Domingo, dia do Senhor. A Cristandade (o que sobrou dela) pára em sua rotina de trabalho capitalista para recordar a glória da Criação e o Amor sem limites do Senhor, que nos deu seu Filho muito amado para ser nosso irmão. Ressurgindo dos mortos no domingo, ele abre-nos as portas do céu, muda para sempre a condição humana e transforma o domingo nessa maravilha que temos hoje.
Hoje meu domingo foi, sem dúvida alguma, maravilhoso. Não tenho como reclamar do domingo. Nem mesmo a derrota do Vascão da Gama pro Botafogo na final da Taça Rio me deixou de mau-humor. Aliás, parabéns ao Botafogo, time muito bem treinado. Fiquei positivamente impressionado.
Já no lado Vasco, Meu Deus! Aquele Cristovão Borges, sei não...Aliás, eu sei! Sei que ele nunca serviu nem nunca servirá para o Vasco, mas não vamos perder nosso tempo falando de futebol aqui, já basta o tempo que perdemos em outros ambientes.
O post do dia de hoje é, antes de mais nada, uma ode à felicidade à satisfação, e ao Deus que nos proporciona essa experiência maravilhosa que é a vida. Nossa, como é bom estar vivo! Quer dizer, nunca estive morto, por assim dizer, para saber como é, mas cara, estar vivo é em si uma coisa que me deixa boquiabertamente impressionado, grato. Quando meu intelecto é subitamente inundado pela consciência de minha própria existência enquanto ser vivo, movente, pensante e amante, nossa...eu piro.
Hoje e ontem, pude sentir de novo a alegria que é estar engajado na causa do Senhor. Não que isso não seja sempre uma honra e uma alegria. Mas às vezes, como todos podemos perceber em nossas vidas, as coisas boas acabam extrapolando, tornando-se, assim, mais que boas, mais que ótimas: perfeitas. Hoje foi perfeito.
Reconheço que não há muito conteúdo nesse post, apenas experiência, apenas emoção, sensação. Não é esse meu estilo, como são sabedores os que me conhecem. Mas hoje, sei lá, parece que não há nada a ser explicado, sabe? Simplesmente a ser dito. Simplesmente algo que extrapola o seu coração, algo que clama para ser dito, para ser espalhado, como uma chama que cai em material combustível e se espalha com escândalo.
Hoje, pude ver como é bom estar com os amigos, reunidos em oração. Como é bom um churrasco, uma bola jogada em santidade. Uma conversa sem futilidade, sem malícia, sem brincadeiras de mau-gosto. Quase uma utopia virando realidade ali, e você fazendo parte daquilo, é algo que não tem preço. Só faltava o próprio Jean Rousseau se materializar ali e começar a sorrir com a gente, ou um Charles Montesquieu, um Theilard de Chardin, entre outros, e começarem a sorrir e conversar com a gente, pra completar o paraíso na terra.
Hoje, pude experimentar de novo a beleza de ser cristão, de sonhar com um mundo melhor, com um céu perfeito onde Deus é tudo em todos, e aqui mesmo, nesta vida, poder trabalhar e sentir as coisas nesse sentido. Na confiança que os outros nos depositam, nas palavras de conforto trocadas entre os irmãos, na solidariedade reinante no ambiente. Como, Senhor, como não se encantar e apaixonar pela Tua causa, se ela é simplesmente tão maravilhosa? Com efeito, milhões de homens irão procurar o que temos, irão desejar sentir o que sentimos, e não obterão êxito! Mas a nós, a nós é dado conhecer desde aqui as maravilhas do céu!
Irmão, estou escrevendo porque quero compartilhar da minha felicidade com você nesse dia. Partilhar deste sentimento maravilhoso que me preenche e me aquece o coração, me enche de paz, afasta o vazio, vence a tristeza, aparta a solidão. Como poderia dividir contigo que sinto agora, fazer-te meu companheiro nessa alegria! Como poderia olhar nos teus olhos e ver neles a mesma maravilha que o Dono de todas as coisas me proporcionou no dia de hoje!
Obrigado, Senhor, por tudo o que fizeste a mim e a meus irmãos no dia de hoje! Quisera eu, e sei que assim queres também Tu, que toda a humanidade sinta a maravilha que é estar contigo, descansando em Teus braços, sorvendo de tua sabedoria! Ilumina, Senhor, os caminhos da humanidade! Perdoa nossa burrice, nossa presunção, nosso orgulho e nosso comodismo. Acolhe-nos, Mestre dos Mestres, nas mansões de Tua Sabedoria, na Eternidade de tua Misericórdia, na Alegria sem fim do teu Amor!
Não estou pregando, irmão. Quem sou eu para querer convencer-te? Apenas um homem como tu, cheio de defeitos, misérias, sujeira, podridões, mesmo! E mesmo assim, olha o que Ele faz comigo! Imagina o que não poderá fazer por ti, se para Ele te voltares? Com efeito, será assim tão repelente a ideia de poder sentir-te tal qual sinto-me agora?
Com efeito, só uma coisa digo. Nunca, jamais, em nenhum outro lugar, encontrei quem me fizesse mais feliz do que o Senhor. Nunca enjoa, nunca faz mal, nunca decepciona. Nunca dá apenas metade, nunca deixa faltar um único espaço vazio, mas tudo preenche. Quem pode, dentre os homens, dizer que uma única vez em sua vida, pelo menos, já esteve pleno?
Domingo, Dia do Senhor.
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domingo, 29 de abril de 2012
sábado, 28 de abril de 2012
Em defesa da monarquia - Parte 1 - um convite a uma visão impessoal
Antes de mais nada, quero agradecer o pessoal que está acessando o blog e comentando comigo. Espero que ainda demore bastante pra vocês se enjoarem disso aqui, mas caso isso fatalmente venha a acontecer, peço por gentileza que tenham a caridade comigo de divulgar pra outras pessoas, assim pelo menos ainda terei motivos para continuar escrevendo, enjoando novas levas de leitores num círculo vicioso. E, considerando que depois de água, inseto e planta o que mais tem na Terra é gente, é um ciclo bem longo, mesmo.
Pois é, pessoal da turma da fuzarca, hoje estou muito feliz, mas muito feliz mesmo. Ganhei um livro super interessante, de um autor que é realmente uma ponta-de-lança do socialismo, muito especialmente por ser o mesmo estadunidense, o autor que já admiro tem algum tempo, Sr. Jack London. Não estou fazendo nenhuma propaganda do socialismo, apenas do autor, que realmente tem uma ou duas coisas muito interessantes pra dizer pra todos nós.
Quem com certeza tem muito mais do que apenas uma ou duas coisas para dizer pra todos nós é o amor de mulher que me deu o livro, essa, sim, queria poder sorver cada som que aquela coisinha fofa emite, desde os discursos mais eloquentes até um simples bocejo ou mesmo um gemido manhoso. Enfim, vamos retomar a classe, né?
Voltando ao ponto acima, não estava fazendo propaganda nem apologia ao socialismo, mas também não o estou denegrindo. Só pra constar. Em termos de política quem me conhece sabe. Sou monarquista, viva a monarquia, mas meu modelo de monarquia é muito complexo, lembrando muito pouco a concepção tradicional e compreensivelmente não-convidativa de monarquia que muitos de nós com certeza possuem em seus neurônios.
Meu modelo monárquico é, básica e incompletamente (ainda estou resolvendo alguns problemas como o papel do Conselho do Rei e a relação com o Exército), poderia dizer que meu modelo político de monarquia é um misto da monarquia medieval francesa com o até hoje muito bem-sucedido modelo de governo do Estado Pontifício
Aliás, convém esclarecer que essa visão macabra que se tem hoje da monarquia decorre na verdade não da genuína natureza da monarquia, mas de sua desvirtualização ideológica por parte de Reis e de autores democratas totalmente parciais, muitos, vocês sabem que é verdade, a serviço dos interesses da burguesia, mesmo porque, que droga, os autores sempre dependem do patrocínio para divulgarem suas ideias, mesmo que o patrocínio só seja possível deturpando-se as próprias ideias. O que o homem não faz para ter comida na mesa, não é mesmo?
Vamos lá. O primeiro grande problema para a monarquia foi essa bosta, esse cancro, esse desgosto para qualquer monarquista (eu), que foi a palhaçada do Estado Absolutista. Tudo bem, muitos poderão argumentar que foi com ele que nasceu a concepção moderna de Estado, um Ente que simboliza e concentra todos os elementos constituintes de uma nação (povo, território, soberania e, dependendo da corrente, finalidade), e é verdade mesmo, tamos juntos nessa daí.
O grande problema foi o tal do Déspota Esclarecido. Meu, como assim? Os intelectuais criaram toda uma ideologia, toda uma fundamentação para a ditadura e para o absolutismo, e depois enfiaram tudo isso goela abaixo da realeza. Que, obviamente concordou com aquilo, apossando-se de tudo. Devemos sempre nos lembrar que os Reis sempre tinham um Conselho, e nesse conselho haviam filósofos, políticos, estadistas, clérigos e economistas, entre outros, pessoas que sabiam que o modelo feudalista estava ultrapassado, que o Estado precisava se fortalecer, que era necessária uma unificação e centralização das coisam em nome do novo modelo que surgia, qual seja, o mercantilismo.
Até hoje fico pensando que, de certa forma, os Reis acabaram sendo marionetes nas mãos dos intelectuais. Eles usaram a figura da realeza para centralizar o povo em torno de um eixo central, o Estado-Rei, e depois retiraram o Rei de cena, restando apenas a figura do Estado, que era aquilo que eles queriam desde o princípio. É a burguesia abrindo caminho para conquista o seu espaço.
Não estou dizendo que os Reis foram coitadinhos, não. Eles se deixaram seduzir por essa ideologia que surgia, cegos que estavam por aumentar seu pode e sua riqueza, o que aliás é o calcanhar de Aqules de qualquer ser humano. Não à toa, duas vezes o diabo tenta Jesus nesse sentido, mas felizmente o Mestre resistiu bravamente. Retomando, os Reis foram usados? Foram, mas ainda assim não se lhes pode retirar a culpa, nem o ridículo, especialmente aquela frase do Luíx XVI: " O Estado sou eu". Quer dizer, depois quando colocam o cara na guilhotina, era estudante.
O segundo grande problema da monarquia é mais atual. É a péssima propaganda que se faz da monarquia. Evidentemente que é assim, alias é de se esperar que seja assim, já que vivemos numa democracia (embora de fato vivamos, todos sabem disso, em uma aristocracia, mas isso é outro assunto). Na escolinha lá, fofinhos, no jardim de infância, somos educados desde cedo: democracia é legal, monarquia é cosa de gay, etc, etc. Ensino médio e faculdade: democracia é o mais perfeito dos sistemas, não sei o que não sei o que, monarquia é coisa ultrapassada, é coisa de ditador, não sei o que não sei o que. Com tanta propaganda negativa, não me espanto nem um pouco que toda vez que eu diga que sou monarquista o pessoal caia pra trás.
Não que a democracia seja ruim, não. Pelo contrário, é justamente por vivermos em uma democracia que eu posso falar o que penso, até mesmo que sou monarquista, coisa que em uma monarquia infelizmente não existe. Mas daí a falar que a democracia está acima de qualquer suspeita, como se ela fosse a mãe da gente, é de uma inciência que me deixa preocupado e triste.
Não se trata de uma questão do sistema. Quem já viu tropa de Elite 2 vai se lembrar, em meio aos palavrões e corrupção, a filosofia do Capitão Nascimento, que agora nem capitão mais é, mas um cargo lá que eu me esqueci: " O sistema é impessoal". Ponto, abraço, ponto.
Qualquer sistema, de governo e administração do Estado, seja monarquia, aristocracia, democracia, seja capitalismo, seja socialismo, seja, sei lá, feudalismo, todos são impessoais. O Sistema não é bom, não é ruim, não é falho, ele simplesmente é um sistema. O que é bom, ruim, alto, baixo, generoso, egoísta, humilde, soberbo e por aí vai, é o HOMEM. São as imperfeições do homem que, projetadas no sistema, fazem com que este APARENTE ser bom ou ruim. Mas na verdade ele não é mais nada além de um sistema, e um objeto no mundo das ideias, a respeito do qual os homens, ao longo de diferentes épocas, vão formando um juízo de valor.
Tomando o que eu disse acima por verdade, temos que, a princípio, não se pode falar em um sistema perfeito, como querem fazer parecer os que espalham a democracia. Lógico que para o capitalismo e para as multinacionais é ótimo que todos os países sejam liberais e possuam seus mercados abertos. E é lógico que o povo recolhe muitos benefícios da democracia, embora normalmente apenas depois que a burguesia já ficou com a maior parte do bolo.
E já que não se pode falar em um sistema perfeito, é lógico, por consequência, que na verdade o que há é um sistema que, em determinado momento e em conjunto com determinados fatores, melhor se coaduna com as necessidades e interesses daqueles que estão inseridos dentro dele. O que jamais podemos afirmar é, como já disse, que haja um sistema melhor que o outro, ou que sirva em todas as situações. Lembrando sempre, O SISTEMA É IMPESSOAL. Não há certos nem errados, o que há são contentes e descontentes, cada um tentando puxar a sardinha para o seu lado (por sinal, de onde será que surgiu essa expressão?).
Pois é, por agora estou satisfeito. Em outra ocasião, retomarei esse meu raciocínio em defesa da monarquia. Ainda preciso explicar o sistema da antiga monarquia francesa e do Estado Pontifício, e só estou parando agora em respeito a você, leitor, que não é obrigado a ler um texto excessivamente longo de uma vez só. Se nem eu me aguento, às vezes, imagina os outros.
Deus volva para nós o Seu olhar e nos dê a Sua Paz. Amém.
Pois é, pessoal da turma da fuzarca, hoje estou muito feliz, mas muito feliz mesmo. Ganhei um livro super interessante, de um autor que é realmente uma ponta-de-lança do socialismo, muito especialmente por ser o mesmo estadunidense, o autor que já admiro tem algum tempo, Sr. Jack London. Não estou fazendo nenhuma propaganda do socialismo, apenas do autor, que realmente tem uma ou duas coisas muito interessantes pra dizer pra todos nós.
Quem com certeza tem muito mais do que apenas uma ou duas coisas para dizer pra todos nós é o amor de mulher que me deu o livro, essa, sim, queria poder sorver cada som que aquela coisinha fofa emite, desde os discursos mais eloquentes até um simples bocejo ou mesmo um gemido manhoso. Enfim, vamos retomar a classe, né?
Voltando ao ponto acima, não estava fazendo propaganda nem apologia ao socialismo, mas também não o estou denegrindo. Só pra constar. Em termos de política quem me conhece sabe. Sou monarquista, viva a monarquia, mas meu modelo de monarquia é muito complexo, lembrando muito pouco a concepção tradicional e compreensivelmente não-convidativa de monarquia que muitos de nós com certeza possuem em seus neurônios.
Meu modelo monárquico é, básica e incompletamente (ainda estou resolvendo alguns problemas como o papel do Conselho do Rei e a relação com o Exército), poderia dizer que meu modelo político de monarquia é um misto da monarquia medieval francesa com o até hoje muito bem-sucedido modelo de governo do Estado Pontifício
Aliás, convém esclarecer que essa visão macabra que se tem hoje da monarquia decorre na verdade não da genuína natureza da monarquia, mas de sua desvirtualização ideológica por parte de Reis e de autores democratas totalmente parciais, muitos, vocês sabem que é verdade, a serviço dos interesses da burguesia, mesmo porque, que droga, os autores sempre dependem do patrocínio para divulgarem suas ideias, mesmo que o patrocínio só seja possível deturpando-se as próprias ideias. O que o homem não faz para ter comida na mesa, não é mesmo?
Vamos lá. O primeiro grande problema para a monarquia foi essa bosta, esse cancro, esse desgosto para qualquer monarquista (eu), que foi a palhaçada do Estado Absolutista. Tudo bem, muitos poderão argumentar que foi com ele que nasceu a concepção moderna de Estado, um Ente que simboliza e concentra todos os elementos constituintes de uma nação (povo, território, soberania e, dependendo da corrente, finalidade), e é verdade mesmo, tamos juntos nessa daí.
O grande problema foi o tal do Déspota Esclarecido. Meu, como assim? Os intelectuais criaram toda uma ideologia, toda uma fundamentação para a ditadura e para o absolutismo, e depois enfiaram tudo isso goela abaixo da realeza. Que, obviamente concordou com aquilo, apossando-se de tudo. Devemos sempre nos lembrar que os Reis sempre tinham um Conselho, e nesse conselho haviam filósofos, políticos, estadistas, clérigos e economistas, entre outros, pessoas que sabiam que o modelo feudalista estava ultrapassado, que o Estado precisava se fortalecer, que era necessária uma unificação e centralização das coisam em nome do novo modelo que surgia, qual seja, o mercantilismo.
Até hoje fico pensando que, de certa forma, os Reis acabaram sendo marionetes nas mãos dos intelectuais. Eles usaram a figura da realeza para centralizar o povo em torno de um eixo central, o Estado-Rei, e depois retiraram o Rei de cena, restando apenas a figura do Estado, que era aquilo que eles queriam desde o princípio. É a burguesia abrindo caminho para conquista o seu espaço.
Não estou dizendo que os Reis foram coitadinhos, não. Eles se deixaram seduzir por essa ideologia que surgia, cegos que estavam por aumentar seu pode e sua riqueza, o que aliás é o calcanhar de Aqules de qualquer ser humano. Não à toa, duas vezes o diabo tenta Jesus nesse sentido, mas felizmente o Mestre resistiu bravamente. Retomando, os Reis foram usados? Foram, mas ainda assim não se lhes pode retirar a culpa, nem o ridículo, especialmente aquela frase do Luíx XVI: " O Estado sou eu". Quer dizer, depois quando colocam o cara na guilhotina, era estudante.
O segundo grande problema da monarquia é mais atual. É a péssima propaganda que se faz da monarquia. Evidentemente que é assim, alias é de se esperar que seja assim, já que vivemos numa democracia (embora de fato vivamos, todos sabem disso, em uma aristocracia, mas isso é outro assunto). Na escolinha lá, fofinhos, no jardim de infância, somos educados desde cedo: democracia é legal, monarquia é cosa de gay, etc, etc. Ensino médio e faculdade: democracia é o mais perfeito dos sistemas, não sei o que não sei o que, monarquia é coisa ultrapassada, é coisa de ditador, não sei o que não sei o que. Com tanta propaganda negativa, não me espanto nem um pouco que toda vez que eu diga que sou monarquista o pessoal caia pra trás.
Não que a democracia seja ruim, não. Pelo contrário, é justamente por vivermos em uma democracia que eu posso falar o que penso, até mesmo que sou monarquista, coisa que em uma monarquia infelizmente não existe. Mas daí a falar que a democracia está acima de qualquer suspeita, como se ela fosse a mãe da gente, é de uma inciência que me deixa preocupado e triste.
Não se trata de uma questão do sistema. Quem já viu tropa de Elite 2 vai se lembrar, em meio aos palavrões e corrupção, a filosofia do Capitão Nascimento, que agora nem capitão mais é, mas um cargo lá que eu me esqueci: " O sistema é impessoal". Ponto, abraço, ponto.
Qualquer sistema, de governo e administração do Estado, seja monarquia, aristocracia, democracia, seja capitalismo, seja socialismo, seja, sei lá, feudalismo, todos são impessoais. O Sistema não é bom, não é ruim, não é falho, ele simplesmente é um sistema. O que é bom, ruim, alto, baixo, generoso, egoísta, humilde, soberbo e por aí vai, é o HOMEM. São as imperfeições do homem que, projetadas no sistema, fazem com que este APARENTE ser bom ou ruim. Mas na verdade ele não é mais nada além de um sistema, e um objeto no mundo das ideias, a respeito do qual os homens, ao longo de diferentes épocas, vão formando um juízo de valor.
Tomando o que eu disse acima por verdade, temos que, a princípio, não se pode falar em um sistema perfeito, como querem fazer parecer os que espalham a democracia. Lógico que para o capitalismo e para as multinacionais é ótimo que todos os países sejam liberais e possuam seus mercados abertos. E é lógico que o povo recolhe muitos benefícios da democracia, embora normalmente apenas depois que a burguesia já ficou com a maior parte do bolo.
E já que não se pode falar em um sistema perfeito, é lógico, por consequência, que na verdade o que há é um sistema que, em determinado momento e em conjunto com determinados fatores, melhor se coaduna com as necessidades e interesses daqueles que estão inseridos dentro dele. O que jamais podemos afirmar é, como já disse, que haja um sistema melhor que o outro, ou que sirva em todas as situações. Lembrando sempre, O SISTEMA É IMPESSOAL. Não há certos nem errados, o que há são contentes e descontentes, cada um tentando puxar a sardinha para o seu lado (por sinal, de onde será que surgiu essa expressão?).
Pois é, por agora estou satisfeito. Em outra ocasião, retomarei esse meu raciocínio em defesa da monarquia. Ainda preciso explicar o sistema da antiga monarquia francesa e do Estado Pontifício, e só estou parando agora em respeito a você, leitor, que não é obrigado a ler um texto excessivamente longo de uma vez só. Se nem eu me aguento, às vezes, imagina os outros.
Deus volva para nós o Seu olhar e nos dê a Sua Paz. Amém.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Considerações sobre uma espécie de paixão
Preliminar: hoje, especificamente, não tem nada de científico, filosófico, religioso, político nem nada aqui. Caramba, é sexta-feira, estou cansado. É uma falta de caridade exigir da minha pessoa qualquer erudição nesse momento. Sócrates também amava, Karl Marx de vez em quando dava uma bebidinha no bar com os amigos comunistas e até Jesus Cristo de vem em quando era convidado prum bom banquete. Então minha dica é: quer intelectualidade agora, vai ler a Barsa ou ver TV Cultura. Que por sinal, já foi melhor...
Isto posto, vamos lá. Antes de chegar onde eu quero, preciso dar algumas informações preliminares. Existem basicamente, segundo correntes da Psicologia do Temperamento, quatro tipos básicos de orientação de personalidade: O colérico, o sanguíneo, o fleumático e o melancólico. Ainda segundo essa mesma corrente científica, todos possuímos traços desses quatro tipos de temperamento, porém, em geral, dois são dominantes e dois são recessivos, ou seja, dois nos governam, por assim dizer, e os dois últimos meio que estão ali apenas pra compor elenco.
Oras, isto posto, logo percebemos que há uma quantidade infinita de possibilidades temperamentais, se considerarmos combinações desses tipos, mais as porcentagens de cada tipo e o modo como lidamos com isso no dia-a-dia. Uma das combinações que mais me fascina, especialmente por ser a minha, é a combinação melancólico-fleumático. E agora, chegamos, finalmente, onde eu queria chegar.
Não tem jeito. O fleumático, em seu racionalismo, tenta sempre evitar o envolvimento emocional, tenta sempre explicar, valorar, dissecar e esquematizar tudo e todos á sua volta. Sua dificuldade de se entregar ao mundo das emoções faz com que as mesmas sejam para ele muito raras e, por vezes, estranhas.
Já tem termos de melancolia, temos o o problema da pessoa que está sempre desconfiada, pronta a pensar que as coisas vão dar errado e tendente aos pensamentos de depressividade e crítica cruel de si mesmo, sem contar a extrema sensibilidade que é tão característica desse tipo de gente, e que só faz as coisas piorarem mais ainda!
Outro dia desses conversava justamente com uma amiga minha (aquela, a cheirosa), por sinal também melancólica-fleumática, embora em proporção bem mais equilibrada do que a minha, e com um terceiro temperamento bem forte, também, uma coisa incomum e que origina personalidades riquíssimas, poços de mistério e encantamento para quem tem paciência e disposição para encarar as várias faces do ser humano.
Bom, mas por qual motivo estou dizendo tudo isso? Muito simples, e na verdade até bem óbvio. Pra mim pelo menos é. Sei lá. O fato é que quando uma pessoa dessas se apaixona, cara, isso é algo que merece destaque. Merece publicidade. Merece notoriedade, divulgação, publicação, noticiamento, espalhamento, holofotes, e por aí vai.
Claro que estou dando definições extremamente superficiais, mesmo porque não sou profissional nem estudioso da área, apenas um amador que gosta de ler sobre o assunto, e dar, claro, seus pitacos. Afinal, se quem pergunta quer saber, quem sabe quer mostrar que sabe, mesmo que saiba muito pouco.
Enfim, eu dizia que quando uma pessoa dessas se apaixona, quando ela decide admitir para si mesma que está apaixonada, isso é motivo de orgulho, isso é um pico no padrão energético do universo, ou alguma coisa muito louca mais ou menos nessa escala, resguardadas as devidas proporções, que eu sou dramático, mas não sensacionalista.
O que ocorre é o seguinte: quando uma pessoa melancólica-fleumática ou fleumática-melancólica se apaixona, isso quer dizer que ela REALMENTE se apaixonou. Não apenas de corpo nem apenas de mente, como sói muito ocorrer com outras combinações de temperamentos. Aqui, não. Aqui a junção de racionalidade com sentimentalismo, mentalidade sonhadora com tendências pessimistas, crítica assaz exigente com seleção cuidadosa, garantem que ao final a escolha seja sempre boa, sempre adequada. E o sentimento, para passar por tantas peneiras, só pode ser verdadeiro.
E, sendo verdadeiro, é genuíno. E, sendo genuíno, é autêntico. E, sendo autêntico, é poderoso, admirável, mágico, mesmo. Simplesmente pode ser resumido como muito bom, como bom demais, bom em si, bom rapaz. Sendo tudo isso, tem o condão de empolgar quem dele se alimenta, quem o cultiva, tem a força para despertar na pessoa coisas novas, desconhecidas, e coisas velhas que já vinham deixando saudade.
Não importa se as coisas dão certo ou não, não importa se a outra pessoa sente isso de volta, também, não importa nem mesmo se ela tem essa capacidade. Quem alcança esse estágio simplesmente não está nem aí pra essas coisas, só quer saber de continuar nesse estado tão bom, tão sereno, tão humano. Ou divino. Bom, em Jesus o divino e o humano se confundem, e sendo Deus amor, quem sabe há muito as fronteiras entre o humano e o divino não sejam essa coisa rígida que a gente costuma imaginar?
Como eu disse anteriormente, não importa se as coisas deem certo ou não. Para o plano material isto é fundamental, claro. Mas não para o plano dos sentimentos, não para o potencial para a bondade desperto numa hora como essa. O bom de estar assim não é justamente esse altruísmo repentino e inflamado que nos surge, fazendo-nos esquecer de nós mesmos e voltando-nos para o bem do ser amado?
De fato, considero que a correspondência do amor, nesse caso, nada mais é do que um exaurimento do mesmo, o qual já existe, já está consumado e produz efeitos benéficos em seu portador e em sua destinatária, muito embora ela não saiba disso, e na verdade isto pouco importe.
Bá, o sentimento é da pessoa, ou seja, ninguém tem o direito de dizer o que ela deve fazer com ele. Nem mesmo a pessoa que se ama, e isso é o grande ponto culminante da questão. A pessoa que se ama pode dar o fora, pode desprezar, pode machucar moral, sentimental e até mesmo fisicamente. O que ela não pode, de jeito nenhum, é impedir de amá-la. Isto é assunto tão somente de quem ama, pois é dessa pessoa que parte o amor, e não por nada do que o ser amado tenha feito, mas tão somente pelo que ele é.
Não fosse assim, não se poderia chamar de amor o que Cristo e seu Pai, nosso Pai, sentem por nós. É notória a desproporção entre o Amor perfeito da divindade pelos homens e o amor deficiente, egoísta e inconstante dos homens entre si mesmos e com relação à própria divindade, muitos não tendo a sensibilidade mínima sequer para sentir a presença do Criador. o que é lastimável.
No entanto, a despeito dessas deficiências de nossa parte, está Ele sempre por perto, nos ajudando, sendo paciente conosco, e pensando no nosso bem muito mais do que nós mesmos. Penso, como cristão, que tal amor é o que devemos sempre ter como exemplo, e, sendo ele impossível de se por nós alcançado em nossa ora deprimente condição humana, o jeito é o tomarmos como referência e buscarmos nos aproximar dele tanto quanto possível, mesmo que para isso tenhamos de experimentar, como Jesus experimentou, a cruz da incompreensão e da impossibilidade de retribuírem a Ele tudo quanto deu, qual seja: tudo, mesmo.
Bom, era só isso. Tratem de sair do computador e ir rezar um pouco! Faz um bem maior do que vocês imaginam! Deus me ajude, porque eu preciso muito, olha!
Isto posto, vamos lá. Antes de chegar onde eu quero, preciso dar algumas informações preliminares. Existem basicamente, segundo correntes da Psicologia do Temperamento, quatro tipos básicos de orientação de personalidade: O colérico, o sanguíneo, o fleumático e o melancólico. Ainda segundo essa mesma corrente científica, todos possuímos traços desses quatro tipos de temperamento, porém, em geral, dois são dominantes e dois são recessivos, ou seja, dois nos governam, por assim dizer, e os dois últimos meio que estão ali apenas pra compor elenco.
Oras, isto posto, logo percebemos que há uma quantidade infinita de possibilidades temperamentais, se considerarmos combinações desses tipos, mais as porcentagens de cada tipo e o modo como lidamos com isso no dia-a-dia. Uma das combinações que mais me fascina, especialmente por ser a minha, é a combinação melancólico-fleumático. E agora, chegamos, finalmente, onde eu queria chegar.
Não tem jeito. O fleumático, em seu racionalismo, tenta sempre evitar o envolvimento emocional, tenta sempre explicar, valorar, dissecar e esquematizar tudo e todos á sua volta. Sua dificuldade de se entregar ao mundo das emoções faz com que as mesmas sejam para ele muito raras e, por vezes, estranhas.
Já tem termos de melancolia, temos o o problema da pessoa que está sempre desconfiada, pronta a pensar que as coisas vão dar errado e tendente aos pensamentos de depressividade e crítica cruel de si mesmo, sem contar a extrema sensibilidade que é tão característica desse tipo de gente, e que só faz as coisas piorarem mais ainda!
Outro dia desses conversava justamente com uma amiga minha (aquela, a cheirosa), por sinal também melancólica-fleumática, embora em proporção bem mais equilibrada do que a minha, e com um terceiro temperamento bem forte, também, uma coisa incomum e que origina personalidades riquíssimas, poços de mistério e encantamento para quem tem paciência e disposição para encarar as várias faces do ser humano.
Bom, mas por qual motivo estou dizendo tudo isso? Muito simples, e na verdade até bem óbvio. Pra mim pelo menos é. Sei lá. O fato é que quando uma pessoa dessas se apaixona, cara, isso é algo que merece destaque. Merece publicidade. Merece notoriedade, divulgação, publicação, noticiamento, espalhamento, holofotes, e por aí vai.
Claro que estou dando definições extremamente superficiais, mesmo porque não sou profissional nem estudioso da área, apenas um amador que gosta de ler sobre o assunto, e dar, claro, seus pitacos. Afinal, se quem pergunta quer saber, quem sabe quer mostrar que sabe, mesmo que saiba muito pouco.
Enfim, eu dizia que quando uma pessoa dessas se apaixona, quando ela decide admitir para si mesma que está apaixonada, isso é motivo de orgulho, isso é um pico no padrão energético do universo, ou alguma coisa muito louca mais ou menos nessa escala, resguardadas as devidas proporções, que eu sou dramático, mas não sensacionalista.
O que ocorre é o seguinte: quando uma pessoa melancólica-fleumática ou fleumática-melancólica se apaixona, isso quer dizer que ela REALMENTE se apaixonou. Não apenas de corpo nem apenas de mente, como sói muito ocorrer com outras combinações de temperamentos. Aqui, não. Aqui a junção de racionalidade com sentimentalismo, mentalidade sonhadora com tendências pessimistas, crítica assaz exigente com seleção cuidadosa, garantem que ao final a escolha seja sempre boa, sempre adequada. E o sentimento, para passar por tantas peneiras, só pode ser verdadeiro.
E, sendo verdadeiro, é genuíno. E, sendo genuíno, é autêntico. E, sendo autêntico, é poderoso, admirável, mágico, mesmo. Simplesmente pode ser resumido como muito bom, como bom demais, bom em si, bom rapaz. Sendo tudo isso, tem o condão de empolgar quem dele se alimenta, quem o cultiva, tem a força para despertar na pessoa coisas novas, desconhecidas, e coisas velhas que já vinham deixando saudade.
Não importa se as coisas dão certo ou não, não importa se a outra pessoa sente isso de volta, também, não importa nem mesmo se ela tem essa capacidade. Quem alcança esse estágio simplesmente não está nem aí pra essas coisas, só quer saber de continuar nesse estado tão bom, tão sereno, tão humano. Ou divino. Bom, em Jesus o divino e o humano se confundem, e sendo Deus amor, quem sabe há muito as fronteiras entre o humano e o divino não sejam essa coisa rígida que a gente costuma imaginar?
Como eu disse anteriormente, não importa se as coisas deem certo ou não. Para o plano material isto é fundamental, claro. Mas não para o plano dos sentimentos, não para o potencial para a bondade desperto numa hora como essa. O bom de estar assim não é justamente esse altruísmo repentino e inflamado que nos surge, fazendo-nos esquecer de nós mesmos e voltando-nos para o bem do ser amado?
De fato, considero que a correspondência do amor, nesse caso, nada mais é do que um exaurimento do mesmo, o qual já existe, já está consumado e produz efeitos benéficos em seu portador e em sua destinatária, muito embora ela não saiba disso, e na verdade isto pouco importe.
Bá, o sentimento é da pessoa, ou seja, ninguém tem o direito de dizer o que ela deve fazer com ele. Nem mesmo a pessoa que se ama, e isso é o grande ponto culminante da questão. A pessoa que se ama pode dar o fora, pode desprezar, pode machucar moral, sentimental e até mesmo fisicamente. O que ela não pode, de jeito nenhum, é impedir de amá-la. Isto é assunto tão somente de quem ama, pois é dessa pessoa que parte o amor, e não por nada do que o ser amado tenha feito, mas tão somente pelo que ele é.
Não fosse assim, não se poderia chamar de amor o que Cristo e seu Pai, nosso Pai, sentem por nós. É notória a desproporção entre o Amor perfeito da divindade pelos homens e o amor deficiente, egoísta e inconstante dos homens entre si mesmos e com relação à própria divindade, muitos não tendo a sensibilidade mínima sequer para sentir a presença do Criador. o que é lastimável.
No entanto, a despeito dessas deficiências de nossa parte, está Ele sempre por perto, nos ajudando, sendo paciente conosco, e pensando no nosso bem muito mais do que nós mesmos. Penso, como cristão, que tal amor é o que devemos sempre ter como exemplo, e, sendo ele impossível de se por nós alcançado em nossa ora deprimente condição humana, o jeito é o tomarmos como referência e buscarmos nos aproximar dele tanto quanto possível, mesmo que para isso tenhamos de experimentar, como Jesus experimentou, a cruz da incompreensão e da impossibilidade de retribuírem a Ele tudo quanto deu, qual seja: tudo, mesmo.
Bom, era só isso. Tratem de sair do computador e ir rezar um pouco! Faz um bem maior do que vocês imaginam! Deus me ajude, porque eu preciso muito, olha!
terça-feira, 24 de abril de 2012
A fantástica corrida humana
A metáfora é tão antiga que corro o risco de ser repetitivo e medíocre já na ideia do texto. De fato, os filósofos gregos, o Apóstolo São Paulo e o próprio Charles Darwin tinham firme em suas mentes a ideia de que a vida do homem pode ser resumida como uma corrida. Não sei para vocês, mas a mim, tirando um ou outro defeito de teoria aqui e ali, faz todo o sentido. Senão vejamos:
A própria vida do homem começa em uma corrida, não é mesmo? Quando a unidade progenitora masculina (para os íntimos, "papai") secreta seu material reprodutor dentro do átrio de prazer da unidade progenitora feminina (dependendo do caso, pode ser um átrio de dor, como no caso do estupro e de certas tribos africanas), começa aquela corridinha de três ou quatro dias de que todos somos conhecedores, ao menos teoricamente.
Ao vencedor, o direito de participar de outra corrida, essa mais complicada. Depois de um pit-stop de nove meses, o carro-homem irrompe dos boxes uterinos e se lança na louca corrida da vida. Ás vezes voluntariamente, ás vezes nitidamente forçado a isso.
Nunca vou entender o que é que há com essa sociedade que está sempre nos empurrando para frente, sempre querendo que a gente seja o melhor, sempre exigindo 100% da gente, como se pudéssemos ser reduzidos a essa metáfora ridícula que estou usando ao longo de todo o texto.
Na verdade, é um grande perigo estarmos todos, por conta dessa padronização da sociedade, estarmos correndo todos mais ou menos na mesma direção. Porque, assim como naquela primeira corrida, os concorrentes são milhões, bilhões, mas o óvulo, a vitória, a glória, permanece apenas uma só. E há cada vez mais espermatozóides crescidos por aí, de terno e gravata, competindo pelos mesmos óvulos de sempre.
Não é a toa que temos assistido, ao longo dos anos, o crescimento de teorias eugênicas, o barrismo etnocêntrico europeu e a divisão de classes cada vez maior da sociedade. No final, tudo se resume a eliminar concorrência, a estabelecer padrões, a tirar o máximo possível de gente da pista, para que os vencedores sejam sempre os mesmos. Isso não importanto a sua ideologia, visão de mundo, filosofia...não, não, no fim tudo são apenas fórmulas para vencer.
Quando os comunistas tomaram o poder na Rússia (o que na verdade foi um enorme erro, mas isto é assunto para outro post), cadê que eles fizeram metade do que prometeram? A única parte do plano deles que deu certo e que até hoje dá frutos malignos foi a criação de uma cultura de ateísmo materialista que dizimou a religiosidade dos povos do leste europeu. Convenhamos, um fiasco para quem se propunha a consertar todos os males da sociedade.
Quando o cristianismo tomou conta de Roma, era a chance de iniciar uma era de prosperidade, paz e proximidade com Deus para toda a humanidade. Mil anos depois, o Papa era um homem rico acumulando fortunas no Vaticano. Quando a democracia se tornou a forma de governo dos povos, todos pensávamos que finalmente era o fim da tirania e liberdade plena da humanidade. Hoje, cada vez mais os Estados ditos democráticos se esquecem do povo e pensam apenas na própria sobrevivência e enriquecimento.
O que eu estou querendo dizer é que a ideologia, a forma como eu me apresento, as coisas que eu digo...infelizmente para a maioria da humanidade isso tudo é figurativo, é secundário. É instrumental, e se é instrumental, não é o fim último, mas apenas uma maneira de chegar a ele, qual seja: vencer.
Parece que continuamos com a mesma mentalidade de quando era apenas minúsculas cabecinhas munidas de flagelos, sem ver, ouvir, falar, ou nada que faça a vida ser efetivamente plena. Continuamos prisioneiros daquela filosofia instintiva, simplista e amoral. Saímos do corpo de nossas mães, mas esquecemos nossa humanidade por lá.
A corrida continua. E nós continuamos nela, mesmo que não queiramos admitir isso. Pode ser que você não corra por dinheiro, por fama ou por glória. Mas efetivamente todos correm por alguma coisa, mesmo que alguns não corram, apenas andem ou rastejem, e mesmo que se corra apenas pelo direito de ficar parado.
Por mais que eu me decepcione e me entristeça com isso, o fato é que também estou correndo. Também estou buscando meu lugar ao sol, e sei que isto está errado! Enquanto os homens continuarem fazendo as coisas funcionar dessa forma, a verdade pura e simples é que a coisa não vai funcionar!
Quisera eu que a humanidade tivesse uma enorme epifania, que os corações se voltassem para Deus e buscassem a solidariedade, a fraternidade e o espírito cívico. Com efeito, penso que ao final todos gostaríamos que fosse assim, o difícil é você parar de correr pra começar a falar isso pros outros competidos com a certeza de que eles não vão simplesmente te ignorar e continuar correndo, e antes que perceba você estará em último e além de qualquer chance de sucesso.
O fato é que o homem corre, e corre em tantos sentidos que não seria viável ou razoável me debruçar sobre todos eles. Corre em busca de uma chegada que ele não vê, em busca de uma realidade que não existe. Corre às chegas, corre solto, corre com fé, contra a maré.
O homem corre. E pra quê?
A própria vida do homem começa em uma corrida, não é mesmo? Quando a unidade progenitora masculina (para os íntimos, "papai") secreta seu material reprodutor dentro do átrio de prazer da unidade progenitora feminina (dependendo do caso, pode ser um átrio de dor, como no caso do estupro e de certas tribos africanas), começa aquela corridinha de três ou quatro dias de que todos somos conhecedores, ao menos teoricamente.
Ao vencedor, o direito de participar de outra corrida, essa mais complicada. Depois de um pit-stop de nove meses, o carro-homem irrompe dos boxes uterinos e se lança na louca corrida da vida. Ás vezes voluntariamente, ás vezes nitidamente forçado a isso.
Nunca vou entender o que é que há com essa sociedade que está sempre nos empurrando para frente, sempre querendo que a gente seja o melhor, sempre exigindo 100% da gente, como se pudéssemos ser reduzidos a essa metáfora ridícula que estou usando ao longo de todo o texto.
Na verdade, é um grande perigo estarmos todos, por conta dessa padronização da sociedade, estarmos correndo todos mais ou menos na mesma direção. Porque, assim como naquela primeira corrida, os concorrentes são milhões, bilhões, mas o óvulo, a vitória, a glória, permanece apenas uma só. E há cada vez mais espermatozóides crescidos por aí, de terno e gravata, competindo pelos mesmos óvulos de sempre.
Não é a toa que temos assistido, ao longo dos anos, o crescimento de teorias eugênicas, o barrismo etnocêntrico europeu e a divisão de classes cada vez maior da sociedade. No final, tudo se resume a eliminar concorrência, a estabelecer padrões, a tirar o máximo possível de gente da pista, para que os vencedores sejam sempre os mesmos. Isso não importanto a sua ideologia, visão de mundo, filosofia...não, não, no fim tudo são apenas fórmulas para vencer.
Quando os comunistas tomaram o poder na Rússia (o que na verdade foi um enorme erro, mas isto é assunto para outro post), cadê que eles fizeram metade do que prometeram? A única parte do plano deles que deu certo e que até hoje dá frutos malignos foi a criação de uma cultura de ateísmo materialista que dizimou a religiosidade dos povos do leste europeu. Convenhamos, um fiasco para quem se propunha a consertar todos os males da sociedade.
Quando o cristianismo tomou conta de Roma, era a chance de iniciar uma era de prosperidade, paz e proximidade com Deus para toda a humanidade. Mil anos depois, o Papa era um homem rico acumulando fortunas no Vaticano. Quando a democracia se tornou a forma de governo dos povos, todos pensávamos que finalmente era o fim da tirania e liberdade plena da humanidade. Hoje, cada vez mais os Estados ditos democráticos se esquecem do povo e pensam apenas na própria sobrevivência e enriquecimento.
O que eu estou querendo dizer é que a ideologia, a forma como eu me apresento, as coisas que eu digo...infelizmente para a maioria da humanidade isso tudo é figurativo, é secundário. É instrumental, e se é instrumental, não é o fim último, mas apenas uma maneira de chegar a ele, qual seja: vencer.
Parece que continuamos com a mesma mentalidade de quando era apenas minúsculas cabecinhas munidas de flagelos, sem ver, ouvir, falar, ou nada que faça a vida ser efetivamente plena. Continuamos prisioneiros daquela filosofia instintiva, simplista e amoral. Saímos do corpo de nossas mães, mas esquecemos nossa humanidade por lá.
A corrida continua. E nós continuamos nela, mesmo que não queiramos admitir isso. Pode ser que você não corra por dinheiro, por fama ou por glória. Mas efetivamente todos correm por alguma coisa, mesmo que alguns não corram, apenas andem ou rastejem, e mesmo que se corra apenas pelo direito de ficar parado.
Por mais que eu me decepcione e me entristeça com isso, o fato é que também estou correndo. Também estou buscando meu lugar ao sol, e sei que isto está errado! Enquanto os homens continuarem fazendo as coisas funcionar dessa forma, a verdade pura e simples é que a coisa não vai funcionar!
Quisera eu que a humanidade tivesse uma enorme epifania, que os corações se voltassem para Deus e buscassem a solidariedade, a fraternidade e o espírito cívico. Com efeito, penso que ao final todos gostaríamos que fosse assim, o difícil é você parar de correr pra começar a falar isso pros outros competidos com a certeza de que eles não vão simplesmente te ignorar e continuar correndo, e antes que perceba você estará em último e além de qualquer chance de sucesso.
O fato é que o homem corre, e corre em tantos sentidos que não seria viável ou razoável me debruçar sobre todos eles. Corre em busca de uma chegada que ele não vê, em busca de uma realidade que não existe. Corre às chegas, corre solto, corre com fé, contra a maré.
O homem corre. E pra quê?
sexta-feira, 20 de abril de 2012
A maldita instrumentalização da informação
Cada vez que eu passo os olhos pela "timeline" do meu facebook, cada vez que eu me envolvo em um debate sobre seja lá que tema, salvo em raras companhias, cada vez que eu leio um Estadão, uma Folha de São Paulo, um Diário do Amazonas; cada vez que eu leio alguma revista como Época, Veja ou Istoé; enfim, cada vez que eu me deparo com qualquer veículo de opinião, seja para as massas seja para um público restrito, não tem jeito, eu fico triste.
Não, não sou um reacionário conservador controlador daqueles a quem a simples menção da expressão "liberdade de imprensa" é como um murro na boca do estômago depois de ter ido a três feijoadas seguidas seguidas de um churrasco e um rodízio de pizza ou um par de cornos em plena lua-de-mel. Onde é a lua-de-mel, não importa.
O que me entristece, me chateia, é a mesma coisa que talvez tenha chateado e feito caírem mais cedo os cabelos de Sócrates há milênios. E não, também não é um problema com os que estão ao nosso redor. Sei lá, talvez até seja. Mas quando todos estão doentes, a doença se torna o padrão de saúde, e os sadios é que passam a ser considerados como portadores de algum mal sinistro.
O que me entristece, finalmente indo ao ponto, é que hoje em dia ninguém mais quer saber da verdade. Hoje em dia as pessoas só querem saber de opinião. De preferência, a delas, mesmas. Cada vez mais, com essa cultura do relativismo, deixa-se de lado aquele ideal da busca da verdade absoluta e libertadora, e passa-se a um raciocínio conformista e tendencioso de cultivar meias verdades, verdades incompletas, opiniões, suposições e, finalmente, mentiras.
Cada círculo ideológico da sociedade procura dominar os meios de comunicação para fazer valer o seu modo de pensar. Evangélicos lotam a televisão com um sem número de canais de pregação. Setores políticos e empresariais compram e ditam o que será dito pelas principais revistas e jornais do nosso país. Famílias donas de grandes emissores como a Globo doutrinam maliciosamente o povo com o seu próprio modo de ver as coisas, impondo suavemente seu modo de ver o mundo às massas incautas que se ajuntam aos milhões em frente àquelas caixas metálicas do inferno no horário nobre. Muitas, iludidas, sonhando em um dia serem nobres, também.
Os mais malandros dentre os homens sempre souberam da importância crucial da informação e dos seus meios de produção, e procuraram sempre o monopólio desse sistema. O monopólio, não do pensamento, porque efetivamente isto (ainda) é impossível, mas do modo de pensar. Exemplos do mundo antigo não faltam, mas prefiro citar um caso da Idade Média, porque todos o conhecem bem. Falo do monopólio da informação exercido pela Igreja Católica Romana.
Muito embora não tenha sido essa coisa horrorosa que muita gente acredita (influenciadas por outro monopólio da informação, posterior), efetivamente a Esposa de Cristo foi uma madona muito controladora enquanto esteve a frente do mundo ocidental. Há de se ressaltar que a Igreja era, quase sempre, a única interessada na conservação e aprimoramento do próprio conhecimento, com ordens inteiras de padres e monges dedicados a copiar e escrever livros das mais diversas áreas, enquanto os reis estavam ocupados demais guerreando e pensando em esposas para seus herdeiros; há ainda de ser ressaltado que a Igreja fundou o sistema universitário. Basta olhar no mapa da Europa e buscar pelas primeiras universidades para ver que todas elas nascem do seio da Igreja, muitas existindo até hoje, como a se Salamanca, na Espanha.
Ainda assim, foi um monopólio em algumas épocas severo, notadamente na Inquisição e nos conflitos de ideias com o Iluminismo que surgia rápido entre nossos pensadores, rápido demais, segundo julgo. A Igreja, por mais de mil e quinhentos anos afeita a uma única e inquestionável verdade, teve muita dificuldade em aceitar outras opiniões, que iam de encontro justamente a alguns de seus postulados mais basilares. Até hoje, como leigo, posso testemunhar a dificuldade da Igreja em discutir alguns temas, muito embora ela já tenha melhorado bastante nesse aspecto.
Hoje, basicamente, os conflitos de ideias podem ser resumidos entre a religião e a ciência. Claro que isto é uma afirmação superficialíssima, talvez mais fina do que uma membrana citoplasmática (por sinal tão fina que é semipermeável), mas preciso me servir dela para efeitos didádicos, agora. Só falei isto para introduzir meu outro exemplo, que é o exemplo dos Iluministas da Revolução Francesa. Uma das coisas que mais me revolta com relação à França é a sua revolução. Não apenas por ser um monarquista, mas especialmente pelas grandes mentiras que ali foram veiculadas como se fossem as maiores verdades do mundo.
Todos sabemos que a revolução, apesar da ampla participação do povo, na verdade foi arquitetada pela burguesia iluminista, que ansiava tomar o poder que estava nas mãos do clero e da nobreza. Pois muito bem, para chegar a esse intento, valeu-se a classe comerciante da maravilhosa invenção de Gutemberg, a saber: a imprensa. Muitos jornais surgiram naquela época, de cunho revolucionário, e divulgando todo tipo de mentiras sobre o clero e a nobreza. O modo como a Igreja Católica lidou com o caso de Galileu e Copérnico, por exemplo, foi sordidamente distorcido pelos jornais e autores do período iluminista, afoitos em lançar o povo contra a Igreja. também a nobreza foi duramente difamada com todo tipo de história mentirosa.
Merece destaque especial a história da princesa Maria Antonieta, que por muito, muito azar, mesmo, era Rainha da França na época da revolução. Os anais da história contam que, quando o povo esfomeado dirgiu-se à Versalhes para reclamar que não havia mais pão, os criados da rainha a comunicaram do fato e perguntaram o que deveriam dizer ao povo. Ao que a monarca teria respondido, desdenhosa: "Ora, pois diga ao povo que comam brioche". O episódio teria sido a gota d`água para o valente povo francês, que depois de saber da terrível resposta da rainha pegou em armas e começou a matança da qual todos temos seguro conhecimento.
Ocorre que tal fala da rainha só chegou aos ouvidos da população francesa pelos periódicos da época. Os quais, como já disse antes, estavam nas mãos, (não diga) da burguesia! Indo logo ao ponto, outro dia li em uma dessas revistas de história que historiadores estão cada vez mais convencidos de que o famoso episódio não passou de um mito, criado para inflamar o povo contra a monarquia e a Igreja Católica.
Com efeito, todos conhecemos, ou deveríamos conhecer, o lado negro da ideologia revolucionária francesa, traduzido na forte frase de Diderot (inspirado, acreditem, em um padre ou em uma de suas amigas, dependendo da corrente histórica), transcrita a seguir em seu original, como consta nos arquivos da Academia Francesa de Letras:
Cristo! Preciso dizer mais alguma coisa? Todos sabemos, ou deveríamos saber, quem foi Diderot e sua importância no pensamento da Revolução Francesa! Mas isto não é o pior, o pior é como a frase, evidentemente muito individualista e difícil de ser engolida, foi adaptada pelos pensadores iluministas para tornar-se sedutora aos ouvidos e coração das massas, em especial com a contribuição do sr. Voltaire. Por conta disso, a maioria de nós talvez a conheça não como a citei acima, mas como a seguir a coloco, muito mais eufemística:
O que me faz voltar ao sentimento que primeiro me motivou a fazer esse post, e que agora me invade outra vez: tristeza. Cara, isto é realmente um enorme (palavrão - sinônimo de esfíncter anal)!
Me faz voltar também ao meu velho amiguinho Sócrates. Atrevo-me a dizer que, superado o problema inicial da linguagem e das insolúveis disparidades filosóficas entre nós, poderia, na verdade, me dar muito bem com ele. E sabem por que? Porque o velhinho lá entendia que devemos buscar a verdade, custe o que custar! Que não devemos nos estagnar com a nossa opinião, mas sempre ir além, que não devemos confiar em tudo o que nos disseram, e acima de tudo, não podemos esquecer que não somos veiculadores da verdade, mas apenas de opiniões.
A verdade, senhores, não nasce de outra fonte que não seja do diálogo, por mais demorado que ele possa ser! Nasce de eu ter a coragem de começar a me fazer perguntas, de começar a discutir com o outro, mas não para querer vencê-lo, e me isolar como um vitorioso alienado em minha rede de mentiras, mas a encontrar a verdade, que torna não apenas a mim, mas a humanidade inteira, vencedora! O que eu estou tentando dizer é que PAREM DE LER SÓCRATES, COMECEM A AGIR COMO ELE! Façam uso da maiêutica em suas vidas!
Meu post. Por Deus, meu post não tem toda a verdade! Quantos pontos falhos devem haver na minha argumentação, que apenas não sou capaz de detectar porque nunca ninguém chegou e os mostrou para mim! E, por Deus, como estou louco para que alguém os mostre! Porque, senhores, o importante não sou eu nem você, mas é a verdade!
Sim, podem me chamar de romântico, utópico, sei lá. Me xinguem aí, eu é que não vou ficar me xingando. Mas levem consigo pelo menos essa frase, que não é nem minha, nem do Diderot, nem do Sócrates, mas do mais sábio de todos nós:
P.S: Nesse sentido, recomendo o livro do meu xará, o jornalista Carlos Dorneles: DEUS É INOCENTE - A IMPRENSA, NÃO
Não, não sou um reacionário conservador controlador daqueles a quem a simples menção da expressão "liberdade de imprensa" é como um murro na boca do estômago depois de ter ido a três feijoadas seguidas seguidas de um churrasco e um rodízio de pizza ou um par de cornos em plena lua-de-mel. Onde é a lua-de-mel, não importa.
O que me entristece, me chateia, é a mesma coisa que talvez tenha chateado e feito caírem mais cedo os cabelos de Sócrates há milênios. E não, também não é um problema com os que estão ao nosso redor. Sei lá, talvez até seja. Mas quando todos estão doentes, a doença se torna o padrão de saúde, e os sadios é que passam a ser considerados como portadores de algum mal sinistro.
O que me entristece, finalmente indo ao ponto, é que hoje em dia ninguém mais quer saber da verdade. Hoje em dia as pessoas só querem saber de opinião. De preferência, a delas, mesmas. Cada vez mais, com essa cultura do relativismo, deixa-se de lado aquele ideal da busca da verdade absoluta e libertadora, e passa-se a um raciocínio conformista e tendencioso de cultivar meias verdades, verdades incompletas, opiniões, suposições e, finalmente, mentiras.
Cada círculo ideológico da sociedade procura dominar os meios de comunicação para fazer valer o seu modo de pensar. Evangélicos lotam a televisão com um sem número de canais de pregação. Setores políticos e empresariais compram e ditam o que será dito pelas principais revistas e jornais do nosso país. Famílias donas de grandes emissores como a Globo doutrinam maliciosamente o povo com o seu próprio modo de ver as coisas, impondo suavemente seu modo de ver o mundo às massas incautas que se ajuntam aos milhões em frente àquelas caixas metálicas do inferno no horário nobre. Muitas, iludidas, sonhando em um dia serem nobres, também.
Os mais malandros dentre os homens sempre souberam da importância crucial da informação e dos seus meios de produção, e procuraram sempre o monopólio desse sistema. O monopólio, não do pensamento, porque efetivamente isto (ainda) é impossível, mas do modo de pensar. Exemplos do mundo antigo não faltam, mas prefiro citar um caso da Idade Média, porque todos o conhecem bem. Falo do monopólio da informação exercido pela Igreja Católica Romana.
Muito embora não tenha sido essa coisa horrorosa que muita gente acredita (influenciadas por outro monopólio da informação, posterior), efetivamente a Esposa de Cristo foi uma madona muito controladora enquanto esteve a frente do mundo ocidental. Há de se ressaltar que a Igreja era, quase sempre, a única interessada na conservação e aprimoramento do próprio conhecimento, com ordens inteiras de padres e monges dedicados a copiar e escrever livros das mais diversas áreas, enquanto os reis estavam ocupados demais guerreando e pensando em esposas para seus herdeiros; há ainda de ser ressaltado que a Igreja fundou o sistema universitário. Basta olhar no mapa da Europa e buscar pelas primeiras universidades para ver que todas elas nascem do seio da Igreja, muitas existindo até hoje, como a se Salamanca, na Espanha.
Ainda assim, foi um monopólio em algumas épocas severo, notadamente na Inquisição e nos conflitos de ideias com o Iluminismo que surgia rápido entre nossos pensadores, rápido demais, segundo julgo. A Igreja, por mais de mil e quinhentos anos afeita a uma única e inquestionável verdade, teve muita dificuldade em aceitar outras opiniões, que iam de encontro justamente a alguns de seus postulados mais basilares. Até hoje, como leigo, posso testemunhar a dificuldade da Igreja em discutir alguns temas, muito embora ela já tenha melhorado bastante nesse aspecto.
Hoje, basicamente, os conflitos de ideias podem ser resumidos entre a religião e a ciência. Claro que isto é uma afirmação superficialíssima, talvez mais fina do que uma membrana citoplasmática (por sinal tão fina que é semipermeável), mas preciso me servir dela para efeitos didádicos, agora. Só falei isto para introduzir meu outro exemplo, que é o exemplo dos Iluministas da Revolução Francesa. Uma das coisas que mais me revolta com relação à França é a sua revolução. Não apenas por ser um monarquista, mas especialmente pelas grandes mentiras que ali foram veiculadas como se fossem as maiores verdades do mundo.
Todos sabemos que a revolução, apesar da ampla participação do povo, na verdade foi arquitetada pela burguesia iluminista, que ansiava tomar o poder que estava nas mãos do clero e da nobreza. Pois muito bem, para chegar a esse intento, valeu-se a classe comerciante da maravilhosa invenção de Gutemberg, a saber: a imprensa. Muitos jornais surgiram naquela época, de cunho revolucionário, e divulgando todo tipo de mentiras sobre o clero e a nobreza. O modo como a Igreja Católica lidou com o caso de Galileu e Copérnico, por exemplo, foi sordidamente distorcido pelos jornais e autores do período iluminista, afoitos em lançar o povo contra a Igreja. também a nobreza foi duramente difamada com todo tipo de história mentirosa.
Merece destaque especial a história da princesa Maria Antonieta, que por muito, muito azar, mesmo, era Rainha da França na época da revolução. Os anais da história contam que, quando o povo esfomeado dirgiu-se à Versalhes para reclamar que não havia mais pão, os criados da rainha a comunicaram do fato e perguntaram o que deveriam dizer ao povo. Ao que a monarca teria respondido, desdenhosa: "Ora, pois diga ao povo que comam brioche". O episódio teria sido a gota d`água para o valente povo francês, que depois de saber da terrível resposta da rainha pegou em armas e começou a matança da qual todos temos seguro conhecimento.
Ocorre que tal fala da rainha só chegou aos ouvidos da população francesa pelos periódicos da época. Os quais, como já disse antes, estavam nas mãos, (não diga) da burguesia! Indo logo ao ponto, outro dia li em uma dessas revistas de história que historiadores estão cada vez mais convencidos de que o famoso episódio não passou de um mito, criado para inflamar o povo contra a monarquia e a Igreja Católica.
Com efeito, todos conhecemos, ou deveríamos conhecer, o lado negro da ideologia revolucionária francesa, traduzido na forte frase de Diderot (inspirado, acreditem, em um padre ou em uma de suas amigas, dependendo da corrente histórica), transcrita a seguir em seu original, como consta nos arquivos da Academia Francesa de Letras:
"Je voudrias, et ce sera le dernier et le plus ardent mes souhaits, je voudrais que le dernier des rois fût étranglé avec les boyaux du dernier prêtre."Ou, no vernáculo:
"Eu gostaria, e este será o último e mais ardente dos meus desejos, eu gostaria que o último rei fosse estrangulado com as tripas do último padre."
Cristo! Preciso dizer mais alguma coisa? Todos sabemos, ou deveríamos saber, quem foi Diderot e sua importância no pensamento da Revolução Francesa! Mas isto não é o pior, o pior é como a frase, evidentemente muito individualista e difícil de ser engolida, foi adaptada pelos pensadores iluministas para tornar-se sedutora aos ouvidos e coração das massas, em especial com a contribuição do sr. Voltaire. Por conta disso, a maioria de nós talvez a conheça não como a citei acima, mas como a seguir a coloco, muito mais eufemística:
"A humanidade só sera livre quando o último rei for estrangulado com as entranhas do último padre"Bem mais sedutor, bem mais sensato bem mais romântico. Bem mais atraente e fácil de veicular, não é? Bom, estou dizendo tudo isso, e poderia dizer bem mais, por ser o tema um dos que mais me atraem. Mas voltemos ao sentido do post antes que ele se perca totalmente. Perceberam como a informação, os fatos, a verdade, deixam de ser o mais importante, deixam de ser o essencial, o fim-último, e passam a ser apenas mais um instrumento de dominação da classe que controla os seus meios de produção e divulgação?
O que me faz voltar ao sentimento que primeiro me motivou a fazer esse post, e que agora me invade outra vez: tristeza. Cara, isto é realmente um enorme (palavrão - sinônimo de esfíncter anal)!
Me faz voltar também ao meu velho amiguinho Sócrates. Atrevo-me a dizer que, superado o problema inicial da linguagem e das insolúveis disparidades filosóficas entre nós, poderia, na verdade, me dar muito bem com ele. E sabem por que? Porque o velhinho lá entendia que devemos buscar a verdade, custe o que custar! Que não devemos nos estagnar com a nossa opinião, mas sempre ir além, que não devemos confiar em tudo o que nos disseram, e acima de tudo, não podemos esquecer que não somos veiculadores da verdade, mas apenas de opiniões.
A verdade, senhores, não nasce de outra fonte que não seja do diálogo, por mais demorado que ele possa ser! Nasce de eu ter a coragem de começar a me fazer perguntas, de começar a discutir com o outro, mas não para querer vencê-lo, e me isolar como um vitorioso alienado em minha rede de mentiras, mas a encontrar a verdade, que torna não apenas a mim, mas a humanidade inteira, vencedora! O que eu estou tentando dizer é que PAREM DE LER SÓCRATES, COMECEM A AGIR COMO ELE! Façam uso da maiêutica em suas vidas!
Meu post. Por Deus, meu post não tem toda a verdade! Quantos pontos falhos devem haver na minha argumentação, que apenas não sou capaz de detectar porque nunca ninguém chegou e os mostrou para mim! E, por Deus, como estou louco para que alguém os mostre! Porque, senhores, o importante não sou eu nem você, mas é a verdade!
Sim, podem me chamar de romântico, utópico, sei lá. Me xinguem aí, eu é que não vou ficar me xingando. Mas levem consigo pelo menos essa frase, que não é nem minha, nem do Diderot, nem do Sócrates, mas do mais sábio de todos nós:
Conhecereis a VERDADE, e a VERDADE vos libertará." (Jesus, o Cristo, no Evangelho de São João, capítulo 8, versículo 32)
P.S: Nesse sentido, recomendo o livro do meu xará, o jornalista Carlos Dorneles: DEUS É INOCENTE - A IMPRENSA, NÃO
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Ciência e Religião. É tudo dúvida. É tudo fé.
Antes de mais nada: é bom estar em casa depois de mais um dia exigente, como de praxe. É sempre bom chegar nos finalmente do dia com a sensação de dever cumprido, de corrida completada. Agora só falta conseguir chegar ao fim dessa vida com a mesma sensação e poder me considerar um santo.
Mas não é fácil. Não foi fácil pra eles, com certeza não será pra mim, nem pra nenhuma que tente seguir essa loucura que é o cristianismo e a busca pela santidade. Nunca foi fácil. Jesus mesmo, comentou, certa vez, cansado, que "as aves tem os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça".
Com efeito, seguir a Cristo, querer ser excelente, querer ser melhor, querer vencer totalmente, em todos os sentidos, exige um esforço diário que às vezes só pode ser descrito como insano. Mesmo quem não segue a Cristo ou ao Seu Pai, sabe como é difícil ao homem, com todas as sua óbvias e gritantes limitações, às vezes simplesmente levantar da cama, colocar-se a caminho do trabalho ou do estudo (pra quem ainda tem a graça de trabalhar e/ou estudar...), já é insuportavelmente difícil, quanto mais querer superar a si mesmo e ousar ser algo melhor.
Ás vezes, parecemos um exército de cambaleantes, caminhando dispersos e sem firmeza. Sem rumo, sem objetivo, sem foco em nada. Como se estivéssemos tão mais ocupados simplesmente evitando morrer que não houvesse tempo sequer para imaginar a possibilidade a algo mais, de ser melhor. Como se estivéssemos enjaiolados pelas grades da mediocridade, esperando que a rotina viesse e nos alimentasse com migalhas. E então não somos nada mais do que animais alienados em um zoológico, torcendo pra que algum visitante nos atire um amendoim.
Todo homem enfrenta esse desafio diário: superar a si mesmo. Ir além de si mesmo. Para o religioso, isto pode ser definido como transcender. Estamos sempre tentando ultrapassar a nós mesmos e ir ao encontro daquele que é maior do que nós. Com aqueles que não compartilham de nossa crença, acredito (mas não tenho certeza, porque minha matriz de pensamento é outra, e por isso peço desculpas antecipadas por alguma besteira que certamente falarei de vocês) que o desafio seja semelhante, embora em uma esfera muito mais empírica e guardadas as devidas proporções.
A nossa própria sociedade, que é meritocrática, nos empurra nessa direção. Somos estimulados a crescer, a nos desenvolver. Isso está além de discussão, muito embora documentários continuem sempre discutindo o tema, sempre com os mesmos argumentos, o que já está me enjoando.
Mas ao mesmo tempo, sei lá, é como se sempre faltasse alguma coisa, há sempre um vazio a ser preenchido. E não é um vazio distante, com o qual podemos nos preocupar daqui a 30 anos, quando formos grandes homens com grandes problemas, mas algo hodierno, que nos incomoda hoje, aqui e agora. Algo que não corremos atrás, porque pra início de conversa nem sabemos onde está.
De fato, todos temos um grande vazio em nosso interior, muitos apenas não se dão conta disso o tempo todo (outros fazem mesmo questão de jamais nem pensar no assunto) e só temos duas escolhas com relação a ele. Ou passamos a vida toda fugindo dele, e, Deus (!), como conheço gente perita em fazer isso, o que é mais fácil até a hora da morte, quando então somos fatalmente sugados para dentro desse vazio, como uma bolha que estoura no vácuo; ou nos viramos corajosa ou estupidamente para ele e o encaramos de frente. Mas como é complicado!
A morte, por exemplo. Para os religiosos, o fim de um ciclo e o começo de outro. Para os ateus, o grande ocaso do homem, o fim da linha e a queda para o grande vazio, que existia antes e que existirá ao final de tudo. Para ambos, em geral, um tremendo de um tabu. Ninguém quer falar da morte. Cristãos se benzem ante sua menção. A bíblia a chama de última inimiga da humanidade, que Cristo subjugará no fim dos tempos. Os ateus pelo menos são mais objetivos, é fim e pronto.
Mas mesmo nós religiosos, com a nossa fé, e os ateus, também com sua fé, só que às avessas, fogem até mesmo de mencioná-la, como se fizesse alguma diferença. Na verdade, diante da morte, diante da máxima limitação humana, que é a mortalidade, é que podemos ver o grande sofrimento da vida humana sobre a terra, e a grande impotência humana diante dos seus próprios limites.
Quer dizer, o homem é tão digno de pena que passa a vida toda sofrendo e vítima de um grande vazio, e mesmo assim, diante da morte, agarra-se à sua vida com todas as forças. Gasta tudo e todos ao seu redor, talvez subvertendo mesmo os seus valores mais profundos, por um único segundo a mais de vida. E tudo no mais absoluto silêncio, como se não comentar sobre a queda pudesse evitá-la, pudesse afastá-la. Mas o último suspiro do homem é sempre um grito para o incerto.
Todos conhecemos exemplos de homens que passam a vida toda sendo ateus convictos e militantes, e na velhice voltam-se para Deus desesperados, correndo atrás do tempo perdido. Também conhecemos exemplos do contrário, de homens que passam a vida toda nas esferas divinas e no fim desistem de tudo aquilo e correm também atrás do tempo perdido.
Como exemplo do primeiro caso, cito meu pai, comunista ferrenho, foi até perseguido pela ditadura, mas no fim da vida, quando a doença o debilitou a ponto de mal poder sair de casa, voltou-se para Deus de uma forma tão surpreendente que o médico até recomendou que parasse de ir à missa, eis que se emocionava demais, chegando mesmo a passar mal. Hoje posso dizer com orgulho que meu pai morreu lendo a bíblia, e creio que no fim pôde, em meio à dor da doença e a desonra da decadência que é a velhice, ao menos encontrar um pouco de conforto nas Sagradas Escrituras.
Como exemplo do segundo caso, vish, conheço vários. Não vou citá-los, pois que não fui íntimo de nenhum deles, e poderia falar muita besteira ao tecer comentários especulativos. Faço, porém, questão de dizer que os conheci, para enfatizar os dois lados da questão e dar um pouco de justiça ao meu pensamento. E, mais ainda, mostrar que, como há dois lados, há duas opiniões. E, se há duas opiniões, é porque os fatos não estão claros. E, se os fatos não estão claros, há dúvida e incerteza. De um lado a fé, e do outro a descrença.
Afinal, se o viver do homem é uma grande incerteza, uma grande luta entre a miséria certa e a grandeza incerta, entre a morte certa e a incerta vida após esta, como duvidar que a própria vida seja uma grande alegoria à incerteza? E quem poderá, afinal de contas, saber o que há do outro lado? E se vale a pena perdermos nosso tempo nos agarrando a uma existência tão miserável e desgraçada que es esvazia em si mesma, pela simples velhice e cansaço do mundo, sem ser necessário nem mesmo um simples resfriado para dar cabo dela?
A riquíssima tradição da Igreja Católica resume bem tudo o que expressei acima. Em uma de suas Orações Eucarísticas, o Padre ora e eu nunca paro de pensar nessas palavras: "E para aqueles a quem a certeza da morte entristece, que a esperança da ressurreição traga nova alegria."
Também a tradição popular, em sua sabedoria que rivaliza até com a da Santa Igreja, afirma em um ditado popular: "a única certeza da vida é a morte".
Oras, em verdade só temos certeza do seguinte: a vida é curta. E é complicadíssima, como não preciso dizer para vocês. Mesmo os ricos às vezes acordam lívidos de medo, o suor escorrendo em seus lençóis de seda. O resto todo é suposição, é esperança ou estupidez. Nada muito palpável, você há de convir comigo. É como diz o Mago Gandalf, no livro O SENHOR DOS ANÉIS - O RETORNO DO REI (de autoria do grande mestre Tolkien, por sinal, católico): "Nunca houve muita esperança. Somente a esperança dos tolos."
E mesmo assim a gente luta, mesmo assim a gente busca, mesmo assim a gente quer vencer, quer superar. Toda meia-noite do dia primeiro de janeiro soltamos fogos, esperando que as coisas melhorem. E pensamos que o ano que vem será melhor que o que passou, e que a humanidade tomará jeito, e que as guerras irão acabar, e que o homem escapará de si mesmo, finalmente.
Com efeito, todas as ideologias, revoluções, todas nos fazem essa mesma promessa. As religiões prometem a libertação da humanidade através de caridade, paz interior e uma relação íntima com todas as coisas e o seu criador. A revolução francesa promete a liberdade através de leis que igualem os homens e lhes dêm o poder de fazer o que quiser dentro de uma coletividade ordenada. O comunismo promete igualar a todos e distribuir todos os recursos conforme cada um necessita, acabando com as diferenças, anarquismo promete tudo isso só quem sem lei nem chefe nem porcaria nenhuma, e por ai vai.
O que eu quero realmente dizer é que toda a história humana é baseada no pensamento de que as coisas vão tomar jeito, de que as coisas vão melhorar. Por mais que tudo esteja um caos, sempre encontramos uma forma de racionalizar nosso otimismo. O iluminismo, e o evolucionismo e o positivismo nada mais são (para fins deste post) do que a racionalização do "amanhã tudo vai ser melhor".
Ou somos muito idiotas ou talvez, só talvez, realmente essa vida valha a pena, quem sabe. E quem dera que fosse só essa a única dúvida existencial do ser humano! Mas ainda há tantas perguntas a serem feitas...
Quanto vale um segundo de uma vida? Quanto vale o nosso tempo e o que é mais importante? Querer aumentá-lo ao custo de perdê-lo, ou aproveitá-lo ao custo de gastá-lo mais rápido?
Talvez, só talvez, haja um motivo para tudo isso. Para essa loucura que a gente vive todo dia. Para eu querer ver meus amigos de novo, e o sorriso em seus rostos. Para eu dizer para os membros da minha família como eu os amo Para eu querer ir à Igreja de novo, e naqueles poucos segundos de êxtase espiritual, me sentir completo, e vivo, e sereno. Para a gente acordar e dize para si mesmo "vou seguir em frente. Vou lutar, vou vencer! "
Me parece razoável supor que, se você ainda não se suicidou, e nem eu, é porque ambos, quando paramos para pensar no valor de nossa própria existência, se não nos convencemos de que ela é a última coca-cola do deserto, pelo menos ainda não chegamos ao ponto de fazer total descaso dela. O que quer dizer que, se não esperamos necessariamente algo melhor, ao menos pensamos que ainda não está tão ruim, assim.
Talvez, mas só talvez, se a gente passa a vida toda lutando, será que é porque no final haja, quem sabe, realmente uma vitória? Quem sabe, como disseram Cristo e Maomé, dentre tantos outros, haja alguma coisa nos esperando do outro lado, nem que seja, como certa vez disse-me um amigo ateu, o "tribunal de Osíris?"
Minha intenção não é dizer que há um lado certo e outro errado. Com efeito, somos todos, religiosos e cientistas, apenas homens de fé. O que muda apenas é para onde dirigimos nossa fé, mas nem por isso ela perde esse aspecto de fé. Penso, isso, sim, que passamos tempo demais discutindo quando na verdade queremos as mesmas coisas: respostas. E penso que passamos muito tempo separados, quando na verdade estamos unidos pela mesma motivação: ir além.
Quero encerrar, portanto, citando um homem em quem me inspiro, porque quero ser como ele. Um homem que conseguiu fundir, como tantos outros ao longo da história, ciência e religião em sua vida, e que, assim como eu, muito se questionou, nos mesmos termos que me questionei acima, para ao final concluir, como também eu concluo, que:
Que o Senhor da Vida, da Religião, da Ciência e da Tradição nos abençoe a todos. Amém.
Mas não é fácil. Não foi fácil pra eles, com certeza não será pra mim, nem pra nenhuma que tente seguir essa loucura que é o cristianismo e a busca pela santidade. Nunca foi fácil. Jesus mesmo, comentou, certa vez, cansado, que "as aves tem os seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça".
Com efeito, seguir a Cristo, querer ser excelente, querer ser melhor, querer vencer totalmente, em todos os sentidos, exige um esforço diário que às vezes só pode ser descrito como insano. Mesmo quem não segue a Cristo ou ao Seu Pai, sabe como é difícil ao homem, com todas as sua óbvias e gritantes limitações, às vezes simplesmente levantar da cama, colocar-se a caminho do trabalho ou do estudo (pra quem ainda tem a graça de trabalhar e/ou estudar...), já é insuportavelmente difícil, quanto mais querer superar a si mesmo e ousar ser algo melhor.
Ás vezes, parecemos um exército de cambaleantes, caminhando dispersos e sem firmeza. Sem rumo, sem objetivo, sem foco em nada. Como se estivéssemos tão mais ocupados simplesmente evitando morrer que não houvesse tempo sequer para imaginar a possibilidade a algo mais, de ser melhor. Como se estivéssemos enjaiolados pelas grades da mediocridade, esperando que a rotina viesse e nos alimentasse com migalhas. E então não somos nada mais do que animais alienados em um zoológico, torcendo pra que algum visitante nos atire um amendoim.
Todo homem enfrenta esse desafio diário: superar a si mesmo. Ir além de si mesmo. Para o religioso, isto pode ser definido como transcender. Estamos sempre tentando ultrapassar a nós mesmos e ir ao encontro daquele que é maior do que nós. Com aqueles que não compartilham de nossa crença, acredito (mas não tenho certeza, porque minha matriz de pensamento é outra, e por isso peço desculpas antecipadas por alguma besteira que certamente falarei de vocês) que o desafio seja semelhante, embora em uma esfera muito mais empírica e guardadas as devidas proporções.
A nossa própria sociedade, que é meritocrática, nos empurra nessa direção. Somos estimulados a crescer, a nos desenvolver. Isso está além de discussão, muito embora documentários continuem sempre discutindo o tema, sempre com os mesmos argumentos, o que já está me enjoando.
Mas ao mesmo tempo, sei lá, é como se sempre faltasse alguma coisa, há sempre um vazio a ser preenchido. E não é um vazio distante, com o qual podemos nos preocupar daqui a 30 anos, quando formos grandes homens com grandes problemas, mas algo hodierno, que nos incomoda hoje, aqui e agora. Algo que não corremos atrás, porque pra início de conversa nem sabemos onde está.
De fato, todos temos um grande vazio em nosso interior, muitos apenas não se dão conta disso o tempo todo (outros fazem mesmo questão de jamais nem pensar no assunto) e só temos duas escolhas com relação a ele. Ou passamos a vida toda fugindo dele, e, Deus (!), como conheço gente perita em fazer isso, o que é mais fácil até a hora da morte, quando então somos fatalmente sugados para dentro desse vazio, como uma bolha que estoura no vácuo; ou nos viramos corajosa ou estupidamente para ele e o encaramos de frente. Mas como é complicado!
A morte, por exemplo. Para os religiosos, o fim de um ciclo e o começo de outro. Para os ateus, o grande ocaso do homem, o fim da linha e a queda para o grande vazio, que existia antes e que existirá ao final de tudo. Para ambos, em geral, um tremendo de um tabu. Ninguém quer falar da morte. Cristãos se benzem ante sua menção. A bíblia a chama de última inimiga da humanidade, que Cristo subjugará no fim dos tempos. Os ateus pelo menos são mais objetivos, é fim e pronto.
Mas mesmo nós religiosos, com a nossa fé, e os ateus, também com sua fé, só que às avessas, fogem até mesmo de mencioná-la, como se fizesse alguma diferença. Na verdade, diante da morte, diante da máxima limitação humana, que é a mortalidade, é que podemos ver o grande sofrimento da vida humana sobre a terra, e a grande impotência humana diante dos seus próprios limites.
Quer dizer, o homem é tão digno de pena que passa a vida toda sofrendo e vítima de um grande vazio, e mesmo assim, diante da morte, agarra-se à sua vida com todas as forças. Gasta tudo e todos ao seu redor, talvez subvertendo mesmo os seus valores mais profundos, por um único segundo a mais de vida. E tudo no mais absoluto silêncio, como se não comentar sobre a queda pudesse evitá-la, pudesse afastá-la. Mas o último suspiro do homem é sempre um grito para o incerto.
Todos conhecemos exemplos de homens que passam a vida toda sendo ateus convictos e militantes, e na velhice voltam-se para Deus desesperados, correndo atrás do tempo perdido. Também conhecemos exemplos do contrário, de homens que passam a vida toda nas esferas divinas e no fim desistem de tudo aquilo e correm também atrás do tempo perdido.
Como exemplo do primeiro caso, cito meu pai, comunista ferrenho, foi até perseguido pela ditadura, mas no fim da vida, quando a doença o debilitou a ponto de mal poder sair de casa, voltou-se para Deus de uma forma tão surpreendente que o médico até recomendou que parasse de ir à missa, eis que se emocionava demais, chegando mesmo a passar mal. Hoje posso dizer com orgulho que meu pai morreu lendo a bíblia, e creio que no fim pôde, em meio à dor da doença e a desonra da decadência que é a velhice, ao menos encontrar um pouco de conforto nas Sagradas Escrituras.
Como exemplo do segundo caso, vish, conheço vários. Não vou citá-los, pois que não fui íntimo de nenhum deles, e poderia falar muita besteira ao tecer comentários especulativos. Faço, porém, questão de dizer que os conheci, para enfatizar os dois lados da questão e dar um pouco de justiça ao meu pensamento. E, mais ainda, mostrar que, como há dois lados, há duas opiniões. E, se há duas opiniões, é porque os fatos não estão claros. E, se os fatos não estão claros, há dúvida e incerteza. De um lado a fé, e do outro a descrença.
Afinal, se o viver do homem é uma grande incerteza, uma grande luta entre a miséria certa e a grandeza incerta, entre a morte certa e a incerta vida após esta, como duvidar que a própria vida seja uma grande alegoria à incerteza? E quem poderá, afinal de contas, saber o que há do outro lado? E se vale a pena perdermos nosso tempo nos agarrando a uma existência tão miserável e desgraçada que es esvazia em si mesma, pela simples velhice e cansaço do mundo, sem ser necessário nem mesmo um simples resfriado para dar cabo dela?
A riquíssima tradição da Igreja Católica resume bem tudo o que expressei acima. Em uma de suas Orações Eucarísticas, o Padre ora e eu nunca paro de pensar nessas palavras: "E para aqueles a quem a certeza da morte entristece, que a esperança da ressurreição traga nova alegria."
Também a tradição popular, em sua sabedoria que rivaliza até com a da Santa Igreja, afirma em um ditado popular: "a única certeza da vida é a morte".
Oras, em verdade só temos certeza do seguinte: a vida é curta. E é complicadíssima, como não preciso dizer para vocês. Mesmo os ricos às vezes acordam lívidos de medo, o suor escorrendo em seus lençóis de seda. O resto todo é suposição, é esperança ou estupidez. Nada muito palpável, você há de convir comigo. É como diz o Mago Gandalf, no livro O SENHOR DOS ANÉIS - O RETORNO DO REI (de autoria do grande mestre Tolkien, por sinal, católico): "Nunca houve muita esperança. Somente a esperança dos tolos."
E mesmo assim a gente luta, mesmo assim a gente busca, mesmo assim a gente quer vencer, quer superar. Toda meia-noite do dia primeiro de janeiro soltamos fogos, esperando que as coisas melhorem. E pensamos que o ano que vem será melhor que o que passou, e que a humanidade tomará jeito, e que as guerras irão acabar, e que o homem escapará de si mesmo, finalmente.
Com efeito, todas as ideologias, revoluções, todas nos fazem essa mesma promessa. As religiões prometem a libertação da humanidade através de caridade, paz interior e uma relação íntima com todas as coisas e o seu criador. A revolução francesa promete a liberdade através de leis que igualem os homens e lhes dêm o poder de fazer o que quiser dentro de uma coletividade ordenada. O comunismo promete igualar a todos e distribuir todos os recursos conforme cada um necessita, acabando com as diferenças, anarquismo promete tudo isso só quem sem lei nem chefe nem porcaria nenhuma, e por ai vai.
O que eu quero realmente dizer é que toda a história humana é baseada no pensamento de que as coisas vão tomar jeito, de que as coisas vão melhorar. Por mais que tudo esteja um caos, sempre encontramos uma forma de racionalizar nosso otimismo. O iluminismo, e o evolucionismo e o positivismo nada mais são (para fins deste post) do que a racionalização do "amanhã tudo vai ser melhor".
Ou somos muito idiotas ou talvez, só talvez, realmente essa vida valha a pena, quem sabe. E quem dera que fosse só essa a única dúvida existencial do ser humano! Mas ainda há tantas perguntas a serem feitas...
Quanto vale um segundo de uma vida? Quanto vale o nosso tempo e o que é mais importante? Querer aumentá-lo ao custo de perdê-lo, ou aproveitá-lo ao custo de gastá-lo mais rápido?
Talvez, só talvez, haja um motivo para tudo isso. Para essa loucura que a gente vive todo dia. Para eu querer ver meus amigos de novo, e o sorriso em seus rostos. Para eu dizer para os membros da minha família como eu os amo Para eu querer ir à Igreja de novo, e naqueles poucos segundos de êxtase espiritual, me sentir completo, e vivo, e sereno. Para a gente acordar e dize para si mesmo "vou seguir em frente. Vou lutar, vou vencer! "
Me parece razoável supor que, se você ainda não se suicidou, e nem eu, é porque ambos, quando paramos para pensar no valor de nossa própria existência, se não nos convencemos de que ela é a última coca-cola do deserto, pelo menos ainda não chegamos ao ponto de fazer total descaso dela. O que quer dizer que, se não esperamos necessariamente algo melhor, ao menos pensamos que ainda não está tão ruim, assim.
Talvez, mas só talvez, se a gente passa a vida toda lutando, será que é porque no final haja, quem sabe, realmente uma vitória? Quem sabe, como disseram Cristo e Maomé, dentre tantos outros, haja alguma coisa nos esperando do outro lado, nem que seja, como certa vez disse-me um amigo ateu, o "tribunal de Osíris?"
Minha intenção não é dizer que há um lado certo e outro errado. Com efeito, somos todos, religiosos e cientistas, apenas homens de fé. O que muda apenas é para onde dirigimos nossa fé, mas nem por isso ela perde esse aspecto de fé. Penso, isso, sim, que passamos tempo demais discutindo quando na verdade queremos as mesmas coisas: respostas. E penso que passamos muito tempo separados, quando na verdade estamos unidos pela mesma motivação: ir além.
Quero encerrar, portanto, citando um homem em quem me inspiro, porque quero ser como ele. Um homem que conseguiu fundir, como tantos outros ao longo da história, ciência e religião em sua vida, e que, assim como eu, muito se questionou, nos mesmos termos que me questionei acima, para ao final concluir, como também eu concluo, que:
"Tenho duas escolhas. Uma é acreditar que não existem milagres. E a outra é acreditar que todas as coisas são um milagre." (Albert Einstein)
Que o Senhor da Vida, da Religião, da Ciência e da Tradição nos abençoe a todos. Amém.
domingo, 15 de abril de 2012
Exortação aos envergonhados da vida
Continuando os relatos sobre a semana mais polêmica da minha vida. Com uma observação preliminar: estou DE SACO CHEIO de debater qualquer coisa por uns tempos. Meu, sem noção. Imagina o sofrimento que é você, quase três da manhã debatendo o já velho e batido tema do "aborto dos anencéfalos".
Antes tivesse sido só isso. Caaaaaaara, até o penteado do Para entrou em discussão. O pentado...PENTEADO de Sua Santidade. Complicado, né? Veja você até onde vai a sede de litígio de uma pessoa dessas. Enfim, chega, chega chega de falar nisso. O que passou, assou, e ainda bem, por sinal. Mas mesmo assim é muito chato.
As pessoas tem uns hábitos que me irritam muito. Gente que adora dar uma de jornalista, por exemplo. Não consegue passar um dia sem distribuir informações. É como se fossem um monte de sucursais da CNN andando por aí. "Ai, fulana, você viu que sei-lá-quem fez não-sei-o-que e blábláblá, porque fulana traiu o marido e foi uma confusão e eu já te falei do barraco que rolou lá na rua ontem, porque, valha-me Deus, não é que eu goste de fofocar, mas"...Quer dizer, PRA QUÊ GASTAR SEU DINHEIRO COMPRANDO JORNAL, né gente???
Outa espécie que faz sucesso nesse zoológico é o cara que quer dar uma de juiz. Nossa, esse aí deviam abrir uma temporada de caça de 9 meses por ano, de preferência que abrangesse o período reprodutivo, e isso tudo só pra manter a população sob controle! Pra extinguir, só mesmo com ataques nucleares sucessivos e concentrados.
Sério, será que é assim tão divertido ficar dando palpites na vida dos outros, ficar querendo julgar as pessoas, achando que pode dizer o que elas devem fazer e coisa e tal? Quer dizer, será que essas pessoas tem uma vida assim tão medíocre e amarga que a única saída é ficar vivendo a vida dos outros?
O outro tipo que eu quero falar, pra fechar o triângulo da perdição, é meio que o contrário do Juiz. é aquela pessoa que dá uma de Réu. enquanto o Juiz deixa de viver a vida dele pra meter o nariz na dos outros, o Réu deixa de viver a própria vida com medo do Juiz, e também do jornalista lá em cima, que nesse período já falou mal de um pro outro mais de uma vez, podem ter certeza.
É pra esse tipo de gente que eu quero me dirigir hoje da maneira mais especial, porque é o tipo mais melancólico de todos, o que inspira mais pena, e aqui pena é naquele sentido bem pejorativo, mesmo.
É muito ruim a gente deixar de fazer o que gosta, o que gosta e até mesmo o que precisa, só por receio do que as outras pessoas vão achar. Poucas coisas atentam mais contra a dignidade individual do ser humano. Eu sei disso porque padeci desse mal (porque efetivamente isto É um mal) por muito tempo, diria uns 3/4 da minha vida social; não que seja lá esse tempo todo, só tenho 20 anos, mas analisando a coisa de vida em termos proporcionais e não absolutos, pô, foi do metal.
Tem apenas uns 2 anos que eu comecei a me policiar no sentido de largar essa conduta. Coisas que a faculdade mostra pra gente. E o que eu posso dizer, mesmo ainda tendo muito o que aprender, é que vale a pena. Vale muito a pena.
Cara, cê tá com vontade de fazer alguma coisa? Faz. Simples assim. Lembro quando eu tinha 16 anos e estava no meio de um desses romances idiotas da adolescência. A menina vinha e me dava um beijo. E eu, lesão, perguntava pra ela: "Por que você fez isso?" E ela, na maior naturalidade: " Porque eu quis". Na época eu não entendia. Ficava horas pensando nisso e não entendia. Pra mim, as coisas eram mais complicadas do que " porque eu quis". Tinham de ser, na minha cabeça de leso.
Mas hoje eu vejo que não. Que não necessariamente nossas atitudes tem tratados de motivos por detrás delas. Que não precisamos ser como os ministros do STF que, se bobear, até pra peidar tem que se valer de alguma doutrina. Algumas vezes, as coisas simplesmente são, e é melhor que seja assim. Mais simples, mais leve, mais correto, até.
Às vezes a gente tem vergonha, claro. É um sentimento muito comum, e inclusive útil. Desde o início da humanidade, a vergonha tem sido um poderoso regular social. Deixamos de fazer besteira, muitas vezes, nem porque é errado ou imprudente ou sei lá, mas por vergonha: vergonha do que o nosso grupo social vai achar. Não queremos ser reprovados e, consequentemente excluídos da sociedade. Porque por mais que a gente negue, todos sabemos que o homem sozinho não é nada. Com efeito, nas palavras do velho Aristóteles, " o homem é um ser social".
Mas aí é que vem a pergunta de um milhão de doláres (expressão surgida nos EUA na década de 1970 por causa daqueles programas de auditório estilo SHOW DO MILHÃO, hoje encontra-se defasada, já que no capitalismo moderno internacional 1 milhão de dólares não dá nem pra nem pra saída, mais.): até que ponto eu devo me importar com o que os outros vão pensar? Aí é que está.
Tem gente que não fala em público, por vergonha. Gente que não dança, por vergonha. Gente que não canta, por vergonha. Gente que não luta pelo amor da sua vida, por vergonha. Oras, evidente que essa vergonha não tem cabimento! Vergonha, como sempre diz minha mãe, parafraseando a sabedoria do antigos, é roubar, é matar, é mentir, é trair. Isso, sim, é vergonha, isso, sim é desonra!
Meu, na boa. Os outros não são tão importantes assim pra você se reprimir por causa deles. Você quer cantar no meio da rua enquanto caminha. Canta, pô! E aí que uns e outros vão olhar feio e outros vão rir? Danem-se eles! Será que eles são cantores profissionais, abençoados com a voz de anjos celestiais? Podes apostar que em sua maioria, não! São apenas juízes, apenas jornalistas. Gente que não tem nada de especial e, pra não ter que encarar a própria falta de talento, ficam procurando ela nos outros. Danem-se essas pessoas! Estou cagando e andando pra elas!
E depois, a maioria dessas situações, são pessoas que vão te ver uma única vez na vida. Se vocês interagirem por 10 segundos, é muito. E aí, mano, um abraço. Nunca mais. Cacete, será possível, será JUSTO que uma pessoa que vai ficar 10 segundos na minha vida tenha tanto poder sobre a minha conduta?Eu digo que não, digo que isso é uma palhaçada, e se você der poder pruma pessoas dessas de impedir de ser feliz, ah mano, então o palhaço é você, olha. Tragicômico, por sinal.
Rir com os amigos no meio da rua, isso não é vergonha. Sorrir praquela pessoa que você quer conhecer, isso não é vergonha. Beijar loucamente a pessoa que você ama pra todo mundo ver, isso não é vergonha. Vergonha é deixar a vida, esse dom precioso que Deus te deu com tanto amor, passar todos os dias até se esgotar sem que um único dia tenha valido a pena. Aí, sim, que tristeza e que desperdício.
Aí, sim, que vergonha.
Deus nos dê a Sua benção. No final, é tudo de que precisamos. Amém. E viva o Papa! E viva a Igreja Católica! Viva Roma, onde o sol não tem poente. Salve a Cidade Eterna! Salve As Chaves de São Pedro! Salve o Príncipe! Salve o Rei, Cristo Jesus! Salve Maria, sua Santa mãe!
Antes tivesse sido só isso. Caaaaaaara, até o penteado do Para entrou em discussão. O pentado...PENTEADO de Sua Santidade. Complicado, né? Veja você até onde vai a sede de litígio de uma pessoa dessas. Enfim, chega, chega chega de falar nisso. O que passou, assou, e ainda bem, por sinal. Mas mesmo assim é muito chato.
As pessoas tem uns hábitos que me irritam muito. Gente que adora dar uma de jornalista, por exemplo. Não consegue passar um dia sem distribuir informações. É como se fossem um monte de sucursais da CNN andando por aí. "Ai, fulana, você viu que sei-lá-quem fez não-sei-o-que e blábláblá, porque fulana traiu o marido e foi uma confusão e eu já te falei do barraco que rolou lá na rua ontem, porque, valha-me Deus, não é que eu goste de fofocar, mas"...Quer dizer, PRA QUÊ GASTAR SEU DINHEIRO COMPRANDO JORNAL, né gente???
Outa espécie que faz sucesso nesse zoológico é o cara que quer dar uma de juiz. Nossa, esse aí deviam abrir uma temporada de caça de 9 meses por ano, de preferência que abrangesse o período reprodutivo, e isso tudo só pra manter a população sob controle! Pra extinguir, só mesmo com ataques nucleares sucessivos e concentrados.
Sério, será que é assim tão divertido ficar dando palpites na vida dos outros, ficar querendo julgar as pessoas, achando que pode dizer o que elas devem fazer e coisa e tal? Quer dizer, será que essas pessoas tem uma vida assim tão medíocre e amarga que a única saída é ficar vivendo a vida dos outros?
O outro tipo que eu quero falar, pra fechar o triângulo da perdição, é meio que o contrário do Juiz. é aquela pessoa que dá uma de Réu. enquanto o Juiz deixa de viver a vida dele pra meter o nariz na dos outros, o Réu deixa de viver a própria vida com medo do Juiz, e também do jornalista lá em cima, que nesse período já falou mal de um pro outro mais de uma vez, podem ter certeza.
É pra esse tipo de gente que eu quero me dirigir hoje da maneira mais especial, porque é o tipo mais melancólico de todos, o que inspira mais pena, e aqui pena é naquele sentido bem pejorativo, mesmo.
É muito ruim a gente deixar de fazer o que gosta, o que gosta e até mesmo o que precisa, só por receio do que as outras pessoas vão achar. Poucas coisas atentam mais contra a dignidade individual do ser humano. Eu sei disso porque padeci desse mal (porque efetivamente isto É um mal) por muito tempo, diria uns 3/4 da minha vida social; não que seja lá esse tempo todo, só tenho 20 anos, mas analisando a coisa de vida em termos proporcionais e não absolutos, pô, foi do metal.
Tem apenas uns 2 anos que eu comecei a me policiar no sentido de largar essa conduta. Coisas que a faculdade mostra pra gente. E o que eu posso dizer, mesmo ainda tendo muito o que aprender, é que vale a pena. Vale muito a pena.
Cara, cê tá com vontade de fazer alguma coisa? Faz. Simples assim. Lembro quando eu tinha 16 anos e estava no meio de um desses romances idiotas da adolescência. A menina vinha e me dava um beijo. E eu, lesão, perguntava pra ela: "Por que você fez isso?" E ela, na maior naturalidade: " Porque eu quis". Na época eu não entendia. Ficava horas pensando nisso e não entendia. Pra mim, as coisas eram mais complicadas do que " porque eu quis". Tinham de ser, na minha cabeça de leso.
Mas hoje eu vejo que não. Que não necessariamente nossas atitudes tem tratados de motivos por detrás delas. Que não precisamos ser como os ministros do STF que, se bobear, até pra peidar tem que se valer de alguma doutrina. Algumas vezes, as coisas simplesmente são, e é melhor que seja assim. Mais simples, mais leve, mais correto, até.
Às vezes a gente tem vergonha, claro. É um sentimento muito comum, e inclusive útil. Desde o início da humanidade, a vergonha tem sido um poderoso regular social. Deixamos de fazer besteira, muitas vezes, nem porque é errado ou imprudente ou sei lá, mas por vergonha: vergonha do que o nosso grupo social vai achar. Não queremos ser reprovados e, consequentemente excluídos da sociedade. Porque por mais que a gente negue, todos sabemos que o homem sozinho não é nada. Com efeito, nas palavras do velho Aristóteles, " o homem é um ser social".
Mas aí é que vem a pergunta de um milhão de doláres (expressão surgida nos EUA na década de 1970 por causa daqueles programas de auditório estilo SHOW DO MILHÃO, hoje encontra-se defasada, já que no capitalismo moderno internacional 1 milhão de dólares não dá nem pra nem pra saída, mais.): até que ponto eu devo me importar com o que os outros vão pensar? Aí é que está.
Tem gente que não fala em público, por vergonha. Gente que não dança, por vergonha. Gente que não canta, por vergonha. Gente que não luta pelo amor da sua vida, por vergonha. Oras, evidente que essa vergonha não tem cabimento! Vergonha, como sempre diz minha mãe, parafraseando a sabedoria do antigos, é roubar, é matar, é mentir, é trair. Isso, sim, é vergonha, isso, sim é desonra!
Meu, na boa. Os outros não são tão importantes assim pra você se reprimir por causa deles. Você quer cantar no meio da rua enquanto caminha. Canta, pô! E aí que uns e outros vão olhar feio e outros vão rir? Danem-se eles! Será que eles são cantores profissionais, abençoados com a voz de anjos celestiais? Podes apostar que em sua maioria, não! São apenas juízes, apenas jornalistas. Gente que não tem nada de especial e, pra não ter que encarar a própria falta de talento, ficam procurando ela nos outros. Danem-se essas pessoas! Estou cagando e andando pra elas!
E depois, a maioria dessas situações, são pessoas que vão te ver uma única vez na vida. Se vocês interagirem por 10 segundos, é muito. E aí, mano, um abraço. Nunca mais. Cacete, será possível, será JUSTO que uma pessoa que vai ficar 10 segundos na minha vida tenha tanto poder sobre a minha conduta?Eu digo que não, digo que isso é uma palhaçada, e se você der poder pruma pessoas dessas de impedir de ser feliz, ah mano, então o palhaço é você, olha. Tragicômico, por sinal.
Rir com os amigos no meio da rua, isso não é vergonha. Sorrir praquela pessoa que você quer conhecer, isso não é vergonha. Beijar loucamente a pessoa que você ama pra todo mundo ver, isso não é vergonha. Vergonha é deixar a vida, esse dom precioso que Deus te deu com tanto amor, passar todos os dias até se esgotar sem que um único dia tenha valido a pena. Aí, sim, que tristeza e que desperdício.
Aí, sim, que vergonha.
Deus nos dê a Sua benção. No final, é tudo de que precisamos. Amém. E viva o Papa! E viva a Igreja Católica! Viva Roma, onde o sol não tem poente. Salve a Cidade Eterna! Salve As Chaves de São Pedro! Salve o Príncipe! Salve o Rei, Cristo Jesus! Salve Maria, sua Santa mãe!
sexta-feira, 13 de abril de 2012
o Computador, esse lindo que vai acabar com todos nós
O computador vai acabar com a humanidade, olha. Já está acabando, aos pouquinhos, sem a gente perceber. Sério. Esse troço vai sugar a gente pra dentro dele, sem sacanagem. Vejam o meu caso por exemplo. Meu, eu tô com tanto sono que até as minhas olheiras devem ter olheiras, e mesmo assim eu estou aqui acordado, teclando que nem um animal condicionado de algum experimento de repetição.
Bem que eu queria estar em outro lugar. Acredito piamente que muitos dos que um dia irão ler isso vão querer estar em outro lugar, também. Ou não, se as coisas ficarem tão ruins como tenho receio de que acabem ficando.
Mas estão aqui, na frente dessa máquina viciante forjada diretamente nas fornalhas mais profundas do inferno da mente humana.
Cara, como é que a gente chegou nesse ponto, meu? Hoje em dia o computador toma mais tempo das pessoas do que televisão, cara! Do que a televisão! Hoje em dia a maioria das pessoas nem assiste mais televisão direito, ela passou a ser um som de fundo pra quando a gente está usando o computador. Pra você ver a que ponto chegamos. Bizarrice pura, estilo outro 24 quilates.
Não que a televisão, pra falar um pouco dela realmente seja lá essas coisas. Especialmente no Brasil, onde você tem aquele emissora linda que é a TV Globo dominando o mercado de tv aberta, não me surpreende que as pessoas estejam preferindo o computador à televisão. Eu só ligo a tv naquela porcaria pra assistir futebol e olhe lá. Nem o Jornal Nacional eu vejo mais, já que a tv fechada me oferece canais especializados em notícia. Assim pelo menos eu posso assistir vários canais e ter acesso a várias fontes de informação, podendo pelo menos escapar um pouco da manipulação que a mídia nos impõe. Nada na televisão é neutro, começando pelos jornais, mas isso é assunto pra outro dia. Foco, foco!
Tem também o fato de o computador ser, a bem da verdade, realmente bem melhor do que a tv. Aliás, com um bom computador hoje em dia (e uma boa conexão de internet também) você efetivamente não precisa nem de televisão, nem de dvd, nem de videogame, nem de aparelho de som. O computador concentra tudo nele. É um tremendo de um guloso!
Além disso, o computador rapidamente alcançou um nível muito alto de interatividade, coisa que a televisão ainda não oferece em nível satisfatório. Enquanto na maioria das televisões, rádios e o escambau, a gente aperta um botãozinho aqui e outro ali, no máximo mudando de canal ou mexendo no volume, no computador eu faço praticamente qualquer coisa! Atente para o uso da palavra FAÇO na frase anterior, pois foi proposital.
Gente, a sensação que um computador oferece é boa demais. Enquanto na televisão, rádio e por aí vai, somos, como já falei, impotentes, passivos, limitados a um número limitado de funções, no computador somos efetivamente SUJEITOS ATIVOS. Quer dizer, agora estou digitando meu blog. Efetivamente, estou fazendo, ainda que apenas virtualmente, alguma coisa. Quando a gente está jogando, então? A gente aperta o botão e acontece tal coisa. Pessoal trapaceiro usa aí um código e mata todos os adversários no CS. Querendo ou não, isso dá uma sensação de poder sinistra pro cara, e ele, como não, vicia naquilo, né.
Sem contar que a artificialidade que é o meio virtual é fonte de realização de todas as fantasias das pessoas. Forever Alone's saciam-se solitariamente em sites de pornografia. Covardes assumem personagens corajosos. Nerds gordinhos e rejeitados na vida real são respeitados mestres de RPG, alguns respeitados como certos PHD's jamais serão. Sim, gente, eu sei que esse parágrafo foi cheio dos esteriótipos, peço perdão por ter que recorrer a esses exemplos de baixíssimo nível, não concordo que nenhuma das situações que eu falei ali é verdadeira e incontestável, não sou determinista, foi só pra vocês entenderem o que eu quero dizer sem eu ter que ficar citando Aristóteles, Theilard de Chardin e Kant, entre outros.
O fato, pessoal, é que hoje em dia você já não ve o moleque saindo de casa para jogar bola como era antigamente. Você jã não vê o fracassado lutando pra ser uma coisa melhor. Pra que jogar bola de verdade, correndo o risco de me ralar todo, se eu posso jogar FIFA, onde todos os gols são golaços e onde eu não preciso treinar meu corpo nem me sacrificar pra ser bem-sucedido? Pra que querer ser algo melhor na vida real, quando basta matar mais mil orcs pra me tornar um mestre supremo do clã virtual dos cabeças de dragão?
Eu mesmo nem poderia estar falando nada disso, já que estou em frente dessa bosta aqui tem umas quatro horas, já. Sei, sem nem pensar muito, que estou perdendo meu tempo. Poderia estar fazendo algo proveitoso. Dormindo. Estudando. Me exercitando. Orando. Indo atrás de uma mulher bem bonita. Ma não, estou aqui, eu, outro derrotado. Impotente diante da sedução exercida por essa telinha miseravelmente pequena (apenas 14 polegadas, meu modelo), do toque sensual dessas teclas especialmente dispostas para me serem convenientes...E ainda por cima esse mouse deslizante todo cheio das luzinhas...
O fato é que, quando a televisão surgiu, todos pensavam que ela ia ser o fim. Que não tinha como algo ser mais hediondamente dominador sobre o espírito humano. Oras, mal sabíamos nós que, usando a famosa expressão do universo masculino, " a televisão na frente do computador é uma moça".
Estamos perdidos, mesmo.
Obs: me abstive propositadamente de falar das redes sociais, por dois motivos. Primeiro motivo, porque não preciso, todo mundo sabe o quanto aquilo é viciante. Segundo motivo, porque queria acabar logo justamente pra checar os babados fortíssimos do facebook.
Eu disse que estávamos perdidos, não disse? Pois é.
Bem que eu queria estar em outro lugar. Acredito piamente que muitos dos que um dia irão ler isso vão querer estar em outro lugar, também. Ou não, se as coisas ficarem tão ruins como tenho receio de que acabem ficando.
Mas estão aqui, na frente dessa máquina viciante forjada diretamente nas fornalhas mais profundas do inferno da mente humana.
Cara, como é que a gente chegou nesse ponto, meu? Hoje em dia o computador toma mais tempo das pessoas do que televisão, cara! Do que a televisão! Hoje em dia a maioria das pessoas nem assiste mais televisão direito, ela passou a ser um som de fundo pra quando a gente está usando o computador. Pra você ver a que ponto chegamos. Bizarrice pura, estilo outro 24 quilates.
Não que a televisão, pra falar um pouco dela realmente seja lá essas coisas. Especialmente no Brasil, onde você tem aquele emissora linda que é a TV Globo dominando o mercado de tv aberta, não me surpreende que as pessoas estejam preferindo o computador à televisão. Eu só ligo a tv naquela porcaria pra assistir futebol e olhe lá. Nem o Jornal Nacional eu vejo mais, já que a tv fechada me oferece canais especializados em notícia. Assim pelo menos eu posso assistir vários canais e ter acesso a várias fontes de informação, podendo pelo menos escapar um pouco da manipulação que a mídia nos impõe. Nada na televisão é neutro, começando pelos jornais, mas isso é assunto pra outro dia. Foco, foco!
Tem também o fato de o computador ser, a bem da verdade, realmente bem melhor do que a tv. Aliás, com um bom computador hoje em dia (e uma boa conexão de internet também) você efetivamente não precisa nem de televisão, nem de dvd, nem de videogame, nem de aparelho de som. O computador concentra tudo nele. É um tremendo de um guloso!
Além disso, o computador rapidamente alcançou um nível muito alto de interatividade, coisa que a televisão ainda não oferece em nível satisfatório. Enquanto na maioria das televisões, rádios e o escambau, a gente aperta um botãozinho aqui e outro ali, no máximo mudando de canal ou mexendo no volume, no computador eu faço praticamente qualquer coisa! Atente para o uso da palavra FAÇO na frase anterior, pois foi proposital.
Gente, a sensação que um computador oferece é boa demais. Enquanto na televisão, rádio e por aí vai, somos, como já falei, impotentes, passivos, limitados a um número limitado de funções, no computador somos efetivamente SUJEITOS ATIVOS. Quer dizer, agora estou digitando meu blog. Efetivamente, estou fazendo, ainda que apenas virtualmente, alguma coisa. Quando a gente está jogando, então? A gente aperta o botão e acontece tal coisa. Pessoal trapaceiro usa aí um código e mata todos os adversários no CS. Querendo ou não, isso dá uma sensação de poder sinistra pro cara, e ele, como não, vicia naquilo, né.
Sem contar que a artificialidade que é o meio virtual é fonte de realização de todas as fantasias das pessoas. Forever Alone's saciam-se solitariamente em sites de pornografia. Covardes assumem personagens corajosos. Nerds gordinhos e rejeitados na vida real são respeitados mestres de RPG, alguns respeitados como certos PHD's jamais serão. Sim, gente, eu sei que esse parágrafo foi cheio dos esteriótipos, peço perdão por ter que recorrer a esses exemplos de baixíssimo nível, não concordo que nenhuma das situações que eu falei ali é verdadeira e incontestável, não sou determinista, foi só pra vocês entenderem o que eu quero dizer sem eu ter que ficar citando Aristóteles, Theilard de Chardin e Kant, entre outros.
O fato, pessoal, é que hoje em dia você já não ve o moleque saindo de casa para jogar bola como era antigamente. Você jã não vê o fracassado lutando pra ser uma coisa melhor. Pra que jogar bola de verdade, correndo o risco de me ralar todo, se eu posso jogar FIFA, onde todos os gols são golaços e onde eu não preciso treinar meu corpo nem me sacrificar pra ser bem-sucedido? Pra que querer ser algo melhor na vida real, quando basta matar mais mil orcs pra me tornar um mestre supremo do clã virtual dos cabeças de dragão?
Eu mesmo nem poderia estar falando nada disso, já que estou em frente dessa bosta aqui tem umas quatro horas, já. Sei, sem nem pensar muito, que estou perdendo meu tempo. Poderia estar fazendo algo proveitoso. Dormindo. Estudando. Me exercitando. Orando. Indo atrás de uma mulher bem bonita. Ma não, estou aqui, eu, outro derrotado. Impotente diante da sedução exercida por essa telinha miseravelmente pequena (apenas 14 polegadas, meu modelo), do toque sensual dessas teclas especialmente dispostas para me serem convenientes...E ainda por cima esse mouse deslizante todo cheio das luzinhas...
O fato é que, quando a televisão surgiu, todos pensavam que ela ia ser o fim. Que não tinha como algo ser mais hediondamente dominador sobre o espírito humano. Oras, mal sabíamos nós que, usando a famosa expressão do universo masculino, " a televisão na frente do computador é uma moça".
Estamos perdidos, mesmo.
Obs: me abstive propositadamente de falar das redes sociais, por dois motivos. Primeiro motivo, porque não preciso, todo mundo sabe o quanto aquilo é viciante. Segundo motivo, porque queria acabar logo justamente pra checar os babados fortíssimos do facebook.
Eu disse que estávamos perdidos, não disse? Pois é.
Cristianismofobia na ADPF 54: a ignorância dos que nos julgam ignorantes
Desde as primeiras aulas de redação, nossas professoras são unânimes em nos recomendar que deixemos o título de nossos textos apenas para o final, quando então efetivamente sabemos sobre o que estamos falando e podemos limitar a temática textual em uma única frase. Com isso, evita-se que o título dê ao leitor entender que o texto fala de uma coisa apenas para, enquanto lê, descobri que ou não se trata daquilo, ou, em se tratando, é apenas parcialmente, misturado com temas outros que não são de seu interesse.
Hoje, no entanto, resolvi desobedecer a essa recomendação das grandes professoras que tive (a saber: professoras Neide, Alcione e Meire, todas excelentes) e começar o texto exatamente pelo título, sofrendo, então, com a dura missão de me manter atento a ele ao longo de todo o texto. Julgo, porém, que não será tal tarefa assim tão complicada, visto que meus pensamentos estão totalmente focados na temática que trago à discussão.
Feitas estas observações preliminares sempre necessárias e características de como gosto de escrever, passemos ao corpo de ideias propriamente subordinado ao título. Desde ontem sinto meu coração pesado. Uma tristeza considerável se abate sobre meu coração. Ontem, uma vez mais, pude sentir, de minha parte, o preconceito das pessoas para com as classes, por falta de palavra melhor, "religiosas".
Ontem, em todos os grupos de discussão dos quais participei, procurando levar à frente minha filosofia de diálogo e construção de um saber e entendimento comum por meio da construção de conhecimento que o velho Sócrates chamava de MAIÊUTICA, impressionou-me como, todas as vezes em que se falava sobre a questão do aborto de anencéfalos, os defensores de sua permissão apelavam para o caráter religioso da questão.
Comumente, diziam os nobres debatedores adversários que a questão de abortar ou não o anencéfalo era basicamente uma batalha entre o Estado Laico e a Igreja (Cristã em geral). Não poucos, na noite de ontem, foram dormir felizes depois do que consideraram uma vitória do bom senso contra os "fundamentalistas ignorantes da religião".
Ao mesmo tempo, ignoravam que a questão do aborto dos anencéfalos nada tem a ver com a Igreja, com O Estado, com a associação das amantes de tricô de Sorocaba, enfim. Tem a ver apenas com decidir o que deve prevalecer. A vida intra-uterina do anencéfalo ou a integridade psicológica e sentimental da grávida. Simples assim. Mas não, tem sempre que haver aquele caráter antirreligioso no meio. "Precisamos impedir que a Igreja tenha o poder de impor sua crueldade", é o que mais se diz por aí. Inclusive, se alguém vier me dizer que não ouviu outrem dizer isso, se é que você mesmo não disse isso, peço venha para dizer desde já que, ou não acreditarei em você, ou terei imediatamente que começar outra reflexão, desta feita sobre até onde por chegar a alienação do ser humano.
Sobre este argumento carregado de sentimentos negativos, quero dizer apenas duas coisas antes de prosseguir. Primeiro: a Igreja Católica (única da qual posso falar porque é a que sigo e sobre a qual dedico meus estudos) pode ser muitas coisas, mas não é de forma alguma cruel em sua doutrina, muito menos no que tange à essa questão sobre o aborto, seja com relação aos bebês sem um cérebro sequer quanto seria em relação aos que porventura viessem a ter dois!
Longe de estar ignorando o sofrimento da mãe, com o qual a Igreja sempre foi e sempre será solidária, a Igreja apenas está defendendo a vida em todas as suas formas, tamanhos e graus de complexidade. Na visão cristã de mundo, toda a vida merece ser defendida a todo custo, não importa o qual ínfima, simples e efêmera possa ser. Com efeito, será assim tão irracional ter a opinião de ser a vida algo tão preciso que mesmo uma simples célula deva ser protegida, quanto mais um corpo inteiro, ainda que lhe falte o que entendemos como vida em sentido propriamente humano?
Com efeito, crê firmemente a Igreja que qualquer dispositivo de proteção à vida deve ser interpretado da forma mais ampla possível, justamente por ser a vida o bem mais precioso que qualquer um de nós pode imaginar. Oras, por um acaso o mandamento "NÃO MATARÁS" previu alguma exceção? Não me lembro de abrir minha Bíblia e ler que "não matarás, exceto nos seguintes casos..."
Do que se vê facilmente que, ainda que a Igreja quisesse tomar outro posicionamento, isto não lhe seria possível. Em verdade, longe de ignorar a Bíblia, como argumentam em outra discussão algumas pessoas, a Igreja Católica a leva a sério em sua plenitude.
Também o sofrimento da mulher é levado em consideração, e sobre isso falar-se-á mais detalhadamente a seguir. Antes porém, quero de cara responder sobre o que deve prevalecer. A integridade da saúde psicológica e sentimental da mulher ou a vida da criança anencéfala? Oras, o Texto Sagrado também respondeu a essa pergunta! Basta olhar o que está escrito no Livro do Deuteronômio, que é justamente um livro de caráter normativo:
Assim, descaracterizado é o argumento de que a Igreja é cruel ao se posicionar contra a atitude de abortar o anencéfalo. Descaracterizado, também, o argumento de que a mesma estaria querendo IMPOR a sua vontade. Ao contrário, apenas manifesta-se no sentido tomar uma posição firme. Oras, evidentemente inapropriado a própria palavra de que se valem meus tão aguerridos adversários. A Igreja estaria impondo alguma coisa se invadisse o Plenário do STF com a Guarda suíça e coagisse os ministros a votarem da forma como ela quisesse. A Igreja estaria impondo alguma coisa se o Papa baixasse um decreto ordenando que os católicos brasileiros marchassem em uma Cruzada contra o Aborto ou algo assim, tomando Brasília e iniciando sangrenta guerra civil nessa terra que nos sustenta. As pessoas estão confundindo efetiva imposição com mera manifestação de opinião, isso, sim!
Imposição foi, ao contrário, o que eu pude experimentar nos debates sobre o assunto, mas não de minha parte, e sim dos que se puseram frente a frente comigo para o que eu, ingenuamente, acreditava ser um diálogo. Lembro-me especialmente de um debate com uma pessoa que obviamente não citarei, a qual, afoita em cuspir sua torrente de argumentos, sequer dava-me espaço para elencar os meus próprios postulados. Mais de uma vez precisei pedir, primeiro de forma gentil e depois de forma mais enérgica, que pelo menos me deixasse terminar de expressar meu ponto de vista, antes que ela pudesse, justamente, voltar a falar. Conversa civilizada é isso, até onde eu sei, ou será que as regras mudaram tanto assim e eu é que estou vivendo uma ilusão na minha cabeça?
Já houve um tempo em que eu imaginava que, quando fosse ensinar aos meus filhos sobre preconceito, iria dizer-lhes que é o que sofrem os homossexuais, os negros, os índios...Ledo engano de minha parte. Vejo, infelizmente, que pelo andar da carruagem, quando ele finalmente me fizer essa pergunta, verei-me na obrigação de responder: "'é o que fazem com os cristãos, meu filho. O que fazem com os cristãos."
Disse e ontem e digo hoje de novo. Que Deus tenha PIEDADE de todos nós. Amém.
Hoje, no entanto, resolvi desobedecer a essa recomendação das grandes professoras que tive (a saber: professoras Neide, Alcione e Meire, todas excelentes) e começar o texto exatamente pelo título, sofrendo, então, com a dura missão de me manter atento a ele ao longo de todo o texto. Julgo, porém, que não será tal tarefa assim tão complicada, visto que meus pensamentos estão totalmente focados na temática que trago à discussão.
Feitas estas observações preliminares sempre necessárias e características de como gosto de escrever, passemos ao corpo de ideias propriamente subordinado ao título. Desde ontem sinto meu coração pesado. Uma tristeza considerável se abate sobre meu coração. Ontem, uma vez mais, pude sentir, de minha parte, o preconceito das pessoas para com as classes, por falta de palavra melhor, "religiosas".
Ontem, em todos os grupos de discussão dos quais participei, procurando levar à frente minha filosofia de diálogo e construção de um saber e entendimento comum por meio da construção de conhecimento que o velho Sócrates chamava de MAIÊUTICA, impressionou-me como, todas as vezes em que se falava sobre a questão do aborto de anencéfalos, os defensores de sua permissão apelavam para o caráter religioso da questão.
Comumente, diziam os nobres debatedores adversários que a questão de abortar ou não o anencéfalo era basicamente uma batalha entre o Estado Laico e a Igreja (Cristã em geral). Não poucos, na noite de ontem, foram dormir felizes depois do que consideraram uma vitória do bom senso contra os "fundamentalistas ignorantes da religião".
Ao mesmo tempo, ignoravam que a questão do aborto dos anencéfalos nada tem a ver com a Igreja, com O Estado, com a associação das amantes de tricô de Sorocaba, enfim. Tem a ver apenas com decidir o que deve prevalecer. A vida intra-uterina do anencéfalo ou a integridade psicológica e sentimental da grávida. Simples assim. Mas não, tem sempre que haver aquele caráter antirreligioso no meio. "Precisamos impedir que a Igreja tenha o poder de impor sua crueldade", é o que mais se diz por aí. Inclusive, se alguém vier me dizer que não ouviu outrem dizer isso, se é que você mesmo não disse isso, peço venha para dizer desde já que, ou não acreditarei em você, ou terei imediatamente que começar outra reflexão, desta feita sobre até onde por chegar a alienação do ser humano.
Sobre este argumento carregado de sentimentos negativos, quero dizer apenas duas coisas antes de prosseguir. Primeiro: a Igreja Católica (única da qual posso falar porque é a que sigo e sobre a qual dedico meus estudos) pode ser muitas coisas, mas não é de forma alguma cruel em sua doutrina, muito menos no que tange à essa questão sobre o aborto, seja com relação aos bebês sem um cérebro sequer quanto seria em relação aos que porventura viessem a ter dois!
Longe de estar ignorando o sofrimento da mãe, com o qual a Igreja sempre foi e sempre será solidária, a Igreja apenas está defendendo a vida em todas as suas formas, tamanhos e graus de complexidade. Na visão cristã de mundo, toda a vida merece ser defendida a todo custo, não importa o qual ínfima, simples e efêmera possa ser. Com efeito, será assim tão irracional ter a opinião de ser a vida algo tão preciso que mesmo uma simples célula deva ser protegida, quanto mais um corpo inteiro, ainda que lhe falte o que entendemos como vida em sentido propriamente humano?
Com efeito, crê firmemente a Igreja que qualquer dispositivo de proteção à vida deve ser interpretado da forma mais ampla possível, justamente por ser a vida o bem mais precioso que qualquer um de nós pode imaginar. Oras, por um acaso o mandamento "NÃO MATARÁS" previu alguma exceção? Não me lembro de abrir minha Bíblia e ler que "não matarás, exceto nos seguintes casos..."
Do que se vê facilmente que, ainda que a Igreja quisesse tomar outro posicionamento, isto não lhe seria possível. Em verdade, longe de ignorar a Bíblia, como argumentam em outra discussão algumas pessoas, a Igreja Católica a leva a sério em sua plenitude.
Também o sofrimento da mulher é levado em consideração, e sobre isso falar-se-á mais detalhadamente a seguir. Antes porém, quero de cara responder sobre o que deve prevalecer. A integridade da saúde psicológica e sentimental da mulher ou a vida da criança anencéfala? Oras, o Texto Sagrado também respondeu a essa pergunta! Basta olhar o que está escrito no Livro do Deuteronômio, que é justamente um livro de caráter normativo:
"Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e teus descendentes"... (Dt, Capítulo 30, versículo 15)Fica óbvio, portanto, que entre a vida e qualquer outro bem, aquela deve prevalecer, eis que é como ordenado pelo Senhor. Isto posto, pergunta-se: como alguém pode exigir da Igreja que se ponha contra a vida, quando o próprio Deus deixou bem claro que ela é o bem mais precioso e primário, devendo prevalecer sobre todos os outros? Traindo esse princípio básico, a Igreja estaria traindo o próprio Deus. Impensável, portanto, que a mesma tome atitude diferente da que vem tomando no caso em tela.
Assim, descaracterizado é o argumento de que a Igreja é cruel ao se posicionar contra a atitude de abortar o anencéfalo. Descaracterizado, também, o argumento de que a mesma estaria querendo IMPOR a sua vontade. Ao contrário, apenas manifesta-se no sentido tomar uma posição firme. Oras, evidentemente inapropriado a própria palavra de que se valem meus tão aguerridos adversários. A Igreja estaria impondo alguma coisa se invadisse o Plenário do STF com a Guarda suíça e coagisse os ministros a votarem da forma como ela quisesse. A Igreja estaria impondo alguma coisa se o Papa baixasse um decreto ordenando que os católicos brasileiros marchassem em uma Cruzada contra o Aborto ou algo assim, tomando Brasília e iniciando sangrenta guerra civil nessa terra que nos sustenta. As pessoas estão confundindo efetiva imposição com mera manifestação de opinião, isso, sim!
Imposição foi, ao contrário, o que eu pude experimentar nos debates sobre o assunto, mas não de minha parte, e sim dos que se puseram frente a frente comigo para o que eu, ingenuamente, acreditava ser um diálogo. Lembro-me especialmente de um debate com uma pessoa que obviamente não citarei, a qual, afoita em cuspir sua torrente de argumentos, sequer dava-me espaço para elencar os meus próprios postulados. Mais de uma vez precisei pedir, primeiro de forma gentil e depois de forma mais enérgica, que pelo menos me deixasse terminar de expressar meu ponto de vista, antes que ela pudesse, justamente, voltar a falar. Conversa civilizada é isso, até onde eu sei, ou será que as regras mudaram tanto assim e eu é que estou vivendo uma ilusão na minha cabeça?
Já houve um tempo em que eu imaginava que, quando fosse ensinar aos meus filhos sobre preconceito, iria dizer-lhes que é o que sofrem os homossexuais, os negros, os índios...Ledo engano de minha parte. Vejo, infelizmente, que pelo andar da carruagem, quando ele finalmente me fizer essa pergunta, verei-me na obrigação de responder: "'é o que fazem com os cristãos, meu filho. O que fazem com os cristãos."
Disse e ontem e digo hoje de novo. Que Deus tenha PIEDADE de todos nós. Amém.
quinta-feira, 12 de abril de 2012
ADPF 54: a história diante dos nossos olhos
Passamos nós, as pessoas que gostamos de história, a maior parte do tempo apenas estudando o passado. O presente parece não nos dizer muita coisa, ou parece, pelo menos, dizer sempre as mesmas coisas. De qualquer forma, falha em ser convidativo a qualquer um de nós.
Em raras ocasiões, porém, somos invadidos por uma súbita percepção, diante de algum acontecimento, de que estamos diante de um presente diferente. Em raras ocasiões, quando entramos no facebook e vemos todo mundo falando sobre o mesmo tema, jantamos com a família e todos estão falando sobre o mesmo tema, vamos à Igreja e todos estão falando sobre o mesmo tema, conseguimos um passe VIP pra dar uma volta na Estação Espacial Internacional e, chegando lá em cima, todos estão falando sobre o mesmo tema, então a gente percebe que a História, essa linda, não está mais longe, no passado, ou escondida nas páginas de um livro empoeirado. Percebemos que ela está ao nosso redor, nos envolvendo. Percebemos que estamos vivendo a História.
A última vez que havia me sentido assim foi dia 11/11/01. Quem estava vivo e com um mínimo de congnição mental e memória com certeza vai se lembrar. É impressionante como, entrevistando, por assim dizer, as pessoas que Deus colocou em minha vida, todos se lembram exatamente onde estavam naquele dia, lembram do trajeto que fizeram, das coisas que sentiram. Eu, por exemplo, lembro que me acordei normalmente e então fui direto para a sala. Antes mesmo de lavar o rosto e escovar os dentes, liguei a televisão. Simplesmente peguei aquele controle universal (quem dera...) e apertei o botãozinho vermelho escrito "power"em cima (ou embaixo, dependendo do modelo).
Nunca vou me esquecer daquilo. Liguei exatamente na hora que o segundo avião batia numa das torres. Exatamente. Só deu tempo de ver aquele objeto preto batendo na torre e a bola de fogo enorme causada pela combustão súbita dos milhares de litros de combustível.
Eu estou falando dessa experiência porque creio que muita gente vai se identificar com essa sensação que eu tive, já que foi a mesma que muitos tiveram. E quero que vocês se identifiquem com essa cena pelo simples fato de que compreendam como estou me sentindo ao longo desses dois últimos dias. E estou me sentindo, guardadas as devidas proporções, como me senti naquele dia triste para a humanidade, mais de dez anos.
Não sei como a população geral está encarando os fatos, honestamente esperava mais repercussão no seio da sociedade, mas quem é da comunidade jurídica ou da comunidade religiosa não fala em outra coisa a não ser do bendito julgamento da ADPF 54. Como membro assíduo desses dois seguimentos da sociedade, e conhecedor de algumas mulheres que já passaram pela experiência abortiva, me é impossível não voltar constantemente o pensamento para aqueles onze seres humanos cuja missão eu honestamente não desejaria ao meu pior inimigo.
Há muita coisa em jogo, muito mais do que a simples interpretação de um dispositivo jurídico que entrou em vigor ainda no andamento da II Guerra Mundial, por sinal outro dos grandes "top hits" do álbum da História. Conforme "exauriu" a ministra Rosa Weber, trata-se inclusive de traçar os limites e os poderes de cada ciência e a influência de umas sobres as outras. Tudo muito bem fundamentado, tudo muito bem explicado. Mas será que bem fundamentado e correto necessariamente são a mesma coisa?
A perseguição nazista aos judeus, a inquisição, Hiroshima e Nagasaki, tudo foi fundamentado. Temos livros e mais livros argumentando a favor de todos os episódios que acabei de citar, com argumentos tão bons ou até melhores que os levantados pela ministra ontem. Mas será que lá no fundo a argumentação não é apenas uma forma de mascarar a verdade de um fato ou simplesmente adequà-lo aos nossos próprios objetivos, crenças e paixões?
Será mesmo possível a um homem abdicar de si mesmo, para personificar um ente quem em verdade sequer existe, como é o caso do Estado, ou da Igreja? Será possível que ele consiga se esvaziar, se desumanizar de tal maneira que já não seja ele ou aquilo em que acredita, mas apenas uma engrenagem girando conforme os ditames de alguma portaria, ideologia ou outro conjunto de normas qualquer?
Disse anteriormente que os últimos dias tem sido históricos, e são mesmo. Reafirmo: hoje é um dia que entrará para a História desta nação. Não apenas pela inevitável permissão para que as mulheres possam escolher se querem ou não ter um bebê anencéfalo, este nem é o foco deste texto, já que seria chover no molhado, e considerando que eu mesmo não tenho uma opinião plenamente formada sobre o assunto.
O que quero focar é algo muito mais amplo, quem sabe até amplo demais? Quero chamar atenção aqui para o fenômeno da Democracia no osso país, e como o dia de é vital para a sua verdadeira implementação no nosso País. Escrevi propositadamente Democracia e País porque de fato a única coisa que sei é que hoje me orgulho um pouco mais desse regime, embora ainda não a ponto de abraçá-lo (continuo achando que a melhor forma de governo é a que se dá no Estado Pontifício), e porque vejo no dia de hoje que, a despeito de todos os problemas, esse País parece estar aprendendo, finalmente, a lidar com a própria liberdade, com o próprio poder de decidir o seu rumo.
Só espero que possamos continuar a caminhar dessa forma, com bom senso. Com sabedoria e com respeito. Especialmente respeito. Sou católico e a Igreja me ordena, e eu obedeço, a não concordar com a interrupção da gravidez mesmo nos casos de anencefalia.. Mas não sou mulher. Não posso dizer o que faria se fosse uma mulher nessa situação. Só posso dizer que, como certa vez já falou Dom Odílio Scherer (Cardeal de São Paulo), "os anjos não vão descer para governar". Cade, portanto, aos homens, escolher o seu próprio caminho. Se certo ou errada é a escolha, só Deus é que pode saber, e só o Tempo, através da História, é que poderá revelar.
Que o Senhor tenha piedade de todos nós. Amém.
quarta-feira, 11 de abril de 2012
Relaxar e aproveitar a vida. É bom, faz bem e ainda por cima é bíblico.
É maravilhoso como um pouco de atividade física seguida de uma boa refeição podem fazer bem para o homem como um todo. Corpo, mente e espírito se rejubilam diante da sensação maravilhosa de estar vivo. E quando se tem a oportunidade de fazer essas coisas na companhia dos amigos, então a alegria realmente assume proporções bombásticas, dando aquele gás que a pessoa precisa para seguir em frente nessa vida às vezes chata demais.
Agora, por exemplo, estou sentado em minha humilde mesinha no escritório jurídico onde estagio, decidindo-me entre se vou prosseguir na redação de uma contestação ou se vou atualizar relatórios processuais. Sério, se houvesse uma terceira opção e ela fosse comer maxixe (só quem já provou vai entender o drama que eu estou fazendo), confesso que eu ia ficar extremamente tentado a escolhê-la.
Aí é que entra aquilo que eu estava escrevendo no começo deste post. As coisas boas da vida, e como elas ajudam a gente nesses momentos não exatamente bons do nosso existir. Seja para ficar saboreando as doces recordações, seja para ficar desejando ansiosamente pela próxima vez em que coisas realmente boas irão acontecer, por uma via ou por outra não podemos deixar passar as oportunidades de fazer aquilo que queremos e aquilo que gostamos.
Já falei para vocês que eu tenho que redigir uma (na verdade são duas) contestação atualizar relatórios. Ah, sim, tem prova de Direito Civil na quinta, devia estar estudando, também. No entanto, escolhi, neste momento, dar uma pausa, relaxar, escrever sem compromisso. Fui ali na geladeira, peguei um pouco de chá de limão, depois algumas bolachas Club Social sabor queijo (que obviamente não estavam na geladeira, também, pelamordeDeus) e estou aqui, de pernas cruzadas, numa boa. Ai ai. Ê, vidão.
A vida, pessoal, infelizmente, querendo ou não, pra muitos de nós não é aquela sucessão de emoções fortes que a gente gostaria que fosse. Quem assistiu ao filme "500 dias com ela" sabe que há uma parte onde o narrador fala exatamente nesse sentido. A maior parte da nossa vida vai ser uma chatice, cara. Um tédio, tédio, mesmo. E é por isso que a gente tem que aproveitar esses momentos, porque no fim são eles que fazem estar vivo valer a pena, e não o dinheiro, como muita gente pensa.
Eu tiro pelo meu chefe aqui no escritório, tiro pelas pessoas poderosas que eu encontro nessa vida que eu levo. Gente atolada no dinheiro, atolada mesmo, mas que em compensação não tem tempo nem pra tirar meleca do nariz. Já imaginou a situação? A pessoa ali, sozinha, olha prum lado, olha pro outro, pensa "é agora que eu vou garimpar minhas narinas" e de repente toca aquele maldito celular ou entra uma secretária correndo exclamando que "doutor, doutor, fulano está aí, preocupadíssimo, precisar falar urgente com o senhor, blábláblá, e a pessoa, no seu íntimo: "VÁ PRO INFERNO, VADIA! POR QUE VOCÊ NÃO MORRE?!?!"
Há uma passagem na Bíblia Sagrada onde o Mestre vai visitar duas irmãs que moram juntas: Marta e Maria. Oras, Jesus entra na casa e imediatamente Maria vem ao seu encontro. Sentado aos seus pés, começa a escutar de sua sabedoria. Marta porém, andava ocupada com muitas coisas, e pede de Jesus que mande Maria levantar-se e ir ajudá-la. Oras, eis a resposta do Senhor:
"Marta, Marta. Andas inquieta e perturbada com muitas coisas, porém só uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada". ( Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, Capítulo 10, versículo 42)
Desejo a você, caro leitor, no dia de hoje poder fazer como eu estou fazendo agora e como Maria fez naquele dia, aos pés do Senhor. Relaxe. Fique de boa. Escolha a melhor parte. Ou, em amazonês: "NÃO TE AGUNEIA."
Que a Paz do Ressucitado esteja com vocês.
P.S: Não estou recomendando ninguém a se tornam um vagabundo, hein! Vamos relaxar, curtir a vida, paz e amor, mas olha o serviço, pô! Inclusive deixa logo eu voltar ao trabalho aqui, se não já viu...
Agora, por exemplo, estou sentado em minha humilde mesinha no escritório jurídico onde estagio, decidindo-me entre se vou prosseguir na redação de uma contestação ou se vou atualizar relatórios processuais. Sério, se houvesse uma terceira opção e ela fosse comer maxixe (só quem já provou vai entender o drama que eu estou fazendo), confesso que eu ia ficar extremamente tentado a escolhê-la.
Aí é que entra aquilo que eu estava escrevendo no começo deste post. As coisas boas da vida, e como elas ajudam a gente nesses momentos não exatamente bons do nosso existir. Seja para ficar saboreando as doces recordações, seja para ficar desejando ansiosamente pela próxima vez em que coisas realmente boas irão acontecer, por uma via ou por outra não podemos deixar passar as oportunidades de fazer aquilo que queremos e aquilo que gostamos.
Já falei para vocês que eu tenho que redigir uma (na verdade são duas) contestação atualizar relatórios. Ah, sim, tem prova de Direito Civil na quinta, devia estar estudando, também. No entanto, escolhi, neste momento, dar uma pausa, relaxar, escrever sem compromisso. Fui ali na geladeira, peguei um pouco de chá de limão, depois algumas bolachas Club Social sabor queijo (que obviamente não estavam na geladeira, também, pelamordeDeus) e estou aqui, de pernas cruzadas, numa boa. Ai ai. Ê, vidão.
A vida, pessoal, infelizmente, querendo ou não, pra muitos de nós não é aquela sucessão de emoções fortes que a gente gostaria que fosse. Quem assistiu ao filme "500 dias com ela" sabe que há uma parte onde o narrador fala exatamente nesse sentido. A maior parte da nossa vida vai ser uma chatice, cara. Um tédio, tédio, mesmo. E é por isso que a gente tem que aproveitar esses momentos, porque no fim são eles que fazem estar vivo valer a pena, e não o dinheiro, como muita gente pensa.
Eu tiro pelo meu chefe aqui no escritório, tiro pelas pessoas poderosas que eu encontro nessa vida que eu levo. Gente atolada no dinheiro, atolada mesmo, mas que em compensação não tem tempo nem pra tirar meleca do nariz. Já imaginou a situação? A pessoa ali, sozinha, olha prum lado, olha pro outro, pensa "é agora que eu vou garimpar minhas narinas" e de repente toca aquele maldito celular ou entra uma secretária correndo exclamando que "doutor, doutor, fulano está aí, preocupadíssimo, precisar falar urgente com o senhor, blábláblá, e a pessoa, no seu íntimo: "VÁ PRO INFERNO, VADIA! POR QUE VOCÊ NÃO MORRE?!?!"
Há uma passagem na Bíblia Sagrada onde o Mestre vai visitar duas irmãs que moram juntas: Marta e Maria. Oras, Jesus entra na casa e imediatamente Maria vem ao seu encontro. Sentado aos seus pés, começa a escutar de sua sabedoria. Marta porém, andava ocupada com muitas coisas, e pede de Jesus que mande Maria levantar-se e ir ajudá-la. Oras, eis a resposta do Senhor:
"Marta, Marta. Andas inquieta e perturbada com muitas coisas, porém só uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, e esta não lhe será tirada". ( Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas, Capítulo 10, versículo 42)
Desejo a você, caro leitor, no dia de hoje poder fazer como eu estou fazendo agora e como Maria fez naquele dia, aos pés do Senhor. Relaxe. Fique de boa. Escolha a melhor parte. Ou, em amazonês: "NÃO TE AGUNEIA."
Que a Paz do Ressucitado esteja com vocês.
P.S: Não estou recomendando ninguém a se tornam um vagabundo, hein! Vamos relaxar, curtir a vida, paz e amor, mas olha o serviço, pô! Inclusive deixa logo eu voltar ao trabalho aqui, se não já viu...
terça-feira, 10 de abril de 2012
Dependência: sumário da condição humana - parte 1.
Um dos piores aspectos da existência humana é, sem dúvida nenhuma, a dependência. Não me refiro àquela dependência sadia, pura e benéfica, que é a dependência de Deus. Não, não, falo das dependências outras todas, cuja principal característica é competir para ver qual dentre elas consegue nos decepcionar, magoar ou atrasar mais.
Comecemos pela dependência que primeiro motivou-me a escrever esse texto: dependência do transporte coletivo. Se você é um dos patrícios de nossa sociedade, para quem os ônibus não passam de um objeto grande e barulhento que ocasionalmente tenta fechar o seu possante, pule este parágrafo: você não entenderá o seu sentido. Aliás, se você é um patrício, provavelmente não entenderá nada do texto, e nesse caso convido-o do fundo do meu coração a parar a leitura como um todo nesse exato momento. Saia do computador, vá gastar seu dinheiro. De preferência, com generosas doações para mim (atente bem para o vocábulo GENEROSAS).
Retomando: dependência do transporte coletivo. Se você é brasileiro de uma grande cidade, irá me entender. Se for londrino, suíço ou estadunidense, use a imaginação. É simplesmente desumano depender, todo santo dia, de um paralelepípedo metálico para locomover-se no meio urbano. As passagens são caras, os horários são malucos e a companhia é a pior possível. Imagine ter que ME suportar ao seu lado no ônibus, por exemplo. Eu não aguentaria.
E olhe que eu ainda sou um dos melhores, daí tu tira. Porque tem gente que quando entra no ônibus, vishe, as outras pessoas trocam olhares solidários entre si, antevendo o sofrimento que aquela pessoa irá causar. Isso acontece especialmente no início da manhã, quando entram aquelas pessoas que fedem desde o nascer do sol, e no final da tarde, quando aí, não tem jeito, tirando uma amiga super cheirosa que eu tenho, todos fedem.
Quer dizer, é um verdadeiro martírio. Uma coisa horrível, uma verdadeira penitência. Se eu me tornar padre um dia, mandarei os que se confessarem comigo pegarem as linhas de ônibus mais longas da cidade, no horário de pico. Se a pessoa não re reconciliar com Deus ali, não se reconcilia em lugar nenhum.
A única coisa pior que ter que fazer isso todo dia é NÃO PODER fazer isso todo dia. Hoje, por exemplo, não pude ir ao trabalho, pelo simples fato de que os rodoviários da gloriosa terra que me sustenta decidiram pregar uma peça na população, fazendo uma "greve-surpresa". Sem aviso prévio, sem divulgação. Nem mesmo boatos. Nada. Simplesmente, ás 4 da manhã, decidiram que iam parar. E pararam, e a cidade parou com eles. Simples assim.
Muitas pessoas ficaram furiosas, algumas deprimidas, receosas. O teu chefe não quer saber se os ônibus estão em greve, ele quer você ali bonitinho no seu posto de trabalho, colocando o capitalismo para funcionar. Graças a Deus não tenho esse problema, meu chefe é um amor de pessoa (pro caso de ele ler o blog), podendo, portanto, ao invés de ficar furioso, receoso e outros sentimentos dessa estirpe, sentar minha bunda na cadeira e refletir sobre a miséria da condição humana.
Falando sério, agora. A situação que eu trouxe aqui é conhecida de muita gente. pode não ser nesses moldes, mas todo mundo sabe o que é depender de algo, ou de alguém, pra viver, pra fazer algo essencial ou não. Todo mundo sabe o que é dependência. Faz parte da condição humana, faz parte do que a gente é. Eu quis ilustrar de uma forma bem humorada, na medida do possível, com a situação acima, mas a verdade é que esse é um grandes calcanhares-de-Aquiles da nossa existência.
Nos próximos posts sobre o tema, buscarei discorrer sobre o tema com calma e seriedade, expondo minha opinião sobre o tema, e tentando resumir, através desse aspecto, um pouco do que penso acerca do espírito humano. Sem mais, desejo que o Senhor se digne a volver Seu olhar para nós, e nos dê a Sua paz. Amém.
Comecemos pela dependência que primeiro motivou-me a escrever esse texto: dependência do transporte coletivo. Se você é um dos patrícios de nossa sociedade, para quem os ônibus não passam de um objeto grande e barulhento que ocasionalmente tenta fechar o seu possante, pule este parágrafo: você não entenderá o seu sentido. Aliás, se você é um patrício, provavelmente não entenderá nada do texto, e nesse caso convido-o do fundo do meu coração a parar a leitura como um todo nesse exato momento. Saia do computador, vá gastar seu dinheiro. De preferência, com generosas doações para mim (atente bem para o vocábulo GENEROSAS).
Retomando: dependência do transporte coletivo. Se você é brasileiro de uma grande cidade, irá me entender. Se for londrino, suíço ou estadunidense, use a imaginação. É simplesmente desumano depender, todo santo dia, de um paralelepípedo metálico para locomover-se no meio urbano. As passagens são caras, os horários são malucos e a companhia é a pior possível. Imagine ter que ME suportar ao seu lado no ônibus, por exemplo. Eu não aguentaria.
E olhe que eu ainda sou um dos melhores, daí tu tira. Porque tem gente que quando entra no ônibus, vishe, as outras pessoas trocam olhares solidários entre si, antevendo o sofrimento que aquela pessoa irá causar. Isso acontece especialmente no início da manhã, quando entram aquelas pessoas que fedem desde o nascer do sol, e no final da tarde, quando aí, não tem jeito, tirando uma amiga super cheirosa que eu tenho, todos fedem.
Quer dizer, é um verdadeiro martírio. Uma coisa horrível, uma verdadeira penitência. Se eu me tornar padre um dia, mandarei os que se confessarem comigo pegarem as linhas de ônibus mais longas da cidade, no horário de pico. Se a pessoa não re reconciliar com Deus ali, não se reconcilia em lugar nenhum.
A única coisa pior que ter que fazer isso todo dia é NÃO PODER fazer isso todo dia. Hoje, por exemplo, não pude ir ao trabalho, pelo simples fato de que os rodoviários da gloriosa terra que me sustenta decidiram pregar uma peça na população, fazendo uma "greve-surpresa". Sem aviso prévio, sem divulgação. Nem mesmo boatos. Nada. Simplesmente, ás 4 da manhã, decidiram que iam parar. E pararam, e a cidade parou com eles. Simples assim.
Muitas pessoas ficaram furiosas, algumas deprimidas, receosas. O teu chefe não quer saber se os ônibus estão em greve, ele quer você ali bonitinho no seu posto de trabalho, colocando o capitalismo para funcionar. Graças a Deus não tenho esse problema, meu chefe é um amor de pessoa (pro caso de ele ler o blog), podendo, portanto, ao invés de ficar furioso, receoso e outros sentimentos dessa estirpe, sentar minha bunda na cadeira e refletir sobre a miséria da condição humana.
Falando sério, agora. A situação que eu trouxe aqui é conhecida de muita gente. pode não ser nesses moldes, mas todo mundo sabe o que é depender de algo, ou de alguém, pra viver, pra fazer algo essencial ou não. Todo mundo sabe o que é dependência. Faz parte da condição humana, faz parte do que a gente é. Eu quis ilustrar de uma forma bem humorada, na medida do possível, com a situação acima, mas a verdade é que esse é um grandes calcanhares-de-Aquiles da nossa existência.
Nos próximos posts sobre o tema, buscarei discorrer sobre o tema com calma e seriedade, expondo minha opinião sobre o tema, e tentando resumir, através desse aspecto, um pouco do que penso acerca do espírito humano. Sem mais, desejo que o Senhor se digne a volver Seu olhar para nós, e nos dê a Sua paz. Amém.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
A (estúpida) guerra dos sexos parte 1: origens históricas.
Uma das coisas que mais me irrita nesse mundo, mais até do que fio de cabelo na comida, é essa maldita guerra dos sexos. Minha nossa, é difícil para mim imaginar em algo que seja tão cheio de preconceitos e idiotices, algumas enrustidas e outras declaradas, como a guerra dos sexos
Me parte o coração ver gente que às vezes é até inteligente gastar seu precioso tempo postulando sobre a superioridade deste sexo sobre aquele outro, evocando todo tipo de ciência ( e, não raro, pseudo-ciências) pra se vangloriar de ser homem ou mulher, ou simplesmente rebaixar o sexo oposto. Poderia discorrer aqui sobre toda sorte de situações e casos, mas creio que todos nessa vida são vastos doutores de fato deste assunto sobre o qual discorro.
A coisa, ao que parece, começa cedo. E não estou nem falando de quando a gente é apenas uma criança inocente, uma coisinha de Jesus alheia à maldade do mundo, e os pais vem com aquela história ridícula de " brincar de boneca é coisa de mulher, brincar de carrinho é coisa de homem e blábláblá", ou então a pior de todas, o costume mais bizarro e persistente de toda a história da sociedade familiar, "homem usa azul e mulher usa rosa". MEU DEUS! COMO ASSIM?!?!?!
Enfim, eu disse que não ia falar dessas tolices, então não vou falar dessas tolices. Peço perdão ao nobre leitor que misericordiosamente encontra um tempo em sua vida atribulada para prestigiar o cidadão aqui por não conseguir resistir e manter o foco, mas é que certas coisas simplesmente precisam ser ditas! Quer dizer, pense no ridículo! Como é que a gente quer ter uma sociedade aberta e democrática e de livre expressão de a ignorância nos é imposta desde o berço? Assim fica muito difícil, muito difícil. Olhaí, viajei de novo.
Ok, agora, sim retomando. Não estou falando de quando a gente é criança, não. Antes fosse, antes fosse, já que seria bem mais fácil de consertar.Estou falando é lá dos tempo imemoriais, quando latifundiário era quem tinha a maior caverna e mulher bonita era a que tinha todos os dentes. Foi lá que a coisa começou.
Temos duas teorias básicas no mundo ocidental pra explicar como isso começou. A teoria criacionista (que, só pra constar, não é uma teoria e não é tomada em sua literalidade pela Igreja Católica, a única da qual posso falar), nós conhecemos devido ao fato de estar enraizada na nossa cultura. Adão e Eva lá, bonitinhos, fofinhos, até que veio aquele dia em que Eva pegou o fruto proibido, comeu e ainda por cima deu pra Adão. Lendo a passagem bíblica com detalhes (não vou transcrever, você que queime umas gordurinhas saindo da frente do computador pra pegar o Texto Sagrado ou procure uma bíblia virtual), percebemos que, quando o Todo-Poderoso pergunta o que aconteceu, é uma confusão doida: Adão põe a culpa na Eva, que põe a culpa na serpente. Resultado: nem homem nem mulher assumem a culpa, e os dois se dão mal, junto com todos os seus descendentes, de geração em geração, até chegar em mim e você, pobres mortais que perdemos horas do nosso tempo nos arrumando pra quase ninguém notar, quando poderíamos estar correndo peladões por aí. A partir desse primeiro desentendimento, começa a guerra dos sexos no livro do Gênesis.
A segunda teoria é a evolucionista (neo-ateístas se contorcendo de prazer, agora), a qual todos conhecem, ainda bem, já que não teria paciência de discorrer sobre as peripécias de Charles Darwin (por sinal um homem muito cristão). Nesta teoria, a guerra dos sexos não tem um momento preciso e sonele para começar, nascendo de um processo histórico gradual. Quem já leu sobre as origens do Direito do Trabalho sabe do que eu estou falando: é aquele momento em que se criou a primeira divisão do Trabalho, a divisão entre homem e mulher. Quando do surgimento dos núcleos familiares, as conjunturas de sobrevivência da época (leia-se correr de tigres-dente-de-sabre) obrigaram a família a se organizar de um modo muito rudimentar, baseado nas aptidões naturais de ambos os sexos.
O homem, em geral mais alto, mais forte, com visão em túnel e mesmo já naquela época mais imprudente e inclinado a querer se mostrar em público (ponto negativo pra teoria da evolução, já que continuamos assim, do que, aliás, não estou reclamando, muito pelo contrário), assumiu as posições de caça e guerra, enquanto a mulher, mais branda, com visão periférica altamente desenvolvida, ideal para a defesa de um ponto fixo como uma caverna (eu sei que nem todos moravam em cavernas, estou usando esse exemplo apenas pra facilitar a vida do pessoal que cresceu lendo Piteco) e com maior capacidade de distinguir entre aromas e cores, portanto perfeita para a coleta de plantas e frutas, assumiu essas posições que já citei.
Até aí tudo legal, tudo tranquilo, não estamos vendo ninguém dominar ninguém, e realmente nesse primeiro estágio, que o nosso velho amigo JEAN ROUSSEAU (outro francês de respeito. Eles são raros, por isso temos que destacá-los) chamava de "estágio do homem bom", isso ainda não existia. O que inaugurou a guerra dos sexos na verdade foi algo chamado "pater familis" (traduzindo da latim: Poder Familiar).
O poder familiar é o poder de liderança que o elemento dominante da família exerce sobre os elementos dominados. Hoje, entendemos basicamente como sendo o poder que os pais exercem, em igualdade legal, com relação aos filhos. Quando ele surgiu, porém, não era nem de longe assim. Hoje temos um arcabouço jurídico de igualdade entre os povos e uma linguagem e uma moral histórica que nos permitem a situação que ora se apresenta, mas naquela época...rapaz...naquela época, como é que eu posso dizer, tendo em vista que o pináculo da erudição vocal do ser humano era um IABADABADUL e que as únicas leis em vigor eram as leis da natureza, as coisas acabavam por se resolver, basicamente, na porrada. E aí é claro que o homem era supremo (ou quase...), exercendo dominação sobre a mulher e sobre as crias. O que, quero frisar, não era contestado pelo sexo oposto na época.
Temos aí, portanto, as origens mais aceitas em nosso mundo ocidental da origem da guerra dos sexos.Vou me militar a discorrer sobre as origens neste post, evitando que fique desnecessariamente grande. Nos próximos posts sobre o tema, veremos como isso foi evoluindo até tomar as dimensões absurdas que tem hoje, e encerraremos descendo o pau nessa prática medonha. Sem mais, recomendo todos aos cuidados do Deus da Vida, especialmente nesses tempos de Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Me parte o coração ver gente que às vezes é até inteligente gastar seu precioso tempo postulando sobre a superioridade deste sexo sobre aquele outro, evocando todo tipo de ciência ( e, não raro, pseudo-ciências) pra se vangloriar de ser homem ou mulher, ou simplesmente rebaixar o sexo oposto. Poderia discorrer aqui sobre toda sorte de situações e casos, mas creio que todos nessa vida são vastos doutores de fato deste assunto sobre o qual discorro.
A coisa, ao que parece, começa cedo. E não estou nem falando de quando a gente é apenas uma criança inocente, uma coisinha de Jesus alheia à maldade do mundo, e os pais vem com aquela história ridícula de " brincar de boneca é coisa de mulher, brincar de carrinho é coisa de homem e blábláblá", ou então a pior de todas, o costume mais bizarro e persistente de toda a história da sociedade familiar, "homem usa azul e mulher usa rosa". MEU DEUS! COMO ASSIM?!?!?!
Enfim, eu disse que não ia falar dessas tolices, então não vou falar dessas tolices. Peço perdão ao nobre leitor que misericordiosamente encontra um tempo em sua vida atribulada para prestigiar o cidadão aqui por não conseguir resistir e manter o foco, mas é que certas coisas simplesmente precisam ser ditas! Quer dizer, pense no ridículo! Como é que a gente quer ter uma sociedade aberta e democrática e de livre expressão de a ignorância nos é imposta desde o berço? Assim fica muito difícil, muito difícil. Olhaí, viajei de novo.
Ok, agora, sim retomando. Não estou falando de quando a gente é criança, não. Antes fosse, antes fosse, já que seria bem mais fácil de consertar.Estou falando é lá dos tempo imemoriais, quando latifundiário era quem tinha a maior caverna e mulher bonita era a que tinha todos os dentes. Foi lá que a coisa começou.
Temos duas teorias básicas no mundo ocidental pra explicar como isso começou. A teoria criacionista (que, só pra constar, não é uma teoria e não é tomada em sua literalidade pela Igreja Católica, a única da qual posso falar), nós conhecemos devido ao fato de estar enraizada na nossa cultura. Adão e Eva lá, bonitinhos, fofinhos, até que veio aquele dia em que Eva pegou o fruto proibido, comeu e ainda por cima deu pra Adão. Lendo a passagem bíblica com detalhes (não vou transcrever, você que queime umas gordurinhas saindo da frente do computador pra pegar o Texto Sagrado ou procure uma bíblia virtual), percebemos que, quando o Todo-Poderoso pergunta o que aconteceu, é uma confusão doida: Adão põe a culpa na Eva, que põe a culpa na serpente. Resultado: nem homem nem mulher assumem a culpa, e os dois se dão mal, junto com todos os seus descendentes, de geração em geração, até chegar em mim e você, pobres mortais que perdemos horas do nosso tempo nos arrumando pra quase ninguém notar, quando poderíamos estar correndo peladões por aí. A partir desse primeiro desentendimento, começa a guerra dos sexos no livro do Gênesis.
A segunda teoria é a evolucionista (neo-ateístas se contorcendo de prazer, agora), a qual todos conhecem, ainda bem, já que não teria paciência de discorrer sobre as peripécias de Charles Darwin (por sinal um homem muito cristão). Nesta teoria, a guerra dos sexos não tem um momento preciso e sonele para começar, nascendo de um processo histórico gradual. Quem já leu sobre as origens do Direito do Trabalho sabe do que eu estou falando: é aquele momento em que se criou a primeira divisão do Trabalho, a divisão entre homem e mulher. Quando do surgimento dos núcleos familiares, as conjunturas de sobrevivência da época (leia-se correr de tigres-dente-de-sabre) obrigaram a família a se organizar de um modo muito rudimentar, baseado nas aptidões naturais de ambos os sexos.
O homem, em geral mais alto, mais forte, com visão em túnel e mesmo já naquela época mais imprudente e inclinado a querer se mostrar em público (ponto negativo pra teoria da evolução, já que continuamos assim, do que, aliás, não estou reclamando, muito pelo contrário), assumiu as posições de caça e guerra, enquanto a mulher, mais branda, com visão periférica altamente desenvolvida, ideal para a defesa de um ponto fixo como uma caverna (eu sei que nem todos moravam em cavernas, estou usando esse exemplo apenas pra facilitar a vida do pessoal que cresceu lendo Piteco) e com maior capacidade de distinguir entre aromas e cores, portanto perfeita para a coleta de plantas e frutas, assumiu essas posições que já citei.
Até aí tudo legal, tudo tranquilo, não estamos vendo ninguém dominar ninguém, e realmente nesse primeiro estágio, que o nosso velho amigo JEAN ROUSSEAU (outro francês de respeito. Eles são raros, por isso temos que destacá-los) chamava de "estágio do homem bom", isso ainda não existia. O que inaugurou a guerra dos sexos na verdade foi algo chamado "pater familis" (traduzindo da latim: Poder Familiar).
O poder familiar é o poder de liderança que o elemento dominante da família exerce sobre os elementos dominados. Hoje, entendemos basicamente como sendo o poder que os pais exercem, em igualdade legal, com relação aos filhos. Quando ele surgiu, porém, não era nem de longe assim. Hoje temos um arcabouço jurídico de igualdade entre os povos e uma linguagem e uma moral histórica que nos permitem a situação que ora se apresenta, mas naquela época...rapaz...naquela época, como é que eu posso dizer, tendo em vista que o pináculo da erudição vocal do ser humano era um IABADABADUL e que as únicas leis em vigor eram as leis da natureza, as coisas acabavam por se resolver, basicamente, na porrada. E aí é claro que o homem era supremo (ou quase...), exercendo dominação sobre a mulher e sobre as crias. O que, quero frisar, não era contestado pelo sexo oposto na época.
Temos aí, portanto, as origens mais aceitas em nosso mundo ocidental da origem da guerra dos sexos.Vou me militar a discorrer sobre as origens neste post, evitando que fique desnecessariamente grande. Nos próximos posts sobre o tema, veremos como isso foi evoluindo até tomar as dimensões absurdas que tem hoje, e encerraremos descendo o pau nessa prática medonha. Sem mais, recomendo todos aos cuidados do Deus da Vida, especialmente nesses tempos de Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo.
domingo, 8 de abril de 2012
Enfim, sós
Pois muito bem. Me pediram isso por muito tempo. Até onde posso me lembrar, na verdade, desde que eu tinha 16 anos e era apenas mais um anônimo, apenas um nome na chamada com mais de 60 nomes no segundo ano. Hoje eu continuo sendo apenas um nome em uma chamada com outros 60 alunos, a diferença é que agora, ao contrário de uma olimpíada atrás, creio eu já ter uma certa história para contar, ou simplesmente não aguentei mais o anonimato e ficar calado, omisso, quando a mente borbulha com tantas ideias (se boas ou ruins, ainda estou descobrindo).
O fato é que resolvi ceder à pressão, tanto interna quanto externa, e agora estou aqui. Sair do anonimato e começar, mesmo que timidamente, a postular algumas coisas. Pretendo falar sobre todo tipo de assunto, na medida que me for possível, é claro (não postarei nada sobre o motor de combustão interna de um foguete, por exemplo); mas darei foco especial aos três temas que inspiraram o nome deste blog, mesmo porque são os assuntos que mais me apetecem, e para onde minha mente e meu coração acabam sempre se dirigindo, não por falta de opção, mas por constante escolha e paixão declarada.
Não me deterei, porém, sobre os termos supra no presente momento, preferindo esperar um momento mas apropriado no futuro para fazê-lo de forma que não acabe por espantar nenhum possível fâ, ou, pior, acabar fazendo algum inimigo ideológico (pois como diz um sábio cujo nome, como sempre, esqueci, " para fazer inimigos não precisamos declarar guerra...basta dizer o que pensamos.").
Não que na verdade eu me importe com isso. Pessoalmente, prefiro labutar e sofrer pelo que acredito do que viver no desonroso marasmo daqueles que tão covardemente se submetem às convenções sociais. Ao mesmo tempo, muito me desagradaria se um espaço criado com fins pacíficos como este se tornasse um campo de batalha virtual, o que infelizmente sói muito acontecer em situações como esta.
Em tempo, aviso: gosto de usar palavras difíceis, termos em latim, alemão, italiano e até mesmo grego ou russo. FRANCÊS, DE JEITO NENHUM! Sinto um prazer quase orgásmico quando consigo encaixar alguma palavra "incomum" em um texto, e poderia morrer feliz e em paz depois de inserir com sucesso em meus textos o pensamento de algum sábio da estirpe de Hans Kelsen, Santo Agostinho ou Charles Montesquieu (ao lado de Carlos Magno e de Rolando Orlando os únicos franceses que me compete respeitar). Detalhe: o único sentido desde parágrafo foi tirar onda com os franceses, meu passatempo intelectual favorito.
Assim, sem nenhuma intenção de ser brilhante ou sedutor (e quase que certamente sem nenhum efeito prático nesse sentido) literariamente, começo este empreendimento intelectual, não como um instrumento de discórdia ou conflito, mas como uma forma de levar palavras de conforto, instrução e motivação aos amigos e eventuais admiradores; com a vontade pretensiosa de figurar como um porto de sensatez e ponderação em um mundo extremado e confundido por uma miríade de ideologias conflitantes e aproveitadores querendo promover-se às custas da sede de saber e liberdade dos outros. E, eventualmente, tirar onda com os franceses...
É o que me cumpre por hora escrever. Que o Olhar Benevolente do Senhor pouse sobre todos vocês.
O fato é que resolvi ceder à pressão, tanto interna quanto externa, e agora estou aqui. Sair do anonimato e começar, mesmo que timidamente, a postular algumas coisas. Pretendo falar sobre todo tipo de assunto, na medida que me for possível, é claro (não postarei nada sobre o motor de combustão interna de um foguete, por exemplo); mas darei foco especial aos três temas que inspiraram o nome deste blog, mesmo porque são os assuntos que mais me apetecem, e para onde minha mente e meu coração acabam sempre se dirigindo, não por falta de opção, mas por constante escolha e paixão declarada.
Não me deterei, porém, sobre os termos supra no presente momento, preferindo esperar um momento mas apropriado no futuro para fazê-lo de forma que não acabe por espantar nenhum possível fâ, ou, pior, acabar fazendo algum inimigo ideológico (pois como diz um sábio cujo nome, como sempre, esqueci, " para fazer inimigos não precisamos declarar guerra...basta dizer o que pensamos.").
Não que na verdade eu me importe com isso. Pessoalmente, prefiro labutar e sofrer pelo que acredito do que viver no desonroso marasmo daqueles que tão covardemente se submetem às convenções sociais. Ao mesmo tempo, muito me desagradaria se um espaço criado com fins pacíficos como este se tornasse um campo de batalha virtual, o que infelizmente sói muito acontecer em situações como esta.
Em tempo, aviso: gosto de usar palavras difíceis, termos em latim, alemão, italiano e até mesmo grego ou russo. FRANCÊS, DE JEITO NENHUM! Sinto um prazer quase orgásmico quando consigo encaixar alguma palavra "incomum" em um texto, e poderia morrer feliz e em paz depois de inserir com sucesso em meus textos o pensamento de algum sábio da estirpe de Hans Kelsen, Santo Agostinho ou Charles Montesquieu (ao lado de Carlos Magno e de Rolando Orlando os únicos franceses que me compete respeitar). Detalhe: o único sentido desde parágrafo foi tirar onda com os franceses, meu passatempo intelectual favorito.
Assim, sem nenhuma intenção de ser brilhante ou sedutor (e quase que certamente sem nenhum efeito prático nesse sentido) literariamente, começo este empreendimento intelectual, não como um instrumento de discórdia ou conflito, mas como uma forma de levar palavras de conforto, instrução e motivação aos amigos e eventuais admiradores; com a vontade pretensiosa de figurar como um porto de sensatez e ponderação em um mundo extremado e confundido por uma miríade de ideologias conflitantes e aproveitadores querendo promover-se às custas da sede de saber e liberdade dos outros. E, eventualmente, tirar onda com os franceses...
É o que me cumpre por hora escrever. Que o Olhar Benevolente do Senhor pouse sobre todos vocês.
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