Translate

sábado, 2 de novembro de 2013

Sobre a Reforma e sobre o Catolicismo. Apontamentos genéricos de cunho apologético.

Este é um post um pouco mais apologético do que de costume. Não costumo ser tão incisivo nas minhas alegações, mesmo porque sei que grande parte, senão a maioria do meu público leitor, não é católica, mas evangélica, e porque não acredito na ofensa como método de evangelização nem de defesa de qualquer posição que seja. 

Para mim, aquele que ofende demonstra, antes de mais nada, que seus argumentos se esgotaram, e minha consciência jurídica pautada no contraditório e meu espírito acadêmico pautado no debate civilizado também contribuem para o repúdio a esse tipo de atitude. Prossigamos, pois.

Assim, antes de mais nada eu quero reiterar meu respeito e sincera admiração cristã pelos meus leitores evangélicos que me acompanham, a despeito de nossas discordâncias e tudo o mais. As conversas e debates que ocasionalmente temos, ao contrário de enfraquecerem a amizade, findam por torná-la mais forte, e as questões suscitadas por vocês sempre me fazem estudar cada vez mais, e por consequência me aprofundar cada vez mais na minha própria fé, que não é minha, é da Igreja.

A despeito disso, é claro que em certos momentos fica impossível fazer uma defesa sólida da fé católica sem ofender aqueles que não o são. Nessas horas é importante saber analisar o posicionamento contrário de forma imparcial e racional. Eu mesmo tenho passado por essa experiência, provando a mim mesmo lendo blogs protestantes de alta qualidade, como O MARTELO E A BIGORNA, que desde já recomendo fortemente a todos os leitores.

Ainda estou procurando um bom blog ortodoxo. A maioria dos que li até agora, me apresentam posts muito pequenos, que não me saciam, e ao mesmo tempo têm uma tendência a serem por demais arrogantes.

Vocês, meus leitores evangélicos, acham que nós católicos temos um quê de arrogantes?Conversem alguns minutos com um apologista ortodoxo e vocês irão ver que o buraco é bem mais embaixo. Claro, este é um argumento raso baseado em minha limitada experiência pessoal nesses assuntos, se houver algum leitor ortodoxo ou alguém conhecer algum, ficaria muito feliz em me sentar com esse representante da fé oriental e ser desmentido nessa minha afirmação.

Pois bem, chegando ao ponto que interessa. Estamos naquela época do ano em que toda a rusga dos católicos e dos protestantes vem à flor da pele através do calendário. Temos, na sequência, o dia da Reforma Protestante, o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados. Dias propensíssimos ao debate e à discussão acalorada entre as duas principais correntes cristãs do ocidente, e que o digam páginas como o LOGOS APOLOGÉTICA, outra recomendação fortíssima do autor.

Nesse sentido, separei dois textos, pró-catolicismo, para a apreciação do leitor. O qual, é claro, sempre é livre para tirar as próprias conclusões. Afinal, este ainda é um blog católico, e como tal baseia-se no libre-arbítrio, e não na predestinação:

***

CARTA ABERTA AOS PROTESTANTES



"Vós dizeis que a Igreja Católica apostatou, que o paganismo, como um tufão incontrolável, lhe penetrou todos os recantos, e, qual um carrasco impiedoso, não poupou nenhum dos seus membros. A acusação é grave, e exige provas indiscutíveis. E que provas, senhores, me podereis apresentar? 

Eu vos direi: alegareis o culto da Virgem Maria, o purgatório, a veneração das imagens e outras tantas doutrinas e práticas que o protestantismo, no seu ódio incontido à Igreja Romana, repudiou. Ora, desde quando o repúdio do protestantismo serve como prova de alguma coisa? Direis que a Bíblia se opõe a essas doutrinas e práticas. Mas quem o disse? O protestantismo?

Então voltamos para o mesmo lugar, visto que não me serve o repúdio do vosso protestantismo, assim como não vos servem as afirmações do meu Catolicismo. É tudo uma questão de interpretação.

Se disserdes, portanto, que tais coisas são contrárias às Escrituras, eu vos responderei que não são, e, se apontardes textos que, na vossa opinião, favorecem o que sustentais, vos direi que o vosso próprio entendimento vos traiu, e indicarei mil outras passagens a contrastar com o que pensais ser a verdade.

Por vossa vez, certamente me acusareis de torcer miseravelmente a Palavra de Deus. O que restará, pois? Nada além de afirmações contra afirmações e interpretações contra interpretações. Tudo findará numa contenda inútil, dessas que embrutecem o espírito e ensoberbecem a inteligência, já tão inclinada à vaidade.

Não, senhores! Devemos partir de um ponto que nos seja pacífico, de uma premissa que todos admitamos. Somente assim saberemos com quem está a verdade e onde reside o erro.

Afirmais a paganização da Igreja, e eu não me incomodo em concedê-lo por um momento. A Igreja Católica apostatou? Seja. Ora, se veio a apostatar, é porque, de fato, não era ainda apóstata. Quem diz apostasia diz a passagem de uma realidade para outra diametralmente oposta. O ato de apostatar exige uma condição prévia inteiramente incompatível com a apostasia.

Assim como uma barra de ferro só se poderá esquentar se estiver fria, e um pedaço de madeira só se poderá partir se estiver inteiro, e um homem só poderá morrer se estiver vivo, também a Igreja Católica só poderia apostatar se estivesse em algum momento livre de apostasia; só poderia paganizar-se se não estivesse paganizada ainda. Negareis o óbvio? Não o creio.

Muito bem. Mas se um dia a Igreja não foi apóstata, se não era paganizada em algum momento da história, segue-se que foi um dia legítima, autêntica, verdadeira. Se era verdadeira, era, por conseguinte, a Igreja de Jesus Cristo, pois não havia outra. Temos, então, que essa Igreja que chamais apóstata, foi em alguma época a verdadeira Igreja, pura nas suas doutrinas e práticas. Negareis o óbvio? Não o creio.

Mas afirmais que ela apostatou. Como? A verdadeira Igreja poderia alguma vez apostatar? É aqui, senhores, que a vossa afirmação desmorona, como um imenso castelo de areia firmado na flacidez do chão molhado da praia.

Desde quando a Igreja poderia apostatar? Nunca! Jesus Cristo teria sido um mentiroso, um impostor, e mui justa seria a sentença condenatória exarada por Pôncio Pilatos e a acusação vinda da parte do Sinédrio. Mas isso ninguém jamais cogitou. Justo foi Pilatos? Justo o Sinédrio? Impossível!

As promessas neotestamentárias da assistência divina à Igreja, por outro lado, são muitas e claras. Ao dizer a Pedro do estabelecimento da Igreja, o Salvador garantiu que as portas do Inferno não prevaleceriam contra ela (cf. Mt. 16,18).

Ora, se a Igreja depois disto apostatou, deixando de ser a verdadeira Igreja, segue-se que as portas do Inferno prevaleceram e Jesus foi um falso profeta. Em outra ocasião, pouco antes de ascender, o Senhor disse aos apóstolos que ficariam com eles "até a consumação dos séculos" (Mt. 28,20). Mas o que seria desta presença sempre continuada, se o paganismo depois invadisse a Igreja e a corrompesse até os seus fundamentos?

Sabendo da proximidade da sua ida para junto do Pai, Jesus falou do Espírito Santo: "Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco" (Jo. 14,16; ainda 14,26; 15,26). Mas onde, senhores, [estaria] a eficácia da atuação deste Paráclito se apostatasse a Igreja?

Ah, Galileu! Se a Igreja apostatou, não passaste de um traidor miserável, que nos ludibriou a todos! Prometeste que as portas do Inferno jamais prevaleceriam, mas a Igreja apostatou. Prometeste a tua assistência até o final dos séculos, mas a Igreja apostatou. Prometeste o Espírito da verdade para que ficasse eternamente, mas a Igreja apostatou.

Ah! Serei ateu! Passarei para a irreligião! O Jesus em que acreditei mentiu para mim! Oh, judeus! Acolhei-me em vosso meio, abraçai-me em vossas sinagogas! O Messias não chegou! Jesus mentiu!

Bendito sejas, Caifás, por teres denunciado um falso Cristo! Barrabás, bendita a tua libertação. Judas! Judas! Por que tiraste a própria vida? Morreste por um farsante! Nero! Nero! A humanidade te será eternamente grata por teres usado da tua força para exterminar os seguidores de um embusteiro que se dizia Redentor.

Não soubesse eu, senhores, que a assistência divina é infalível e que tem, pelos séculos, preservado a Igreja de todas as heresias, e estes brados de revolta soariam os mais justos e louváveis.

Mas sei que a Igreja, um dia edificada sobre a Rocha, jamais renegou os ensinamentos que recebeu, porque nela atua Aquele que é a própria Verdade, mesmo que assim não queiram as vossas incontáveis denominações, que, não tendo Deus Cristo por fundador, jazem impotentes ante um turbilhão de contradições doutrinárias."

Fonte: Revista "Pergunte e Responderemos", nº 459.

***
Uma acusação que sempre considerei particularmente injusta contra o catolicismo foi de que o mesmo se afastou dos ensinamentos bíblicos para se prender a "tradições" quem infringem os mandamentos de Deus. Ora, tal afirmação não poderia ser mais absurda.

Em momento algum do meu estudo da doutrina católica, que se arrasta ao longo de tantos anos, encontrei algo que estivesse em descompasso com o sentido das Escrituras. A Igreja, que se debruça já há 20 séculos sobre os textos sagrados, soube retirar de cada um a vontade de Deus, a qual sempre se encarregou de preservar.

É bem verdade que muitos homens dentro da Igreja a usaram para fins desonestos, maus e mesmo pérfidos, abjetos hediondos, que causam repulsa. É verdade que tivemos muitas falhas na Igreja, em termos humanos, mas isso em momento algum invalida a Instituição Igreja, como tal.

Pensar da forma como pensam aqueles que dizem que temos que nos livrar da Igreja, como se ela, em si mesma, não prestasse, seria o mesmo que dizer que, se em uma família os filhos fossem ruins, a própria instituição da família tivesse de ser, por causa disso, extinta.

A meu ver, onde reside a diferença entre os chamados "Reformadores", e os Santos como São Francisco de Assis?Na atitude. Ambos tiveram de conviver com a corrupção dos clérigos da Igreja em seus tempos, mas a atitude de Lutero foi uma atitude de rompimento, uma atitude de abandono, uma atitude, com todo o respeito, anticristã.

São Francisco teve de lidar com os mesmos problemas de Lutero. Todos temos de lidar com os mesmos problemas de antes. Nossas famílias não são perfeitas. Nossa democracia brasileira não é perfeita (e eu nem democrata sou, lembremo-nos), nossos relacionamentos não são perfeitos, mas então por isso iremos desistir de tudo, ou lutar para fazer o bem com o que temos?

Oras, nossas escolas não funcionam direito. Iremos fechar todas?Nossos hospitais não funcionam direito. Vamos derrubá-los? Ao contrário, será que não iremos lutar para que se tornem cada vez melhores, eles que também são instituições, como são instituições o casamento, a família, a própria sociedade?

Assim também com a Igreja!Por que romper com ela, em uma atitude egoísta, até mesmo farisaica, do tipo "não me misturo com essa gentalha", para com a Igreja. Aí está a diferença entre Lutero, entre os cismáticos, e entre os Santos, São Francisco de Assis, Santo Inácio da Loyola, e tantos outros que, ao invés de serem instrumentos de divisão, fizeram sua parte como instrumentos de UNIDADE.

"A Igreja precisa de Santos, não de reformadores."

João Paulo II.



***

O que realmente acaba por irritar, sinceramente, a mim, como católico, é uma postura protestante de que nada de bom pode vir de Roma. Como se o Espírito Santo soprasse em todos os lugares, menos na Igreja Católica. Como se a mesma fosse um antro de perdição corrompido desde o fundamento, sendo que o fundamento da Igreja é Cristo!

Em muitas denominações e muitos cultos, o que mais se vê não é falar-se de Jesus, mas falar-se mal da Igreja Católica. Uma postura terrível, sem dúvida alguma. E não estou querendo dizer que o mesmo não acontece, muitas vezes, do lado católico, não em missas, em missas isso definitivamente não ocorre, ocorre em alguns meios de comunicação mais ou menos corretos, mas nem por isso mal intencionados.

Mas volto a dizer, por que raios tudo que é católico tem que ser prontamente descartado, prontamente desmerecido?Então tudo o que fizemos é lixo, tudo o que fizemos não vale nada?Pois eu me pergunto muitas vezes o que é que realmente precisa mudar, se é a Igreja ou se são as pessoas. A Igreja é querida por Deus, é um presente de Deus para os homens, e se eles não souberam bem utilizá-la, isso invalida do dom do Criador?De modo algum!

Oras, se Deus, por exemplo, dá ao "crente" um carro, para usarmos um exemplo bem neopentecostal, e esse "crente iluminado" usa esse carro para atropelar um desafeto, isso faz do carro um objeto mal em si?Não residirá, nessa situação, a maldade no uso errado que esse crente fez do veículo, e não no próprio veículo, o qual nem pelo uso a que se destinou, deixou de ser um presente das mãos do Altíssimo?

Vamos trazer esse pensamento para o contexto da Reforma. Lutero se insurgiu, entre outras coisas, contra a corrupção, contra a venda de indulgências. Ora, também eu me insurjo contra isso!Também eu me revolto com maus clérigos, também eu me revolto contra corrupção, contra coisas ruins que acontecem na Igreja. Mas saibamos separar a Igreja de seus filhos, saibamos distinguir as ovelhas dos bodes!

Porventura não disse o próprio Cristo que o joio e o trigo cresceriam juntos até o fim dos tempos?E como é então que alguém pode querer se arvorar a pretensão de construir uma espécie de utopia de santidade terrestre?

Oras, nessas questões, fico com Madre Tereza de Calcutá que, certa vez perguntada por uma repórter sobre "o que ela mudaria na Igreja", respondeu:"eu mudaria mim mesma."


A minha crítica final, nesse sentido, é pela ausência de diálogo. Pela ausência de uma discussão honesta entre o que cada lado tem de bom, e como é urgente que os cristãos se entendam e voltem a ser UM. 

Porque essa conversa de que todos já somos Um em Cristo Jesus não está com nada. Se Jesus veio á terra para fazer criar essa unidade de meia tigela que existe hoje, então ele realmente foi um Messias muito decepcionante.

Cristo nos manda sermos UM como Ele e o PAI são um. Será, pois, que entre o FILHO e o PAI existem essas rusgas e discordâncias terrenas com as quais nos separamos e nos dispersamos ao longo dos séculos?Eu vos digo que não!E digo ainda mais, que desde o princípio era a vontade de Cristo que houve uma única Igreja, a Igreja de Cristo, a qual também atende pelo nome de IGREJA CATÓLICA.

***

Os parágrafos a seguir foram retirados do orginal "50 Provas do Primado Petrino e do papado tiradas do Novo Testamento", cujo autor e local de publicação original desconheço, sabendo apenas que data de 29/07/2008.

Separei esses parágrafos importantes porque falam sobre um dos pontos primários da fé católica: o primado de São Pedro, o "poder da chaves", o ofício papal. Meses atrás, escrevi um pequeno post sobre o assunto intitulado AS CHAVES DE SÃO PEDRO. Foi um texto pequeno e comedido. A seguir, na continuidade da linha católica deste post, especificamente, temos meio que uma continuação daquele raciocínio:

"A doutrina católica sobre o papado é bíblica e decorre do primado de São Pedro entre os Apóstolos. Como todas as doutrinas cristãs, desenvolveu-se ao longo dos séculos mas não se afastou dos seus elementos essenciais, presentes na liderança e nas prerrogativas do Apóstolo São Pedro.

Tais prerrogativas foram dadas a São Pedro por Nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecidas por seus contemporâneos e aceitas pela Igreja Primitiva. Os dados bíblicos sobre o Primado Petrino são muito fortes e inelutáveis em virtude de seu peso cumulativo. Tal peso fica especialmente claro com o auxílio de comentários bíblicos. A evidência da Sagrada Escritura se segue logo abaixo:

1. Mt 16,18: “E eu te digo, tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e os poderes da morte não prevalecerão contra ela”.

A pedra (em grego, petra) aqui mencionada é o próprio São Pedro e não a sua fé ou Jesus Cristo {a}. Cristo não aparece aqui como a fundação, mas como o arquiteto que “constrói”. A Igreja é edificada, não sobre confissões, mas sobre confessores – pessoas vivas (ver, por exemplo, 1Pd 2,5).



Hoje o consenso da grande maioria dos eruditos e comentadores bíblicos se encontra a favor da interpretação católica. Aqui é dito que São Pedro é a pedra de fundação da Igreja, a cabeça e o superior da família de Deus (vemos aí a “semente” da doutrina do papado). 

Além disso, a palavra “pedra” expressa uma metáfora análoga à usada por São Pedro para designar o Messias sofredor e desprezado (1Pd 2,4-8; cf. Mt 21,42). Sem uma fundação sólida qualquer casa desaba. São Pedro é o fundamento, mas não o fundador da Igreja; administrador, mas não o Senhor da Igreja. O Bom Pastor (Jo 10,11) nos dá também outros pastores (Ef 4,11).

{a} – N. do T.: Alguns protestantes objetam que o nome de Pedro em grego, petros, significa “pequena pedra”, e que, portanto, Cristo refere-se a si próprio como rocha fundamental da Igreja, petra, “grande pedra”. 

Tal objeção não se sustenta porque:

I – No grego koiné do NT as palavras petros e petra não possuem significados distintos [ver as seguintes fontes protestantes que confirmam este fato: Joseph H. Thayer, Thayer's Greek-English Lexicon of the New Testament (Peabody: Hendrickson, 1996), 507; D.A. Carson, "Matthew," in Frank E. Gaebelein, ed., The Expositor's Bible Commentary (Grand Rapids: Zondervan, 1984), vol. 8, 368].

 II – A palavra grega para designar “pequena pedra” é lithos. Por exemplo, em Mt 4,3, o demônio tenta o Senhor a operar um milagre transformando algumas pedras, lithoi, em pães; em Jo 10,31, os judeus apanham pedras, lithoi, para apedrejar Jesus. III – Jesus falava aramaico, não grego, e em aramaico ele usou a mesma palavra para designar Pedro e pedra: kefa (cfr. Jo 1,42).

Se o Senhor tencionasse chamar o Apóstolo de “pequena pedra”, teria usado o termo aramaico correspondente, evna.

 IV – O evangelista usou petros enquanto forma masculina de petra, para evitar uma impropriedade de gênero, a designação de um sujeito masculino – o Apóstolo – com um nome feminino – petra. V -Especialistas em grego reconhecem que petros = petra na sentença de Mt 16,18. A sintaxe da frase não deixa lugar para dúvidas. Petros é o mesmo sujeito que é designado sob o nome de petra, ou seja, São Pedro.



2. Mt 16,19: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus…”
O “poder das chaves” tem a ver com a disciplina eclesiástica e a autoridade administrativa com respeito às exigências da fé, como em Is 22,2 (cf. Is 9,6; Jó 12,14. Ap 3,7). É deste poder que derivam o uso de censuras, a excomunhão, a absolvição, a disciplina batismal, a imposição de penitências e os poderes legislativos.

No AT um mordomo, ou primeiro ministro, é o “maior da casa”, o homem que ficava acima da assembléia (Gn 41,40; 43,19; 44,4; 1Rs 4,6; 16,9; 18,3; 2Rs 10,5; 15,5; 18,18; Is 22,15.20-21).

3. Mt 16,19: “…o que tu ligares sobre a terra será ligado no Céu, e o que desligares sobre a terra será desligado no Céu”. “Ligar” e “desligar” eram termos técnicos usados pelos rabinos, que significavam “proibir” e “permitir” com referência à interpretação da Lei.

Secundariamente significavam o poder de condenar ou absolver. Portanto, a São Pedro e a seus sucessores, os papas, foi dada a autoridade de estabelecer as leis para a doutrina e a vida, em virtude da Revelação e da assistência do Espírito Santo (Jo 16,13), e de receber a obediência da Igreja. “Ligar” e “desligar” representam os poderes judiciais e legislativos do papa e do bispos (Mt 18,17-18; Jo 20,23).

São Pedro, no entanto, é o único Apóstolo que recebeu esses poderes individualmente, o que o põe em lugar de preeminência no Colégio Apostólico.

4. O nome de Pedro ocorre em primeiro lugar em todas as listas dos Apóstolos (Mt 10,2; Mc 3,16; Lc 6,14; At 1,13). Mateus chega a chamá-lo de “primeiro” (10,2). Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado em último lugar.


6. Apenas Pedro, entre todos os Apóstolos, recebe um novo nome, “pedra”, solenemente conferido (Jo 1,42; Mt 16,18).

7. Da mesma forma, Pedro é colocado por Jesus como o Pastor Chefe depois dele mesmo (Jo 21,15-17) sobre a Igreja Universal, embora outros possuam um papel parecido mas subordinado (At 20,28; 1Pd 5,2).

8. Jesus ora apenas por Pedro, dentre todos os Apóstolos, para que a sua fé não desfaleça (Lc 22,32).

9. Apenas Pedro, entre todos os Apóstolos, é exortado por Jesus: “fortalece teus irmãos” (Lc 22,32).

11. Apenas de Pedro se diz que recebeu conhecimento divino através de uma revelação especial (Mt 16,17).

12. Pedro é considerado pelos Judeus (At 4,1-13) como o líder e porta-voz dos cristãos.

13. Pedro é considerado pelo povo da mesma forma (At 2,37-41; 5,15).

17. Um anjo destaca Pedro entre os discípulos como líder e representante dos Apóstolos (Mc 16,7).

18. Pedro lidera os Apóstolos na pesca (Jo 21,2-3.11). A “barca” de Pedro tem sido considerada pelos católicos como uma figura da Igreja, com Pedro no leme.

20. As palavras de Pedro são as primeiras a serem registradas e as mais importantes no Cenáculo, antes de Pentecostes (At 1,15-22).

21. Pedro toma a liderança na convocação para a escolha de um substituto para Judas (At 1,22).

22. Pedro é a primeira pessoa a falar (e a única registrada) depois de Pentecostes, de modo que ele foi o primeiro cristão a “pregar o Evangelho” no tempo da Igreja (At 2,14-36).

23. Pedro opera o primeiro milagre do tempo da Igreja, curando um aleijado de nascença (At 3,6-12).

24. Pedro lança o primeiro anátema (sobre Ananias e Safira), enfaticamente confirmado por Deus (At 5,2-11)!

25. A sombra de Pedro opera milagres (At 5,15).


27. Um anjo instrui Cornélio a procurar Pedro para conhecer a fé cristã (At 10,1-6).

28. Pedro é o primeiro a receber os gentios, após uma revelação de Deus (At 10,9-48).

29. Pedro ensina aos outros Apóstolos sobre a catolicidade (universalidade) da Igreja (At 11,5-17).



30. Pedro é o objeto da primeira intervenção divina em favor de um indivíduo no tempo da Igreja (um anjo o liberta da prisão – At 12,1-17).

32. Pedro preside e abre o primeiro Concílio da História da Igreja, e lança vários princípios que serão adotados por todos os cristãos (At 15,7-11).

33. Paulo distingue as aparições do Senhor a Pedro após a ressurreição das aparições realizadas diante dos demais Apóstolos (1Cor 15,4-8). Os dois discípulos na estrada de Emaús fazem a mesma distinção (Lc 24,34), na ocasião mencionando apenas Pedro (“Simão”), mesmo tendo eles mesmos acabado de ver o Cristo ressuscitado (Lc 24,33).

34. Pedro é muitas vezes distinguido entre os apóstolos (Mc 1,36; Lc 9,28.32; At 2,37; At 5,29; 1Cor 9,5).

35. Pedro é quase sempre o porta-voz dos outros Apóstolos, especialmente nos momentos mais importantes (Mc 8,29; Mt 18,21; Lc 9,5; Lc 12,41; Jo 6,67ss).

36. O nome de Pedro é sempre o primeiro a ser listado dentro do “círculo íntimo” dos discípulos (Pedro, Tiago e João – Mt 17,1; Mt 26,37.40; Mc 5,37; Mc 14,37).

38. Pedro é o primeiro a reconhecer e refutar a heresia, contra Simão o Mago (At 8,14-24).

39. O nome de Pedro é mais citado do que todos os discípulos juntos: 191 vezes (162 como Pedro ou Simão Pedro, 23 como Simão e 6 como Cefas). João é o segundo colocado com apenas 48 referências. Pedro está presente em 50% das vezes em que João é mencionado na Bíblia! 

O arcebispo Fulton Sheen calculou que todos os outros discípulos combinados somam 130 referências. Se isto é correto, 60% das referências a discípulos são referências a São Pedro.

44. Pedro ordenou o batismo do primeiro cristão vindo da gentilidade (At 10,44-48).

45. Pedro foi o primeiro missionário itinerante, e o primeiro a exercer o que seria chamado de “visita às igrejas” (At 9,32-38.43). Paulo pregou em Damasco imediatamente após a sua conversão (At 9,20), mas não tinha viajado até aquela cidade com esse propósito (Deus alterou seus planos!). Suas jornadas missionárias começam apenas em At 13,2.

46. Paulo partiu para Jerusalém especialmente para ver Pedro, por quinze dias, no começo de seu ministério (Gl 1,18), e foi encarregado por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) de pregar para os gentios.

49. Pedro corrige aqueles que interpretam mal os escritos paulinos (2Pd 3,15-16).

50. Pedro escreve sua primeira epístola da cidade de Roma, de acordo com muitos estudiosos, sendo seu bispo, e como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. “Babilônia” (1Pd 5,13) é uma espécie de codinome para Roma.



Em conclusão, é necessário muita credulidade para achar que Deus colocaria São Pedro em tal posição de preeminência na Bíblia sem que esta preeminência tenha algum significado ou importância para a história cristã posterior; em particular para o governo da Igreja.

A doutrina sobre o papado é, de longe, a que melhor se ajusta ao dado bíblico. Considerando a Tradição e a História, a conclusão por sua veracidade é inescapável."

***
Vejam, senhores, encerro dizendo o que sempre digo. Não tenho a pretensão de converter ninguém com estes textos. Claro, óbvio que, como católico, estou convencido de que estou certo, e gostaria que todos os seres humanos fossem verdadeiros e bons católicos. Mas, antes de querer mostrar de uma vez a VERACIDADE do catolicismo, me contento, em um primeiro momento, de ao menos mostrar a sua RAZOABILIDADE.

Nós, católicos, não retiramos nossa fé do nada. A fé católica não é uma fé à moda MIOJO, não é uma fé instantânea, e nem se absorve ou compreende instantaneamente, mas com boa vontade estou certo de que todo homem intelectualmente honesto e capaz e com o coração aberto pode alcançar o conhecimento do Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo na Instituição que Ele mesmo criou exatamente para esse fim: a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

Acima de tudo, um último apelo seria o de que se parasse de julgar a Igreja Católica pelos seus traidores, pelos seus apóstatas. Como disse o padre Paulo Ricardo, será então que julgaremos o colégio dos Doze Apóstolos por meio de Judas Iscariotes?Será que julgaremos o Brasil pela sua população carcerária?

Por que, então, se insiste em julgar a Igreja Católica por nomes infames como Alexandre VI, Sérgio III, etc?Isso não me parece somente injusto, mas, novamente, com todo o respeito, até mesmo um pouco idiota. E Jesus Cristo não veio à terra para formar um rebanho de idiotas...

A todos os meus leitores mando meus cumprimentos e minhas orações. Glória a Jesus na Hóstia Santa!Salve Maria Santíssima!



Nenhum comentário:

Postar um comentário