Panis Angelicus
Fit panis hominum
Dat panis coelicus figuris terminum.
O res mirabilis!
Manducat Dominum,
Pauper, pauper servus et humilis!
***
O Pão dos Anjos
Torna-se o pão dos homens
E o pão dos céus dá fim aos velhos símbolos.
Ó coisa admirável!
Deus é o alimento
do pobre, pobre e humilde servidor
***
Ataque. Toda a companhia lança-se ao ataque, desesperadamente. A essa altura do campeonato, nada mais importa. A batalha já está praticamente perdida, só resta a honra dos homens a ser salva. Ou isso, ou virar as costas e bater em retirada rumo a uma vida de misérias. Mais vale um covarde vivo do que um corajoso morto? Mas, afinal de contas, quanto vale a vida de um covarde?
Pessoas que desperdiçam suas oportunidades. Deixam passar a graça, deixam passar as bençãos, as oportunidades. E assim não sabem nada da vida, a não ser acumular derrotas e enumerar os vários motivos para estar sempre com a cabeça baixa.
"O medo de perder tira a vontade de ganhar", já dizia Wanderley Luxemburgo. Conservar, defender, ter cuidado, para não deixar acontecer nada. E, de fato, não acontece nada. Apenas um dia após o outro, enquanto a felicidade escorre pelo ralo. Nada que uma tarde de compras não resolva, é o que eles dizem. As famosas aventuras do homem assalariado.
Que é que há, pessoal? A carga não é tão pesada, assim. Sabemos disso, temos consciência de quantos vivem pior do que nós, de quantos sofrem mais, muito mais. E mesmo assim nos lamentamos, não é mesmo? Nossos fardos parecem tão grandes, tão monumentais. Somados ao peso de nossos pecados, realmente são quase insuportáveis, nos entristecem.
"O pecado é o motivo da tua tristeza. Deixa que a santidade seja o motivo da tua alegria".
(João Paulo II)
***
***
Quem disse que amar é fácil, né? Que é uma sucessão de sorrisos, de bem querer? Os momentos de maior amor da humanidade foram passados entre prantos e entre lágrimas. Ninguém amou mais os homens do que aquele Deus crucificado um belo dia. E ninguém entre os homens O amou mais do que uma certa Maria, sua mãe. Ali não havia sorrisos, não havia pôr-do-sol romântico. Não havia violinos, nem paisagens aprazíveis. Só a poeira do deserto, e o único tinto não era vinho, era sangue. Mas ninguém duvida que havia muito amor ali. Todo o amor do mundo.
Você que fala de amor, e muda de calçada para não cruzar com um mendigo. Você que comenta como é um absurdo o mundo estar desse jeito, sentado confortavelmente em seu sofá enquanto o próximo sofre sem esperança de ser ajudado. Você fala o que todo mundo quer ouvir, e faz o que todo mundo aprova.
Você que fala em encontrar alguém decente, e rejeita as melhores pessoas do mundo, talvez porque elas não tenham carro, talvez porque elas não sejam de parar o trânsito. Talvez porque elas achem mais importante fazer o certo do que simplesmente se dar bem. Você, em resumo, que me entristece, que me aborrece, que me faz acordar às vezes sem vontade de olhar pra ninguém na face da terra.
Não são as cargas que são pesadas demais. Você que é fraco, inconstante, peixe grande no lago pequeno. Mas não o culpo, porque somos todos assim. Eu sou horrível. Quase um monstro. E insuportável logo nos primeiros quinze minutos.
É Deus, é Deus quem salva da miséria. É Deus quem acode, Deus quem abraça. É Deus quem consola, e me segura quando eu quero me jogar dos prédios da vida. Algumas pessoas não se aguentam, não estendem a mão, não se deixam segurar por Deus. E se jogam, e voam para a morte, para se espatifar no chão e uma vez na vida que seja, "pararem o trânsito".
Ah, as almas! Se soubessem o quanto valem as almas, se soubessem do que o homem é capaz, quando se deixa amar e ser amado. Se soubessem o que é estar perto de Deus, se soubessem o que é estar em paz, não a paz do mundo, não a paz do poder, a paz armada, a paz que mata, mas a paz de verdade, a paz que dá a vida! Então não perderiam mais seu tempo, pensando em outras coisas.
Infelizes, quase todos. Porque caíram na armadilha de quererem algo que não lhes pode saciar. E nem a todos. Todos querem ser ricos. Não há riqueza para todos. Logo, por uma simples questão de estatística, nem todos podem ser felizes. Será? Quem padronizou a felicidade? Quem acordou um belo dia e escreveu "a felicidade é isso e ponto", e quem eram os babacas que estavam lá na hora e concordaram?
Solidão. Silêncio. Concentração. Só a brisa suave, só o barulho da existência. Nada mais. Sem gritarias, sem perturbações, sem compromissos estúpidos: Aonde você vai? A uma festa. E você quer mesmo ir? Não, só vou parar fazer um social.
Todos dizem querer a paz. Ninguém move um dedo por ela. Estão todos ocupados demais, movendo os dedos por si, mesmos. Estão todos ocupados demais promovendo a guerra, sem saber. Ou pior, sabendo, e não se importando, porque o egoísmo é mais forte. Tudo é mais importante do que o outro, especialmente se for eu mesmo.
***
Não, eu não tenho a pretensão de converter ninguém com esse texto. Não, eu não estou revoltadinho, nem cuspindo fogo, nem agindo como um adolescente mimado que solta seus venenos na internet. Só estou sentado, em meu pequeno canto de estudos, desenho e escrita depois de um dia bastante complicado, chateado pelo modo como as coisas são. Todo mundo se sente assim de vez em quando, não é mesmo?
E no entanto, basta um olhar do Mestre, e todo o pranto se converteria em alegria.
Quando se encontrou algo tão maravilhoso como eu encontrei, quando se tem a graça totalmente imerecida de esbarrar com um tal de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que se ganha um motivo perene para sorrir, ganha-se um motivo perene para preocupar-se, e inquietar-se. Inquietar-se por quem ainda não teve essa experiência, entristecer-se por quem ainda não teve o mais delicioso e sublime dos encontros, que faz todos os outros encontros perderem a importância.
É preciso, porém, continuar, e alegrar-se. Há muitos motivos para se alegrar, em verdade, e, se não os percebemos, isso se deve antes de qualquer outra coisa à nossa falta de virtude. Ninguém jamais carregou um fardo mais pesado do que Nosso Senhor Jesus Cristo, e no entanto ele ainda encontrava forças para chamar a si os cansados e os abatidos. Apenas uma virtude muito grande, apenas um amor imenso, é capaz de gerar no coração humano esse tipo de atitude.
Sim, o amor é, sem dúvida, o que há de mais desafiador em qualquer época da história. E o que há, também, de mais divino. Só se chega ao conhecimento de Deus e de sua verdadeira natureza a alma dotada de um grande amor. Sem amor, Deus se torna incompreensível e assustador aos olhos dos homens. O amor é a lente através da qual é possível ao coração do homem focalizar a Deus.
Apenas um coração repleto de amor estará disposto a lutar a favor da vida, mesmo da vida que não tem voz. Apenas um amor tenaz, persistente, que supere o entendimento e o egoísmo humanos, será capaz de fazer frente a esse império da morte que os governos ao redor do mundo tem se esforçado tão acirradamente em implementar.
Como Madre Tereza disse: "Se nós somos capazes de aceitar que uma mãe mate o seu próprio filho, como é que vamos dizer às outras pessoas para não se matarem?" Infelizmente, vivemos em uma cultura de repúdio ao sofrimento, de repúdio à dificuldade, ao inconveniente. Nesse sentido, até mesmo o amor tem se tornado um inconveniente. Porque, para aquele que ama, tudo é válido, até mesmo o sofrimento. Para quem ama, sofrer não é um fardo, mas uma honra.
Para quem ama, o casamento indissolúvel já não é loucura e atentado contra a liberdade, mas compromisso que se quer honrar até o fim. Para quem ama, a virtude já não é uma prisão e um dever pesado, mas justamente o contrário, é a leveza de estar de acordo com as diretrizes do mais nobre e puro de todos os sentimentos. Quem ama não se importa com essa tal de "busca pela felicidade". O amor é feliz em si mesmo.
Enfim, eu quis falar de amor. Quis falar de vida. Quis falar Daquele que dá a Vida. Daquele que me dá forças para defender, com Ele, a vida. Eu poderia ter falado do amor de namorados, como venho falando, embora de uma forma no mínimo heterodoxa. Poderia, mas não quis, porque às vezes o homem deve ser fiel aos anseios do seu coração. Em verdade, o deve ser sempre, o "às vezes" é uma forma de denunciar a própria inconstância e humanidade imperfeita deste que escreve. Mas meu coração ansiava por escrever para Aquele que me amou primeiro.
Pois qualquer um que O encontrou sabe do que eu estou falando. Qualquer um que cruzou com aquele Amor, sabe que não há outro igual. Sabe que nada se compara, sabe que nada pode superar. Quem encontrou Jesus, encontrou o Amor Perfeito.
***
Meu Senhor e meu Deus!
Quem fará por mim mais do que Vós?
E quem me amará mais do que meu Deus e meu amado?
Ninguém, meu Senhor, pode comparar-se a Vós
Vosso imenso Amor salvou-me dos estertores da morte
Meu coração infla-se de felicidade junto de Ti!
Para sempre, meu Senhor, Vos serei grato
Junto de ti, já não sentirei vergonha.
***
"Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso".
(trecho da oração de consagração ao Sagrado Coração de Jesus, devoção tipicamente católica)
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Não, eu não tenho a pretensão de converter ninguém com esse texto. Não, eu não estou revoltadinho, nem cuspindo fogo, nem agindo como um adolescente mimado que solta seus venenos na internet. Só estou sentado, em meu pequeno canto de estudos, desenho e escrita depois de um dia bastante complicado, chateado pelo modo como as coisas são. Todo mundo se sente assim de vez em quando, não é mesmo?
E no entanto, basta um olhar do Mestre, e todo o pranto se converteria em alegria.
Quando se encontrou algo tão maravilhoso como eu encontrei, quando se tem a graça totalmente imerecida de esbarrar com um tal de Jesus Cristo, ao mesmo tempo em que se ganha um motivo perene para sorrir, ganha-se um motivo perene para preocupar-se, e inquietar-se. Inquietar-se por quem ainda não teve essa experiência, entristecer-se por quem ainda não teve o mais delicioso e sublime dos encontros, que faz todos os outros encontros perderem a importância.
É preciso, porém, continuar, e alegrar-se. Há muitos motivos para se alegrar, em verdade, e, se não os percebemos, isso se deve antes de qualquer outra coisa à nossa falta de virtude. Ninguém jamais carregou um fardo mais pesado do que Nosso Senhor Jesus Cristo, e no entanto ele ainda encontrava forças para chamar a si os cansados e os abatidos. Apenas uma virtude muito grande, apenas um amor imenso, é capaz de gerar no coração humano esse tipo de atitude.
Sim, o amor é, sem dúvida, o que há de mais desafiador em qualquer época da história. E o que há, também, de mais divino. Só se chega ao conhecimento de Deus e de sua verdadeira natureza a alma dotada de um grande amor. Sem amor, Deus se torna incompreensível e assustador aos olhos dos homens. O amor é a lente através da qual é possível ao coração do homem focalizar a Deus.
Apenas um coração repleto de amor estará disposto a lutar a favor da vida, mesmo da vida que não tem voz. Apenas um amor tenaz, persistente, que supere o entendimento e o egoísmo humanos, será capaz de fazer frente a esse império da morte que os governos ao redor do mundo tem se esforçado tão acirradamente em implementar.
Como Madre Tereza disse: "Se nós somos capazes de aceitar que uma mãe mate o seu próprio filho, como é que vamos dizer às outras pessoas para não se matarem?" Infelizmente, vivemos em uma cultura de repúdio ao sofrimento, de repúdio à dificuldade, ao inconveniente. Nesse sentido, até mesmo o amor tem se tornado um inconveniente. Porque, para aquele que ama, tudo é válido, até mesmo o sofrimento. Para quem ama, sofrer não é um fardo, mas uma honra.
Para quem ama, o casamento indissolúvel já não é loucura e atentado contra a liberdade, mas compromisso que se quer honrar até o fim. Para quem ama, a virtude já não é uma prisão e um dever pesado, mas justamente o contrário, é a leveza de estar de acordo com as diretrizes do mais nobre e puro de todos os sentimentos. Quem ama não se importa com essa tal de "busca pela felicidade". O amor é feliz em si mesmo.
Enfim, eu quis falar de amor. Quis falar de vida. Quis falar Daquele que dá a Vida. Daquele que me dá forças para defender, com Ele, a vida. Eu poderia ter falado do amor de namorados, como venho falando, embora de uma forma no mínimo heterodoxa. Poderia, mas não quis, porque às vezes o homem deve ser fiel aos anseios do seu coração. Em verdade, o deve ser sempre, o "às vezes" é uma forma de denunciar a própria inconstância e humanidade imperfeita deste que escreve. Mas meu coração ansiava por escrever para Aquele que me amou primeiro.
Pois qualquer um que O encontrou sabe do que eu estou falando. Qualquer um que cruzou com aquele Amor, sabe que não há outro igual. Sabe que nada se compara, sabe que nada pode superar. Quem encontrou Jesus, encontrou o Amor Perfeito.
***
Meu Senhor e meu Deus!
Quem fará por mim mais do que Vós?
E quem me amará mais do que meu Deus e meu amado?
Ninguém, meu Senhor, pode comparar-se a Vós
Vosso imenso Amor salvou-me dos estertores da morte
Meu coração infla-se de felicidade junto de Ti!
Para sempre, meu Senhor, Vos serei grato
Junto de ti, já não sentirei vergonha.
***
"Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso".
(trecho da oração de consagração ao Sagrado Coração de Jesus, devoção tipicamente católica)
Como sempre, um fascínio do começo ao fim.
ResponderExcluirMuito gentil, como sempre. Muito obrigado, querida!
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