(Apocalipse de São João, Capítulo 1, versículo 17)
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