Continuando os relatos sobre a semana mais polêmica da minha vida. Com uma observação preliminar: estou DE SACO CHEIO de debater qualquer coisa por uns tempos. Meu, sem noção. Imagina o sofrimento que é você, quase três da manhã debatendo o já velho e batido tema do "aborto dos anencéfalos".
Antes tivesse sido só isso. Caaaaaaara, até o penteado do Para entrou em discussão. O pentado...PENTEADO de Sua Santidade. Complicado, né? Veja você até onde vai a sede de litígio de uma pessoa dessas. Enfim, chega, chega chega de falar nisso. O que passou, assou, e ainda bem, por sinal. Mas mesmo assim é muito chato.
As pessoas tem uns hábitos que me irritam muito. Gente que adora dar uma de jornalista, por exemplo. Não consegue passar um dia sem distribuir informações. É como se fossem um monte de sucursais da CNN andando por aí. "Ai, fulana, você viu que sei-lá-quem fez não-sei-o-que e blábláblá, porque fulana traiu o marido e foi uma confusão e eu já te falei do barraco que rolou lá na rua ontem, porque, valha-me Deus, não é que eu goste de fofocar, mas"...Quer dizer, PRA QUÊ GASTAR SEU DINHEIRO COMPRANDO JORNAL, né gente???
Outa espécie que faz sucesso nesse zoológico é o cara que quer dar uma de juiz. Nossa, esse aí deviam abrir uma temporada de caça de 9 meses por ano, de preferência que abrangesse o período reprodutivo, e isso tudo só pra manter a população sob controle! Pra extinguir, só mesmo com ataques nucleares sucessivos e concentrados.
Sério, será que é assim tão divertido ficar dando palpites na vida dos outros, ficar querendo julgar as pessoas, achando que pode dizer o que elas devem fazer e coisa e tal? Quer dizer, será que essas pessoas tem uma vida assim tão medíocre e amarga que a única saída é ficar vivendo a vida dos outros?
O outro tipo que eu quero falar, pra fechar o triângulo da perdição, é meio que o contrário do Juiz. é aquela pessoa que dá uma de Réu. enquanto o Juiz deixa de viver a vida dele pra meter o nariz na dos outros, o Réu deixa de viver a própria vida com medo do Juiz, e também do jornalista lá em cima, que nesse período já falou mal de um pro outro mais de uma vez, podem ter certeza.
É pra esse tipo de gente que eu quero me dirigir hoje da maneira mais especial, porque é o tipo mais melancólico de todos, o que inspira mais pena, e aqui pena é naquele sentido bem pejorativo, mesmo.
É muito ruim a gente deixar de fazer o que gosta, o que gosta e até mesmo o que precisa, só por receio do que as outras pessoas vão achar. Poucas coisas atentam mais contra a dignidade individual do ser humano. Eu sei disso porque padeci desse mal (porque efetivamente isto É um mal) por muito tempo, diria uns 3/4 da minha vida social; não que seja lá esse tempo todo, só tenho 20 anos, mas analisando a coisa de vida em termos proporcionais e não absolutos, pô, foi do metal.
Tem apenas uns 2 anos que eu comecei a me policiar no sentido de largar essa conduta. Coisas que a faculdade mostra pra gente. E o que eu posso dizer, mesmo ainda tendo muito o que aprender, é que vale a pena. Vale muito a pena.
Cara, cê tá com vontade de fazer alguma coisa? Faz. Simples assim. Lembro quando eu tinha 16 anos e estava no meio de um desses romances idiotas da adolescência. A menina vinha e me dava um beijo. E eu, lesão, perguntava pra ela: "Por que você fez isso?" E ela, na maior naturalidade: " Porque eu quis". Na época eu não entendia. Ficava horas pensando nisso e não entendia. Pra mim, as coisas eram mais complicadas do que " porque eu quis". Tinham de ser, na minha cabeça de leso.
Mas hoje eu vejo que não. Que não necessariamente nossas atitudes tem tratados de motivos por detrás delas. Que não precisamos ser como os ministros do STF que, se bobear, até pra peidar tem que se valer de alguma doutrina. Algumas vezes, as coisas simplesmente são, e é melhor que seja assim. Mais simples, mais leve, mais correto, até.
Às vezes a gente tem vergonha, claro. É um sentimento muito comum, e inclusive útil. Desde o início da humanidade, a vergonha tem sido um poderoso regular social. Deixamos de fazer besteira, muitas vezes, nem porque é errado ou imprudente ou sei lá, mas por vergonha: vergonha do que o nosso grupo social vai achar. Não queremos ser reprovados e, consequentemente excluídos da sociedade. Porque por mais que a gente negue, todos sabemos que o homem sozinho não é nada. Com efeito, nas palavras do velho Aristóteles, " o homem é um ser social".
Mas aí é que vem a pergunta de um milhão de doláres (expressão surgida nos EUA na década de 1970 por causa daqueles programas de auditório estilo SHOW DO MILHÃO, hoje encontra-se defasada, já que no capitalismo moderno internacional 1 milhão de dólares não dá nem pra nem pra saída, mais.): até que ponto eu devo me importar com o que os outros vão pensar? Aí é que está.
Tem gente que não fala em público, por vergonha. Gente que não dança, por vergonha. Gente que não canta, por vergonha. Gente que não luta pelo amor da sua vida, por vergonha. Oras, evidente que essa vergonha não tem cabimento! Vergonha, como sempre diz minha mãe, parafraseando a sabedoria do antigos, é roubar, é matar, é mentir, é trair. Isso, sim, é vergonha, isso, sim é desonra!
Meu, na boa. Os outros não são tão importantes assim pra você se reprimir por causa deles. Você quer cantar no meio da rua enquanto caminha. Canta, pô! E aí que uns e outros vão olhar feio e outros vão rir? Danem-se eles! Será que eles são cantores profissionais, abençoados com a voz de anjos celestiais? Podes apostar que em sua maioria, não! São apenas juízes, apenas jornalistas. Gente que não tem nada de especial e, pra não ter que encarar a própria falta de talento, ficam procurando ela nos outros. Danem-se essas pessoas! Estou cagando e andando pra elas!
E depois, a maioria dessas situações, são pessoas que vão te ver uma única vez na vida. Se vocês interagirem por 10 segundos, é muito. E aí, mano, um abraço. Nunca mais. Cacete, será possível, será JUSTO que uma pessoa que vai ficar 10 segundos na minha vida tenha tanto poder sobre a minha conduta?Eu digo que não, digo que isso é uma palhaçada, e se você der poder pruma pessoas dessas de impedir de ser feliz, ah mano, então o palhaço é você, olha. Tragicômico, por sinal.
Rir com os amigos no meio da rua, isso não é vergonha. Sorrir praquela pessoa que você quer conhecer, isso não é vergonha. Beijar loucamente a pessoa que você ama pra todo mundo ver, isso não é vergonha. Vergonha é deixar a vida, esse dom precioso que Deus te deu com tanto amor, passar todos os dias até se esgotar sem que um único dia tenha valido a pena. Aí, sim, que tristeza e que desperdício.
Aí, sim, que vergonha.
Deus nos dê a Sua benção. No final, é tudo de que precisamos. Amém. E viva o Papa! E viva a Igreja Católica! Viva Roma, onde o sol não tem poente. Salve a Cidade Eterna! Salve As Chaves de São Pedro! Salve o Príncipe! Salve o Rei, Cristo Jesus! Salve Maria, sua Santa mãe!
Texto extraordinário Carlinhos, e como diria Charlie Chaplin : "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos." : )
ResponderExcluirPor demais excelente, minha jovem. Deixou-me comovido.
ResponderExcluirNão tenho palavras bonitas no momento, mas você tem na memória todas as nossas looongas conversas sobre isso, justamente por causa das suas perguntas: "Por que você fez isso?", mas espero que esse texto que eu acabei de ler indique que você finalmente vai ser como é sem ficar se preocupando com os demais e fazer o que quer.
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