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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Considerações sobre o SOLA SCRIPTURA

Caros leitores, antes de mais nada cumpre informá-los de que ultimamente tenho estado profundamente envolvido em projetos de cunho altamente apologético. Como católico que sou, e não escondo de forma alguma - pelo contrário, quem me conhece pessoalmente sabe que até ostento essa característica - que o sou, confesso que muito me agrada escrever sobre a Sã Doutrina, que tanto amo.

Alguns, porém, podem acabar não gostando dos textos, e até se sentindo profundamente ofendidos. Não é a intenção. Meu único desejo é promover minha fé, da qual estou plenamente convencido e que muito me faz feliz. Se publico e defendo, e divulgo e sugiro a outros que a sigam também, é para que experimentem a mesma felicidade que eu mesmo vivo. Isto posto, vamos em frente.

O texto a seguir foi retirados do blog VISÃO CRISTÃ, cujo autor é simplesmente o Bispo Auxiliar de Aracaju, Dom Henrique Soares da Costa. 

Na visão do autor, o mesmo é um dos melhores bispos em atividade no Brasil, e suas palavras representam a exposição segura da doutrina católica.

Não é, portanto, um post em que eu mesmo vá ter um papel de destaque. O objetivo é divulgar a obra do Bispo, e ao mesmo tempo introduzir o tema do presente post.

Lamentavelmente, o blog de Sua Excelência, que era hospedado nos servidores do UOL, teve problemas e teve de ser desativado. Por isso, o mesmo está começando praticamente do zero, em novo endereço, que segue abaixo:


Feita a devida e salutar divulgação do blog desse homem maravilhoso, que é uma referência de fé católica para o autor, prossigo com o pequeno texto escrito pelo mesmo:

***

"Quando a Palavra se faz confusão!

Só para que compreenda bem, meu Leitor: Quando alguém aparecer a você argumentando contra algum ponto da fé da Igreja com esta expressão "isto não é bíblico" ou "onde está na Bíblia?", já esteja certo: este tipo de raciocínio é viciado pelo erro interpretativo (= hemenêutico, se diz) protestante! A própria pergunta, o próprio modo de argumentar já está errado, é míope e foge à fé dos cristãos!

Onde está o erro, a ilusão, a armadilha? Ei-la: todo texto, sem exceção alguma - inclusive os textos da Escritura Sagrada - é sempre interpretado a partir de uma determinada visão. Qual visão? A visão de quem o lê, de quem o interpreta.

Essa visão pode ser chamada "tradição", isto é, toda aquela mentalidade, cultura, sensibilidade, nas quais o leitor lê e interpreta o texto...

Ora, no caso da Escritura, só há duas possibilidades:

(1) Lê-la na Tradição da Igreja, que é a Tradição Apostólica e orientada pelo Santo Espírito, como Cristo garantiu no Evangelho e os Apóstolos recomendaram e testemunharam.

(2) Lê-la com as tradições humanas, dos vários fundadores de denominações cristãs, que deformaram e parcializaram a Escritura, exagerando ou negando, sempre desequilibrando algum aspecto dela, impondo-lhes sua própria tradição humana.

Dois exemplos disso:

1. Na Escritura nunca se ensinou ou afirmou o princípio protestante da "sola Scriptura" (só a Bíblia é norma de fé). Isto é uma tradição humana criada erradamente por Lutero.

Então, os católicos estejam atentos para não engolirem esse princípio, que não é bíblico nem pertence à reta Tradição da Igreja. Nunca, em 1500 anos de cristianismo, foi ensinado isto! Foi invenção dos reformadores protestantes! E o resultado foi uma catástrofe!

2. Eis a catástrofe: cada fundador de denominação, inventa sua tradição humana de interpretação e a considera a única interpretação literal da Escritura! E, na verdade, nenhuma dessas tradições tem autoridade alguma, pois se separam da verdadeira Tradição Apostólica, a única na qual a Escritura pode ser retamente interpretada, pois transmitida ininterruptamente pela Igreja com a assistência do Espírito Santo.

Releia bem o que escrevi e compreenda, para não cair na armadilha argumentativa dos enganados e enganadores biblicistas ou bibliomonistas que, erradamente, reduzem o cristianismo à Bíblia!

Escrevo estas coisas para esclarecer os filhos da Igreja, meus irmãos, aos quais devo o serviço da pregação da nossa santa fé católica.

***

Já avisei lá em cima que eu mesmo escreverei pouco nesse post. Farei apenas intervenções pontuais para "linkar" as citações que separei para publicar aqui.

Peço a atenção do leitor para a "catástrofe" da interpretação pessoal apontada por Sua Excelência o Bispo: a interpretação pessoal das Sagradas Escrituras.

Sempre gosto de dizer que o protestantismo é um movimento anti-Pentecostes. Contra a descida do Espírito Santo, do Espírito de Unidade, de entendimento, de concordância.

O protestantismo teve o condão de trazer ao seio cristão a discórdia em níveis nunca antes experimentados, multiplicando as doutrinas e desfigurando as verdades cristãs, que agora estão diluídas em meio a um mar de heresias.



Em sua própria base, em seu próprio começo, o postulado de que qualquer um pode ler a bíblia e então, a partir dela, criar sua própria doutrina, não poderia servir para outra coisa que não tornar um homem, por mais ignorante que seja, subitamente capaz de se opor a todo o entendimento que a Igreja sempre teve.

Tudo, é claro, sob o argumento de que o mesmo está "assistido" pelo Espírito Santo, e portanto não pode errar. O problema é que esse negócio de dizer que está assistido pelo Espírito Santo se tornou tipo o preso dizer que é inocente. Todos o dizem, mas quantos o são realmente?Deixo a pergunta no ar...

Para demonstrar de forma exemplar onde esse tipo de pensamento pode nos levar, vejamos um pouco da fala de um homem muito famoso na história ocidental:

"Io non ammetto che la mia dottrina possa
essere giudicata da alcuno, neanche dagli Angeli.
Chi non riceve la mia dottrina non può giungere alla salvezza".

(Martinho Lutero, Weim., X, P. II, 107, 8-11)

traduzindo:

"Eu não admito que a minha doutrina pode ser julgado por ninguém , até mesmo pelos anjos . Quem não receber a minha doutrina não pode alcançar a salvação . "

(Martinho Lutero, Weim., X, P. II, 107, 8-11)

***

Sensacional, não acham?Um único homem, de repente, apregoa a si mesmo o conhecimento e autoridade para negar todo o ensinamento de 1.500 anos da Igreja, e ainda nos afirma que a SUA doutrina é que é a correta. 

E isso é apenas o pioneirismo nesse tipo de atitude! A partir desse marco inicial, o que passaremos a ver na história será uma sucessão desses "iluminados", cada um afirmando categoricamente que foi "iluminado" pelo Espírito Santo, e que em sua doutrina reside o cristianismo verdadeiro.

Seria tudo muito lindo, se cada um desses homens não dissesse algo diferente do outro...

(pausa dramática)

Quero dizer, fica claro desde já que tem alguma coisa errada nisso tudo. Na verdade, algumas coisas, TUDO, enfim. Como já nos alertou lá em cima Dom Henrique, o raciocínio está ferido de morte já em seu início.



Para reiterar esse posicionamento e procurar tornar as coisas mais claras, vejamos o que tem a dizer sobre o tema uma figura muito famosa no contexto cultural brasileiro, que recentemente lançou um livro muito bom que o autor recomenda a todos: O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA NÃO SER UM IDIOTA:

"Acerca do SOLA SCRIPTURA:

Vamos largar a confusão teológica e voltar à questão histórica básica. Mateus, Marcos, Lucas e João escreveram os Evangelhos como simples autores independentes, ou como membros e representantes da Igreja? Como membros e representantes da Igreja. 

Foi portanto a Igreja que, neles, recebeu a inspiração divina para escrever os Evangelhos. A Igreja escreveu os Evangelhos e ela é não só a autora do texto e a garantidora da sua autenticidade, mas o canal pelo qual a inspiração divina se materializou em texto. A inspiração vem antes da redação ou depois?

Necessariamente antes. É a inspiração divina que garante a sacralidade do texto ou, ao contrário, o texto que garante a inspiração divina que o antecede? Evidentemente, a inspiração origina, precede e garante o texto e não ao inverso. 

Os Evangelhos são portanto a expressão textual que traz a nós, sob a forma de texto, a verdade dada anteriormente à Igreja como inspiração. A mera existência física dos Evangelhos prova a origem da sua autoridade: a Igreja, portadora da inspiração divina que os produziu."

Olavo de Carvalho.

***

Fica bem claro, portanto, que é extremamente arriscado, para não dizer tolo, querer interpretar as escrituras de maneira pessoal, individual, dissociada da Tradição e do magistério da Igreja.

As Escrituras foram escritas pela Igreja, e quem melhor para dizer o sentido de um texto do que quem o escreveu?Notem que aqui nem estou apelando para o Espírito Santo, pois acredito que, antes de ser uma questão de fé, isto é uma questão de lógica.

Oras, se eu escrever um texto, eu mesmo que vos falo, é óbvio que a pessoa mais capacitada para dizer o sentido desse texto sou eu mesmo. O mesmo sucede com a Igreja. 



Note-se que aqui não estou em momento algum dizendo que um protestante, ao ler as Escrituras, não poderá lhes encontrar o real sentido.

Não estou dizendo que um protestante, nesse particular. Estou dizendo que a Igreja não pode errar. E já escrevi acerca dos motivos.

A Igreja é assistida pelo Espírito Santo, e na Igreja Romana governa o sucessor legítimo de São Pedro, aquele a quem Jesus Cristo prometeu o "poder das chaves". Agora, sim, estou entrando na questão da fé, mas ainda assim guardando a lógica com os textos sagrados.

Nesse sentido, convém citar trecho particularmente didático da Profissão de fé do Concílio de Trento:

"Reconheço a Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, como Mestra e Mãe de todas as Igrejas. Prometo e juro prestar verdadeira obediência ao Romano Pontífice, Sucessor de São Pedro, Príncipe dos Apóstolos e Vigário de Jesus Cristo."

***

Ainda no que diz respeito a esta questão, se alguém quiser se aprofundar mais nos últimos argumentos que acabei de expor, recomendo o link abaixo, que apresenta o tema de forma muito didática e prática. Menção honrosa ao excelente trabalho executado pelo blog VERITATIS SPLENDOR:


Apenas para dar um gostinho ao leitor, encerro esta parte com o trecho inicial da argumentação exposta no link acima:

"Desde o princípio, Deus fala com sua Igreja através da Bíblia e da Sagrada Tradição. Para garantir que sejam compreendidas por nós, Deus guia a autoridade de ensino da Igreja - o Magistério - para que esta possa interpretar perfeitamente a Bíblia e a Sagrada Tradição.

Eis a dádivá da infalibilidade! Esses três elementos - a Bíblia, a Sagrada Tradição e o Magistério - são todos necessários para que haja a estabilidade da Igreja e para garantir a segurança da doutrina."

***

Mas tudo bem, estes são argumentos genuinamente católicos, alguém poderá dizer. E onde posso encontrar referências bíblicas de que a Igreja de Roma é assim tão especial como os católicos querem fazer parecer?Oras, eu responderia ao protestante que em nenhum outro lugar fora a própria bíblia.


O ex-pastor protestante Paulo Leitão, hoje um dos grandes pregadores católicos em atividade nesse país, fez questão de separar alguns trechos particularmente reveladores da Carta de São Paulo aos ROMANOS, em que o Apóstolo deixa escapar algumas frases interessantes. Vejamos:

"Em primeiro lugar, dou graças ao meu Deus mediante Jesus Cristo por todos vós, PORQUE VOSSA FÉ É CELEBRADA EM TODO O MUNDO."

(São Paulo, Carta aos ROMANOS, Capítulo 1, Versículo 8.)

***

"Pessoalmente, estou convencido, irmãos, de que estais cheios de bondade e REPLETOS DE TODO O CONHECIMENTO E EM GRAU DE VOS PODER DESADMOESTAR MUTUAMENTE."

(São Paulo, carta aos ROMANOS, Capítulo 15, versículo 14.)

***

" Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. TODAS AS IGREJAS DE CRISTO VOS SAÚDAM."

Rogo-vos, entretanto, irmãos que estejais alertas CONTRA OS PROVOCADORES DE DISSENSÕES E ESCÂNDALOS CONTRÁRIOS AO ENSINAMENTO QUE RECEBESTE. EVITAI-OS. Porque estes não servem a Cristo, nosso Senhor, mas ao próprio ventre, e com palavras melífluas e lisonjeira seduzem os corações simples.

VOSSA OBEDIÊNCIA TORNOU-SE CONHECIDA DE TODOS E SOIS PARA MIM MOTIVO DE ALEGRIA. Mas desejo que sejais sábios para o bem e sem malícia para o mal.

Pois o Deus da paz não tardará em esmagar satanás debaixo de VOSSOS PÉS. Que a graça do Senhor Jesus Cristo esteja convosco!

(São Paulo, Carta aos Romanos, Capítulo 16, versículos 16 a 20)

***



Observem, eu poderia ter separada várias outras passagens aqui, a respeito de São Pedro, por exemplo. Já o fiz, porém, em outro post recente.

A leitura cumulativa das passagens acostadas aqui com as referentes ao PAPADO no post de minha autoria que linkarei logo abaixo deverá, julgo eu, ser suficiente para dar a um biblista muito em que pensar:


***

Tendo em vista tudo o que foi dito, julgo deveras conveniente elencar aqui mais um escrito de um filósofo famoso a respeito do tema:

'Qual o fundamento evangélico da "Sola scriptura"?

Mostre-me, nos Evangelhos, um só versículo que os afirme como única fonte confiável sobre os ensinamentos de Jesus. Eu, da minha parte, li em João 21:25, o contrário disso: que "Jesus disse muitas outras coisas".

Mostre-me um versículo que afirme que os ouvintes diretos dessas coisas não têm autoridade para repassá-las oralmente, ou que negue que alguém as tenha ouvido.

Os autores dos Evangelhos eram homens da Igreja, falavam em nome dela, e foi a Igreja que, bastante tempo depois da morte de Jesus, julgou e selecionou os quatro textos canônicos, separando os apócrifos e duvidosos. A integridade do texto evangélico vem, pois, da autoridade da Igreja, e não ao inverso.

Se os Evangelhos fossem a única fonte autorizada, isso estaria declarado no próprio texto deles, pois não é cabível que Deus, ao inspirar os evangelistas, se esquecesse de lhes ditar logo o preceito fundamental para a leitura daquilo que estavam escrevendo.

"Sola scriptura" é um argumento autocontraditório, absurdo na base.'

Olavo de Carvalho

***

Vejamos ainda o que algumas ilustres figuras católicas tem a nos dizer, finalmente, sobre os indivíduos que, ao longo do tempo, adotaram a SOLA, e se separaram da Igreja:

"Não pode haver fé no Espírito Santo se não houver fé em Cristo, na doutrina de Cristo, nos sacramentos de Cristo, na Igreja de Cristo.

Não é coerente com a fé cristã, não crê verdadeiramente no Espírito Santo quem não ama a Igreja, quem não tem confiança nEla, quem só se compraz em apontar as deficiências e as limitações dos que a representam.

Quem a julga de fora e é incapaz de se sentir seu filho.”

(São Josemaría Escrivá)

***

"Triste é o católico que coloca suas
opiniões e vontades, acima do que a Igreja orienta."

(São Jerônimo)

***



***

E, finalmente, para encerrar com chave de ouro, um Santo cujos escritos fazem parte da própria Bíblia:

"A Igreja é a Coluna e o Fundamento da Verdade."

(Primeira Carta de São Paulo A Timóteo, Capítulo 3, versículo 15)

Nesse sentido, se alguém quiser se aprofundar, no tema, novamente me socorro da competência e excelente redação do blog VERITATIS SPLENDOR:


De minha parte, eu já estou honestamente cansado, motivo pelo qual encerro por aqui. Abraço a todos. Glória a Jesus na Hóstia Santa!Salve Maria Santíssima!


2 comentários:

  1. A Bíblia é um livro, Jesus é a palavra de Deus encarnada, o verbo da vida! As escrituras são um meio tecnológico o qual temos acesso a palavra Dele. Os apóstolos foram seres humanos, homens bons, mas sujeito a emoções (Jo 18:10) falhos (Gl 2:14) como eu e você, e ainda eles próprios disseram que se alguém, até mesmo eles, ensinasse algo que fosse além do que Cristo propôs como essencial, para desconsiderarmos, seja anátema (Gl1:8)!

    Por mais que as escrituras sejam apenas uma síntese do que Jesus fez e falou, e muito ainda ele havia falado que está alem do relatado nos evangelhos (Jo 21:25), bem como em muito ele havia de revelar pelo espírito da verdade (Jo 16:13), isso não implica em dizer que tudo quanto os apóstolos disseram foram revelações de Cristo! Eles mesmos admitiram isso! Nem tão pouco, dá o direito de certas passagens difíceis do N.t virarem doutrinas religiosas a partir das cartas dos apóstolos.

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  2. O BANNER É UMA CRÍTICA DIRETA AOS protestantes que AFIRMAM, que a bíblia é a Única revelação de Deus na terra. ((SOLA ESCRIPTURA))

    A Bíblia é um livro confeccionado pela igreja católica! No vaticano existem várias passagens e documentos que não fora colocadas na BIBLIA, porque o magistério da igreja disse não ser a palavra de DEUS!

    TODAVIA, Jesus é a palavra de Deus encarnada, o verbo da vida! As escrituras são um meio tecnológico o qual temos acesso a palavra Dele.

    Por mais que as escrituras sejam apenas uma síntese do que Jesus fez e falou, e muito ainda ele havia falado que está alem do relatado nos evangelhos (Jo 21:25), bem como em muito ele havia de revelar pelo espírito da verdade (Jo 16:13)!

    Ainda que, as escrituras tenham apenas 0,001% de confiabilidade, já é o suficiente! Porque tudo que Jesus disse se resumo aqui: "Quem quiser servir a Deus, antes, sirva a seu próximo como a ti mesmo! Seja bom, misericordioso, justo com as pessoas e trate os outros como quer ser tratado!" - Basta analisar as parábolas, todas elas dizem as mesmas coisas, e de tudo que Jesus falaou, sempre queria dizer isso.

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