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sexta-feira, 13 de abril de 2012

o Computador, esse lindo que vai acabar com todos nós

O computador vai acabar com a humanidade, olha. Já está acabando, aos pouquinhos, sem a gente perceber. Sério. Esse troço vai sugar a gente pra dentro dele, sem sacanagem. Vejam o meu caso por exemplo. Meu, eu tô com tanto sono que até as minhas olheiras devem ter olheiras, e mesmo assim eu estou aqui acordado, teclando que nem um animal condicionado de algum experimento de repetição.

Bem que eu queria estar em outro lugar. Acredito piamente que muitos dos que um dia irão ler isso vão querer estar em outro lugar, também. Ou não, se as coisas ficarem tão ruins como tenho receio de que acabem ficando.
Mas estão aqui, na frente dessa máquina viciante forjada diretamente nas fornalhas mais profundas do inferno da mente humana.

Cara, como é que a gente chegou nesse ponto, meu? Hoje em dia o computador toma mais tempo das pessoas do que televisão, cara! Do que a televisão! Hoje em dia a maioria das pessoas nem assiste mais televisão direito, ela passou a ser um som de fundo pra quando a gente está usando o computador. Pra você ver a que ponto chegamos. Bizarrice pura, estilo outro 24 quilates.

Não que a televisão, pra falar um pouco dela realmente seja lá essas coisas. Especialmente no Brasil, onde você tem aquele emissora linda que é a TV Globo dominando o mercado de tv aberta, não me surpreende que as pessoas estejam preferindo o computador à televisão. Eu só ligo a tv naquela porcaria pra assistir futebol e olhe lá. Nem o Jornal Nacional eu vejo mais, já que a tv fechada me oferece canais especializados em notícia. Assim pelo menos eu posso assistir vários canais e ter acesso a várias fontes de informação, podendo pelo menos escapar um pouco da manipulação que a mídia nos impõe. Nada na televisão é neutro, começando pelos jornais, mas isso é assunto pra outro dia. Foco, foco!

Tem também o fato de o computador ser, a bem da verdade, realmente bem melhor do que a tv. Aliás, com um bom computador hoje em dia (e uma boa conexão de internet também) você efetivamente não precisa nem de televisão, nem de dvd, nem de videogame, nem de aparelho de som. O computador concentra tudo nele. É um tremendo de um guloso!

Além disso, o computador rapidamente alcançou um nível muito alto de interatividade, coisa que a televisão ainda não oferece em nível satisfatório. Enquanto na maioria das televisões, rádios e o escambau, a gente aperta um botãozinho aqui e outro ali, no máximo mudando de canal ou mexendo no volume, no computador eu faço praticamente qualquer coisa! Atente para o uso da palavra FAÇO na frase anterior, pois foi proposital.

Gente, a sensação que um computador oferece é boa demais. Enquanto na televisão, rádio e por aí vai, somos, como já falei, impotentes, passivos, limitados a um número limitado de funções, no computador somos efetivamente SUJEITOS ATIVOS. Quer dizer, agora estou digitando meu blog. Efetivamente, estou fazendo, ainda que apenas virtualmente, alguma coisa. Quando a gente está jogando, então? A gente aperta o botão e acontece tal coisa. Pessoal trapaceiro usa aí um código e mata todos os adversários no CS. Querendo ou não, isso dá uma sensação de poder sinistra pro cara, e ele, como não, vicia naquilo, né.

Sem contar que a artificialidade que é o meio virtual é fonte de realização de todas as fantasias das pessoas. Forever Alone's saciam-se solitariamente em sites de pornografia. Covardes assumem personagens corajosos. Nerds gordinhos e rejeitados na vida real são respeitados mestres de RPG, alguns respeitados como certos PHD's jamais serão. Sim, gente, eu sei que esse parágrafo foi cheio dos esteriótipos, peço perdão por ter que recorrer a esses exemplos de baixíssimo nível, não concordo que nenhuma das situações que eu falei ali é verdadeira e incontestável, não sou determinista, foi só pra vocês entenderem o que eu quero dizer sem eu ter que ficar citando Aristóteles, Theilard de Chardin e Kant, entre outros.

O fato, pessoal, é que hoje em dia você já não ve o moleque saindo de casa para jogar bola como era antigamente. Você jã não vê o fracassado lutando pra ser uma coisa melhor. Pra que jogar bola de verdade, correndo o risco de me ralar todo, se eu posso jogar FIFA, onde todos os gols são golaços e onde eu não preciso treinar meu corpo nem me sacrificar pra ser bem-sucedido? Pra que querer ser algo melhor na vida real, quando basta matar mais mil orcs pra me tornar um mestre supremo do clã virtual dos cabeças de dragão?

Eu mesmo nem poderia estar falando nada disso, já que estou em frente dessa bosta aqui tem umas quatro horas, já. Sei, sem nem pensar muito, que estou perdendo meu tempo. Poderia estar fazendo algo proveitoso. Dormindo. Estudando. Me exercitando. Orando. Indo atrás de uma mulher bem bonita. Ma não, estou aqui, eu, outro derrotado. Impotente diante da sedução exercida por essa telinha miseravelmente pequena (apenas 14 polegadas, meu modelo), do toque sensual dessas teclas especialmente dispostas para me serem convenientes...E ainda por cima esse mouse deslizante todo cheio das luzinhas...

O fato é que, quando a televisão surgiu, todos pensavam que ela ia ser o fim. Que não tinha como algo ser mais hediondamente dominador sobre o espírito humano. Oras, mal sabíamos nós que, usando a famosa expressão do universo masculino, " a televisão na frente do computador é uma moça".

Estamos perdidos, mesmo.

Obs: me abstive propositadamente de falar das redes sociais, por dois motivos. Primeiro motivo, porque não preciso, todo mundo sabe o quanto aquilo é viciante. Segundo motivo, porque queria acabar logo justamente pra checar os babados fortíssimos do facebook.

Eu disse que estávamos perdidos, não disse? Pois é.

2 comentários:

  1. Eu concordo e discordo ao mesmo tempo. Acho mesmo o computador uma coisa viciante, mas somente se eu tiver meus animes ou um pessoal beeem legal para ficar conversando. Tendo o que eu acabei de citar e um livro com uma história que eu adoro, sinto muito viciados, mas eu corro para o livro, pois eu gosto mesmo é de ler e despertar minha imaginação.

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  2. Maria Elisa Medeiros18 de junho de 2012 às 14:07

    O Pra que jogar bola de verdade, correndo o risco de me ralar todo, se eu posso jogar FIFA, onde todos os gols são golaços e onde eu não preciso treinar meu corpo nem me sacrificar pra ser bem-sucedido?
    R= Para aqueles que nunca jogaram futebol na rua e não se ralou, não sabe ao certo como é ter infância, aliás, me recordo muitas vezes, que caí na rua, me ralei toda, só para ter o gostinho de dizer que ganhei de outro time.! E melhor ainda, quem rala os joelhos, tem mais força de rezar de joelhos um Rosário inteiro. Só percebo isso hj, quando estou de joelhos rezando.
    Bendita é a minha mãe que me liberava para brincar nas ruas da minha humilde casa e aos amigos que sempre estiveram comigo.!

    Ah! Melhor de tudo é fazer gols na vida real, quando o time está na decisão final e vc como atacante, precisa fazer um gol de placa!
    Já fiz muito isso... Melhor que jogar Fifa!!!!

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